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Oriente Médio

Visita de Mahmoud Ahmadinejad causa polêmica no Líbano

12 out 2010 - 15h22
(atualizado às 15h24)
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Tariq Saleh
Direto de Beirute

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, chega ao Líbano no dia 13 para uma visita oficial de dois dias, dividindo opiniões no país e colocando partidos políticos aliados do Irã em discussões verbais com membros do grupo 14 de Março, liderado pelo atual prêmier Saad Hariri, e apoiado pelos países ocidentais.

Soldados israelenses patrulham a fronteira em Kfar Kila, no Líbano, onde fotos de Ahmadinejad decoram ruas
Soldados israelenses patrulham a fronteira em Kfar Kila, no Líbano, onde fotos de Ahmadinejad decoram ruas
Foto: Reuters

Segundo o embaixador iraniano no Líbano, Ghazanfar Roknabadi, a visita de Ahmadinejad tem o objetivo de "promover a união entre os libaneses e mostrar o apoio do Irã ao país árabe frente às ameaças de Israel".

Entretanto, membros da base governista de Hariri temem a programada visita ao sul do Líbano, em que Ahmadinejad deve jogar pedras, em um ato simbólico, contra o lado israelense da fronteira. Isso, segundo eles, poderia aumentar a tensão na já instável fronteira entre os dois países.

Em um comunicado, o bloco 14 de Março declarou que "os partidos políticos do bloco governista expressavam sua preocupação com a visita de Ahmadinejad porque o presidente iraniano considerava o Líbano sua base no Mediterrâneo".

"O 14 de Março vê com muita cautela e suspeita a visita do presidente iraniano ao Lïbano, por causa de suas posições anti-paz e sua insistência em considerar o nosso país com uma base iraniana na região", dizia o comunicado.

"A mensagem é que o Irã está na fronteira com Israel. Sua visita ao sul será uma provocação, ele não precisa ir lá", salientou Fares Soaid, coordenador do bloco.

A visita de Ahmadinejad é sua primeira ao Líbano como presidente, e acontece em um momento de crescente tensão no país em torno do Tribunal Especial das Nações Unidas (ONU) que deve indiciar membros do grupo xiita Hezbollah, aliado do Irã, de participação no assassinato do ex-prêmier Rafik al-Hariri, em 2005.

Segundo a mídia libanesa, vários protestos devem ocorrer contra Ahmadinejad, colocando as forças de segurança em alerta máximo e aumentando o medo de confrontos nas ruas entre facções rivais pró e contra o presidente iraniano.

Violência nas ruas
Em Trípoli, segunda maior cidade do país e forte reduto de muçulmanos sunitas, grupos islâmicos enviaram na quinta-feira várias mensagens a líderes do governo de que o iraniano não era bem-vindo no país.

Vários cartazes e banners com fotos de Ahmadinejad apareceram na ruas da cidade com palavras de ordem contra o iraniano.

"Você não é bem-vindo ao Líbano", dizia, em árabe, uma dos banners pendurados em um bairro de Trípoli, enquanto que um caratz mostrava a frase "Não para o um regime islâmico", se referindo ao modo de governo baseado na lei islâmica.

A cidade é alvo de preocupação das forças de segurança, por um medo de que protestos contra Ahmadinejad poderiam levar a sérios confrontos armados entre facções sunitas e alawitas, este um grupo sectário ligado aos xiitas.

Segundo membros do governo, vários contatos políticos estavam sendo feitos nos últimos dias para evitar violência nas ruas de Beirute e Trípoli. Alguns dos protestos, segundo autoridades, deverá incluir a queima da bandeira iraniana.

Visita à fronteira
A embaixada iraniana ainda não informou a agenda de Mahmoud Ahmadinejad em sua visita ao Líbano. Mas líderes do país prevêem um encontro com o presidente libanês, Michel Suleiman, o prêmier Saad Hariri e o presidente do parlamento, Nabih Berri.

Além das visitas oficiais, o iraniano deverá se encontrar com o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.

Mas será a programada visita de Ahmadinejad ao sul do país que vem causando um temor maior no Líbano. Jornais árabes relatam que o presidente iraniano deve visitar vilarejos do sul que foram bombardeados por Israel na guerra de 2006 com o Hezbollah.

Além disso, o presidente iraniano visitará a fronteira do Líbano com Israel, para atos simbólicos e a inauguração de uma praça, que fica junto à cerca de separação e foi financiada pelo Irã.

Isso tudo é visto com temor por políticos da base governista, que temem que uma provocação a Israel poderá gerar acontecimentos desagradáveis na fronteira.

No entanto, o embaixador iraniano declarou que a visita de Ahamdinejad tinha o objetivo de demonstrar o desejo de Teerã em dar suporte ao Líbano nos setore sde energia e comércio.

O Irã já vem declarando seu desejo de ajudar o exército libanês a ter acesso a equipamentos mais modernos, depois que governos ocidentais se mostraram relutantes em fornecer armas mais eficientes aos militares libaneses. Ahmadinejad deverá formalizar a ajuda militar iraniana, que também é ponto de controvérsia no Líbano.

Israel
A controvérsia, entretanto, não se limitou às fronteiras do Líbano. O governo israelense, segundo a mídia árabe, estaria pressionando diplomatas europeus para pressionarem o Líbano a cancelar a visita de Ahmadinejad.Israel já condenou a vinda do líder iraniano e declarou que sua ida à fronteira entre os dois países seria um ato de provocação.

De acordo com jornais israelenses e árabes, Israel enviou mensagens ao presidente libanês, Michel Suleiman, e o prêmier Saad Hariri, através do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e os governos americano e francês, avisando de que a visita deveria ser cancelada e que poderia desestabilizar a região.

O ato simbólico da comitiva de Ahmadinejad na fronteira, em que deverá jogar pedras contra soldados israelenses posicionados do outro lado da cerca, fez Israel aumentar a presença de tropas no caso de uma escalada nas tensões.

Fonte: Especial para Terra
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