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Mundo

Em meio a incertezas, britânicos especulam quem será o premiê

7 mai 2010 - 16h01
(atualizado em 10/5/2010 às 07h37)
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Lúcia Müzell
Direto de Londres

Na medida em que o cenário eleitoral no Reino Unido foi se tornando cada vez mais concorrido, os britânicos já estavam preparados para reviver um "hung Parliament" - quando nenhum partido consegue a maioria dos parlamentares, condição essencial para a nomeação de um novo primeiro-ministro. Mas desta vez, a verdadeira confusão em que se transformou a sucessão do líder do governo da Grã-Bretanha parece ter acelerado ainda mais o sentimento de que o Estado necessita realizar uma reforma no sistema eleitoral, que hoje é baseada em um turno único de votação e elege o vencedor por maioria simples.

Cameron irá negociar com Clegg para formar coalizão:

"Veja que curioso está sendo o nosso dia de hoje: o primeiro-ministro é o Gordon Brown, mas na semana que vem, pode ser que já não seja", disse a médica Charlotte Perry, moradora de Londres que aposta em uma saída negociada entre o candidato conservador, David Cameron, e o liberal-democrata, Nick Clegg. "Me sinto vulnerável, como se estivéssemos sem líder nenhum. É um momento frágil em que inevitavelmente repensamos todo o nosso sistema de votação", afirmou.

Ao final da apuração dos votos da eleição de ontem, o Partido Conservador obteve o maior número de votos, 36%, mas não conseguiu eleger a maioria dos deputados do Parlamento - e por isso o líder do partido, David Cameron, não pode assumir como primeiro-ministro. Foram eleitos 306 deputados conservadores, e a maioria é de 326.

Diante desta situação, o atual primeiro-ministro trabalhista, Gordon Brown, tem o direito de continuar no poder e tentar formar um novo governo de coalizão com outros partidos. O problema para Brown, no entanto, é que nem mesmo uma aliança com o terceiro maior partido, o LibDem, o faria atingir a maioria. Somando todos os deputados trabalhistas eleitos (258) com os liberais-democratas (57), a coalizão contaria com 315 deputados, sinônimo de um governo muito frágil.

Face ao impasse, o líder liberal-democrata já declarou que está disposto a dialogar com os dois partidos e vai se aproveitar da sua posição privilegiada para impor a realização da reforma eleitoral, a sua maior plataforma de campanha. A proposta de reforma por Clegg e a aparentemente apoiada por Brown abriria mais chances de os partidos menores poderem concorrer nas eleições nacionais. Além disso, daria mais valor ao voto dos eleitores e diminuiria o peso dos deputados.

"Essa reforma está se arrastando há anos e os trabalhistas só não a fizeram porque não quiseram. Eu não acredito mais em Brown", afirmou o comerciante Henry Houlihan. "Votei em Clegg e agora, através dessa negociação entre os líderes que está acontecendo, ele vai poder obrigar qualquer um dos dois a mudar o sistema".

Clegg já tinha anunciado que estaria aberto para uma eventual coalizão com os trabalhistas, desde que o primeiro-ministro não fosse Brown. E hoje, apesar de já ter dito anteriormente que não se aliaria ao Partido Conservador, Clegg aceitou conversar com Cameron para conversar sobre uma possível aliança, a única chance de os conservadores conseguirem eleger Cameron como primeiro-ministro. Ou seja, todas as possibilidades estão em aberto, sendo negociadas.

"Eu nem fui votar por causa disso, sabia que tudo acabaria numa grande confusão e que os resultado seria decidido não pelas urnas, mas pelas negociações após as eleições. É um absurdo", reclamou o taxista Timothy Grady, 52 anos. "Embora eu não goste do Brown, preferiria que os Trabalhistas continuassem no poder. Mas estou vendo que essa opção é cada vez mais remota", avaliou o técnico em informática Christopher Edwards, 36 anos.

A confusão na cabeça dos eleitores encontra respaldo nas análises feitas por especialistas sobre as eleições, que veem no "hung Parliement" a pior saída para uma eleição no Reino Unido, já que tudo pode mudar nos dias seguintes à votação.

"É uma eleição de três perdedores. Agora, precisamos aguardar os resultados desta corrida por alianças entre os partidos para ver quem vai liderar o país", disse o especialista em Governo e Eleições da London School of Economics (LSE), Tony Travers. De acordo com o pesquisador, Brown será praticamente obrigado a renunciar se não conseguir o apoio dos liberais-democratas. "Até porque, se não se acertarem com o Brown, provavelmente o LibDem vai acabar fechando com os Conservadores, ao preço de conseguirem fazer a reforma eleitoral avançar".

Fonte: Redação Terra
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