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Eleitores britânicos acompanham apuração das eleições em pubs

6 mai 2010 - 21h01
(atualizado em 7/5/2010 às 07h41)
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Lúcia Müzell
Direto de Londres

Os pubs londrinos tradicionalmente fecham às 23h, mas na noite desta quinta-feira abriram uma exceção: alguns dos bares promoveram a chamada "noitada especial eleições", onde transmitem a apuração ao vivo dos votos que vão eleger o próximo primeiro-ministro da Inglaterra, Escócia, Irlanda e País de Gales.

Bar inglês convida eleitores para acompanhar apuração ao vivo em telões
Bar inglês convida eleitores para acompanhar apuração ao vivo em telões
Foto: Lúcia Jardim / Especial para Terra

No interior dos pubs, a animação dos eleitores se parece com os habituais jogos de hugby ou futebol que normalmente lotam os locais de torcedores. Como nas partidas, a euforia toma conta a cada vez que sai mais um nome de um deputado eleito em uma nova circunscrição que encerra a apuração.

No Reino Unido, a eleição do primeiro-ministro é baseada no número total de circunscrições vencidas em todo o território nacional - cada uma tem pelo menos 40 mil habitantes. Desta forma, o partido que ganha mais votos não necessariamente é o vencedor do pleito: é necessário vencer em mais regiões, ou seja, em 326 de um total de 650.

Acontece que, desta vez, o vencedor se transformou em uma incógnita depois que o candidato liberal-democrata Nick Clegg não parou mais de subir nas pesquisas de intenções de votos desde o início dos debates televisivos, em abril. Com um discurso inovador baseado na reforma do sistema eleitoral e numa maior integração da Grã-Bretanha com a União Europeia, Clegg chegou a ultrapassar em duas pesquisas o candidato favorito a vencer o pleito, o conservador David Cameron.

Para completar o quadro de absoluta incerteza sobre quem passará a comandar o Estado a partir de amanhã, o atual premiê, Gordon Brown, que parecia derrotado até a semana passada, voltou a dar sinais de reação e reapareceu em segundo lugar nas sondagens, passando de 26% de intenções de votos para 28%, ao mesmo tempo em que Clegg regrediu.

Com um sistema tão complexo, cada circunscrição passou a ter mais peso do que nunca, aumentando o suspense de quem decidiu acompanhar a apruação minuto a minuto. "Esta é a eleição mais disputada dos últimos 36 anos. É impossível ficar em casa aguardando o dia de amanhã chegar com o resultado", disse a empresária Chloe Nilsen, enquanto acompanhava a programação eleitoral pelos telões de um pub em Trafalgar Square, no centro de Londres. "E se os Trabalhistas vencerem, vai ser uma vitória simplesmente histórica. Quero estar aqui para comemorar", comentou a inglesa.

"Agora é a vez dos conservadores. Estamos cheios dos trabalhistas, que em 13 anos só conseguiram estragar completamente a nossa economia", defendia o militar Harry Black. "Nós precisamos de alternância no poder. Nenhuma democracia é saudável com o mesmo partido no poder há tantos anos", afirmou.

Boca-de-urna

A espera pelo nome do vencedor promete ser longa. A votação - que ainda é feita de forma manual, com cédula de papel - se encerrou às 22h (18h em Brasília) e, por consequência, a contagem deve atravessar a madrugada. Até o momento, apenas três circunscrições já foram totalmente apuradas e os Trabalhistas largaram na frente, com três deputados a zero para os demais.

As primeiras pesquisas de boca-de-urna apontam uma virada de Brown, cujo partido deveria conseguir 307 deputados, contra 255 para os conservadores. Neste caso, sem maioria no parlamento, os trabalhistas seriam obrigados a formar um governo de coalizão com os liberais-democratas, que já demonstraram a intenção de formalizar a união.

Pelo menos 50% dos 44 mil eleitores aptos a votar escolheram enviar a sua cédula pelo correio, uma prática cada vez mais comum no Reno Unido, onde o voto não é obrigatório e os índices de abstenção normalmente ultrapassam os 35%.

Fonte: Especial para Terra
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