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Oriente Médio

Irã permite inspeção em usina nuclear recém descoberta

1 out 2009 - 15h53
(atualizado às 15h58)
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Os representantes das grandes potências que se reuniram nesta quinta com o Irã para negociar sobre seu programa nuclear conseguiram a promessa do regime islâmico de permitir nas próximas duas semanas a inspeção da usina clandestina descoberta em Qom, além de continuar o diálogo retomado após 15 meses de ruptura.

O chefe da diplomacia europeia, Javier Solana, que liderou a delegação formada por Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha na reunião de Genebra, assegurou em entrevista coletiva que o Irã aceitou "colaborar plenamente e com transparência" com a comunidade internacional sobre a usina nuclear de Qom.

"Obtivemos o compromisso do Irã de cooperar com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Hoje falei duas vezes por telefone com seu diretor (Mohamed ElBaradei), para que, o mais breve possível, as equipes de inspeção cheguem a Qom", disse Solana.

O alto representante europeu ressaltou que este foi o resultado mais importante da reunião de hoje, mas que, segundo ele, "não significa que todos os problemas tenham sido resolvidos".

Para Solana, a reunião de hoje marca um novo começo nas negociações para obter garantias de que Teerã não busca obter uma arma atômica.

O calendário estipulado com o representante iraniano, Saeed Jalili, prevê uma segunda reunião entre as partes "antes do fim de outubro", também em Genebra, segundo fontes diplomáticas, como a prova mais evidente de que há vontade de diálogo e de cooperação.

Um terceiro resultado do encontro foi a aceitação por parte do grupo de países negociadores e Solana de uma proposta da AIEA, para que uma parcela do urânio enriquecido com radiações de baixa intensidade no Irã seja enviado a um outro país, onde seria enriquecido a um maior nível e depois devolvido à República Islâmica.

Segundo Solana, a Rússia, que já cooperou no passado em matéria nuclear com o Irã, seria provavelmente o país que enriqueceria o urânio iraniano, para depois ser enviado novamente a uma usina em Teerã que fabrica isótopos médicos, controlada pela AIEA.

O representante europeu destacou a importância de que, pela primeira vez, os EUA tenham participado plenamente nas negociações, representado por William Burns, número três da Casa Branca.

"Isto dá mais peso ao processo e contribui para que possamos começar as novas e intensas negociações", assegurou.

No entanto, Solana não quis falaram em otimismo e só disse que "começamos com um bom passo, mas ainda há um caminho muito difícil a ser percorrido".

Sobre a ameaça dos EUA de impor novas sanções ao Irã se até o fim do ano não o país colocar em prática suas promessas de cooperação transparente, Solana disse que "faltam três meses para que se evidencie a vontade de compromisso" do regime iraniano.

O negociador do Irã, por sua parte, defendeu em entrevista coletiva o direito de seu país a desenvolver energia atômica com fins pacíficos, além de ter ressaltado que a verdadeira ameaça é a proliferação nuclear.

"Nenhum país deve ter armas nucleares, mas todos os países devem ter acesso à energia nuclear com fins pacíficos", ressaltou Jalili.

"Foi uma boa ocasião para relançar a cooperação e dissipar alguns temores", disse.

"Vivemos em um mundo com ameaças de segurança reais, como as ogivas nucleares, e devemos cooperar todos para terminar com esta ameaça", acrescentou, após qualificar de "terrorismo da mídia" as ideias publicadas sobre uma suposta ameaça iraniana, qualificadas por ele como inventadas.

Houve um momento de tensão durante a entrevista coletiva de Jailili, quando um jornalista israelense perguntou ao representante iraniano se ele poder garantir ao público que o Irã não ia atacar Israel. "Próxima pergunta, por favor" foi a reposta dada por ele, sob o protestos dos repórteres.

EFE   
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