Milhares de gambianos e residentes estrangeiros estão fugindo para o Senegal em busca de refúgio temendo uma possível intervenção militar da Comunidade Econômica dos Estados de África Ocidental (Cedeao) para obrigar o presidente, Yahya Jammeh, a ceder o cargo ao vencedor das últimas eleições, Adama Barrow.
Segundo a imprensa senegalesa, milhares de pessoas, em sua maioria mulheres e crianças, cruzaram nos últimos dias a fronteira do Senegal.
"O presidente Jammeh se nega a deixar o poder e sua insistência ameaça instalar o caos na Gâmbia. Por este motivo, acredito que o mais sábio é salvar meus filhos", comentou uma refugiada gambiana após chegar a Kaolack, cidade do centro de Senegal.
O bairro de Medina Baye recebeu 533 refugiados só nos últimos dois dias, a maioria deles acolhidos pelo líder de uma comunidade religiosa local, informou o jornal independente "Vox Populi".
Outros refugiados ganeses, guineanos, liberianos, libaneses e mauritanos residentes na Gâmbia chegaram à cidade senegalesa de Keur Ayib durante os últimos dez dias em dezenas de ônibus.
Além disso, centenas de turistas ocidentais, em sua maioria ingleses, suecos e holandeses, tiveram que deixar o pequeno país da África Ocidental nas últimas horas após serem alertados por seus países de origem sobre uma intervenção militar iminente.
A Cedeao anunciou em Abuja (Nigéria) que enviará tropas à Gâmbia para forçar Jammeh a ceder o poder ao opositor Adama Barrow, que ganhou as eleições presidenciais em dezembro e cuja posse está prevista para esta quinta-feira.
O presidente eleito também está refugiado no Senegal desde o último domingo e deve permanecer no país, após a declaração de estado de emergência na Gâmbia e sua aprovação pelo parlamento, que autorizou Jammeh continuar como presidente durante mais três meses.
Devido à situação de incerteza, Barrow poderia jurar o cargo amanhã em um ato organizado na Embaixada da Gâmbia no Senegal, segundo o jornal digital senegalês "DakarActu".
Após aceitar sua derrota no pleito de 2 de dezembro, Jammeh tentou impugnar os resultados argumentando que houve erro na apuração dos votos.
Desde então, a União Africana, a ONU e a comunidade internacional pediram a Jammeh, no poder há 22 anos, que aceite o veredicto das urnas e a vontade do povo gambiano.
O líder conta com cada vez com menos apoio dentro de seu próprio governo, especialmente depois que três de seus ministros apresentaram sua renúncia ontem após pedirem que ceda o poder.
