PUBLICIDADE
URGENTE
Saiba como doar qualquer valor para o PIX oficial do Rio Grande do Sul

Mundo

Conservadores têm maioria dos votos, mas não elegem premiê

7 mai 2010 - 05h04
(atualizado às 07h13)
Compartilhar
Lúcia Müzell
Direto de Londres

O complexo sistema eleitoral do Reino Unido possibilitou que o Partido Conservador tenha conseguido a maioria dos votos no pleito realizado na quinta-feira, mas David Cameron - líder do partido e candidato a primeiro-ministro - não vai poder assumir o cargo. O trabalhista Gordon Brown vai continuar ocupando o mais alto posto do governo parlamentar e tentará formar um governo de coalizão com os liberais-democratas, terceiros colocados nas eleições, e outros partidos menores.

O Big Ben mostrou a projeção de boca de urna da BBC durante a noite
O Big Ben mostrou a projeção de boca de urna da BBC durante a noite
Foto: Getty Images

Faltando 35 circunscrições para serem apuradas, de um total de 650, os resultados até agora não deixam mais dúvidas: os conservadores, que por enquanto contam com 36% dos votos e elegeram 290 deputados, não têm mais possibilidades de obter a maioria absoluta das cadeiras do Parlamento, essencial para poderem eleger o novo primeiro-ministro.

Na Grã-Bretanha, a quantidade de votos é menos determinante do que o número de deputados eleitos por cada sigla: para sair vitorioso, o Partido Conservador deveria ter eleito pelo menos 326 parlamentares. Cada circunscrição escolhe um deputado através de votações locais de um único turno.

No lado oposto, o Partido Trabalhista obteve até o momento 246 cadeiras, ou 29% dos votos. Mas, no caso de um "hung Parliament" - ou Parlamento suspenso, sem maioria absoluta de nenhum partido -, a constituição britânica dá o direito a Brown de tentar formar um novo governo, com o auxílio do Partido Liberal Democrata - que até agora conseguiu eleger 51 deputados, com 23% dos votos.

Desde 1974 que o Reino Unido não vivenciava um "hung Parliament", o que faz desta a eleição mais disputada dos últimos 35 anos. A apuração dos votos atravessou a madrugada e os resultados finais só devem ser conhecidos no início da tarde desta sexta-feira. No início da manhã (madrugada no horário brasileiro), o conservador Cameron declarou à imprensa que apesar de continuarem ocupando a célebre 10 Downing Street - endereço dos primeiros-ministros britânicos -, os trabalhistas não venceram esta eleição.

"Precisamos esperar os resultados finais para comentar, mas acho que já está claro que o governo trabalhista perdeu o seu mandato para governar este país", disse Cameron, visivelmente decepcionado.

Também decepcionado, a grande surpresa da campanha eleitoral, o liberal-democrata Nick Clegg, reconheceu a derrota e afirmou que "simplesmente não conseguimos o que estávamos esperando". O Lib-Dem conseguiu apenas 0,9% a mais de votos em relação à última eleição, em 2005. Os Trabalhistas também tiveram nítida queda na preferência do eleitorado, com 4,5% votos a menos, enquanto que os Conservadores tiveram alta de 6,5%. "Foi obviamente uma noite decepcionante para os Liberais-democratas."

Já Brown minimizou os resultados e, antes de entrar novamente pela porta da frente de 10, Downing Street na manhã desta sexta-feira, declarou que estava orgulhoso do Partido Trabalhista ter conseguido o recorde de permanecer por cinco mandatos consecutivos no poder. Ele confirmou que não pretende renunciar, uma das alternativas defendidas pelos Conservadores para resolver o impasse.

"Estou muito orgulhoso de continuar como primeiro-ministro pelo voto das pessoas que me conhecem melhor, sabem quem eu sou, o que eu planejo fazer e sabem que eu entrei na política para cumprir", disse Brown, referindo-se ao seu plano de retomada econômica do Estado e implementação da reforma política para alterar, entre outros pontos, o sistema eleitoral.

A consequência óbvia do "hung Parliament" é que, por mais que os Trabalhistas tenham o direito de tentar formar um novo ministério, este governo será frágil e poderia facilmente acabar se deteriorando, resultando na necessidade de convocação de novas eleições. Na última vez que isso aconteceu na política britânica, em 1974, o governo sem maioria durou apenas sete meses.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade