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Medidas anti-terror não devem mudar após eleições britânicas

6 mai 2010 - 16h09
(atualizado em 7/5/2010 às 07h42)
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Lúcia Müzell
Direto de Londres

A rigorosa política de segurança anti-terrorismo adotada no Reino Unido desde os ataques de 11 de Setembro não deve ser aumentada, independentemente de qual candidato vencer as eleições gerais que vai eleger nesta quinta-feira o próximo primeiro-ministro da Grã-Bretanha. A prevenção ao terrorismo continua sendo uma questão importante para os eleitores britânicos, mas como o temor de novos ataques se estabilizou, o assunto passou para segundo plano nesta eleição.

Aviso no metrô de Londres pede para usuários avisarem a polícia sobre qualquer evento suspeito
Aviso no metrô de Londres pede para usuários avisarem a polícia sobre qualquer evento suspeito
Foto: Lúcia Müzell / Especial para Terra

"A situação atual é completamente diferente do início dos anos 2000. Hoje, as preocupações estão focadas na economia e no emprego", explica o professor de Relações Internacionais de Oxford, Christopher Brickerton. Conforme o especialista, o tema da permanência das tropas britânicas nas guerras no Iraque e no Afeganistão é constante, mas o medo de um ataque no coração de Londres está cada vez mais afastado.

Desta forma, afirma Bickerton, a possibilidade de um novo "caso de Menezes", como ficou conhecida a morte do eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes, ocorrida em pleno metrô londrino, é "muito remota". "Esse caso ensinou muito à polícia britânica sobre os abusos que não podem acontecer em nome da luta-antiterrorismo. Aquilo foi reflexo de um momento de medo muito forte em que as medidas eram extremas Acho que algo assim jamais se repetiria hoje em dia."

Em julho de 2005, o mineiro foi morto à queima-roupa com oito tiros na cabeça, supostamente por estar carregando uma bomba ¿ o que não era verdade. Apesar de o caso ter sido investigado e julgado, nenhum policial foi responsabilizado pela morte, embora a Scotland Yard tenha admitido o "erro".

Cinco anos depois, o terrorismo foi raramente abordado durante a campanha dos três candidatos ao posto de primeiro-ministro, o conservador David Cameron, e trabalhista Gordon Brown e o liberal-democrata Nick Clegg. O último era o único que demonstrava uma preocupação maior com os direitos humanos em relação ao terrorismo, enquanto Brown e Cameron refletiam a vontade do povo britânico de não diminuir o controle anti-ataques.

Na avaliação de Raymond Duch, diretor do Centro de Ciências Sociais de Oxford, nenhum candidato arriscaria prometer reduzir a política anti-terrorismo porque não encontraria respaldo no eleitorado britânico, que faz questão de se sentir em segurança.

"As políticas se estabilizaram e não vão mudar. Os britânicos esperam um governo que dê importância para este assunto, por mais que não seja um dos principais assuntos da campanha, ou nem mesmo um dos cinco principais", disse o pesquisador, lembrando que as políticas britânicas relativas a terrorismo sempre estarão em sintonia com as adotadas pelos Estados Unidos, com quem o Reino Unido mantém uma relação extremamente próxima. "Hoje, como nos Estados Unidos, o terrorismo tem uma importância razoável na Grã-Bretanha, mas sempre é uma questão levantada pelos eleitores durante as pesquisas."

Brasileiros que vivem em Londres afirmaram que não sentem mais a tensão que vigorava na cidade alguns anos atrás. "Antes, parecia que todo mundo era suspeito, que não se podia fazer nenhum gesto brusco porque se corria o risco de ser abatido por precaução, pela polícia", testemunha Cristiane Souza Hindley, dona de uma loja de roupas brasileiras da periferia da capital inglesa há sete anos. "Agora está tudo mais tranquilo."

O mecânico Aguinaldo Silveira, 34 anos, confirma que antes sentia medo de andar em lugares movimentados, com medo não de atos terroristas, mas da própria polícia. "Era tudo muito exagerado. Por qualquer razão, eles já fechavam a estação do metrô e tudo parava. Agora, coisas como essa ainda acontecem, mas numa frequência bem menor", disse Silveira.

Fonte: Especial para Terra
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