PUBLICIDADE
URGENTE
Saiba como doar qualquer valor para o PIX oficial do Rio Grande do Sul

Mundo

Brasileiros querem a vitória de Brown ou Clegg no Reino Unido

6 mai 2010 - 08h05
(atualizado às 08h08)
Compartilhar
Lúcia Müzell
Direto de Londres

No que depender da torcida brasileira formada por imigrantes que moram em Londres, o candidato conservador ao cargo de primeiro-ministro, David Cameron, não vai conseguir se eleger. Na opinião dos brasileiros, quem deveria sair vitorioso nas eleições gerais do Parlamento britânico é ou o atual primeiro-ministro, Gordon Brown, ou o candidato liberal-democrata, Nick Clegg.

Luiz Costa abriu um minimercado quando era ilegal e depois ampliou negócios em Willesden Junction
Luiz Costa abriu um minimercado quando era ilegal e depois ampliou negócios em Willesden Junction
Foto: Lúcia Müzell / Especial para Terra

"O Cameron é o único que quer piorar a situação para os imigrantes. Já os outros dois Brown e Clegg querem ou deixar como está, ou facilitar os procedimentos legais para quem quer morar aqui e construir alguma coisa", disse o microempresário Luiz Costa, que há oito anos deixou Minas Gerais para tentar a vida no exterior.

Em Londres, Costa viveu três anos e meio como ilegal, condição que não o impediu de abrir um minimercado de produtos brasileiros na região de Willesden Junction, na periferia noroeste da capital britânica e onde hoje moram centenas de brasileiros. No quarto ano de imigração, Costa conseguiu um visto de residência através do casamento com uma brasileira de descendência inglesa e ampliou o negócio para um café e uma agência de transferência de dinheiro. Ele afirma que jamais teve problemas com a polícia de imigração e que os ingleses rejeitam aqueles que chegam com o objetivo de usufruir dos serviços sociais britânicos, e não os imigrantes que vêm trabalhar ou abrir novos negócios.

"O que eles não gostam é dos imigrantes que não pagam impostos e só querem aproveitar o sistema. E para estes eleitores, as propostas anti-imigração do Cameron são ideais", resume o mineiro.

Cameron deseja impor taxas anuais de imigração menores do que os números praticados hoje, reduzindo os fluxos migratórios. Já Brown gostaria de manter a mesma política praticada atualmente, fornecendo uma carteira de identidade para os imigrantes mas limitando os seus direitos de trabalho. Clegg, por outro lado, anunciou a intenção de reduzir de 14 para 10 anos o tempo necessário de residência fixa no Reino Unido para a obtenção da cidadania.

No bairro central londrino de Bayswater, também conhecido como Brazilwater, a expectativa era pela vitória de Clegg ou Brown na acirrada votação de hoje. "A vitória do LibDem poderia fazer muita coisa mudar para as milhares de pessoas trabalhadores que moram aqui há anos, pagando todos os seus impostos como qualquer britânico", defende a cabeleireira Vera Fernandes. "Eu acho que, ficando como está, já está bom, até porque entendo a preocupação deles com os imigrantes que só querem aproveitar e não fazer nada de bom. O que não dá é para piorar", disse o cozinheiro Gilson Marcos Batista, que votaria por Brown.

Para a maioria dos imigrantes, no entanto, o apoio aos concorrentes de Cameron não vai passar de torcida, já que poucos são os brasileiros com direito a voto no pleito. "Não existem estatísticas de quantos poderão votar, mas é um número muito pequeno. A maioria dos imigrantes brasileiros que moram aqui com cidadania europeia é de outras origens, como italiana ou portuguesa", explicou Carlos Mellinger, presidente da Associação Casa do Brasil, uma entidade de auxílio e serviços para os brasileiros de Londres.

"Mas todos os brasileiros que eu conheço que vão votar, preferem o Clegg. Ele tem uma visão nova na política britânica não só sobre essa questão de imigração, mas sobre todo o resto também", disse Mellinger.

Cidadãos europeus com outras nacionalidades que não britânicas não podem votar nas eleições gerais, apenas nas municipais. Da mesma forma, os brasileiros que conseguiram a cidadania britânica através do casamento só têm direito a voto depois de seis anos da oficialização do relacionamento, quando o processo de naturalização é concluído.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade