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Islã sofre sofre com deturpação da fé pelo terrorismo

19 jul 2015 - 20h26
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Milhões de muçulmanos na África celebraram o fim do Ramadã, o mês sagrado do Islã, em meio a um forte dispositivo de segurança que zelou para evitar possíveis ataques de grupos terroristas como Boko Haram e Al Shabab, que tantos crimes cometeram em nome deste credo.

O Quênia, com 11% de população muçulmana, acompanhou com receio o Eid ul -Fitr (nome da festa que encerra este período de jejum e oração), especialmente após os atentados cometidos pelo Al Shabab nos últimos meses, como o da Universidade de Garissa, onde morreram 148 pessoas em abril.

Em meio a uma ofensiva terrorista em nome de Alá, a comunidade muçulmana saiu em sua defesa em lugares como Nairóbi, onde a mesquita Jamia publica o "Friday Bulletin", um boletim semanal conhecido por reivindicar o Islã como uma religião de paz e justiça social.

"Os muçulmanos estão fora deste terrorismo que ameaça a convivência pacífica dos quenianos de diferentes origens étnicas, raciais e religiosos", se assinala na publicação.

Diante do panorama mundial de terrorismo, os jovens lideram a defesa com várias iniciativas, as mais populares através das redes sociais, para denunciar os assassinatos de grupos islamitas.

A mais conhecida é a campanha "Not in my name" (não em meu nome), em que milhares de muçulmanos denunciam que os atentados terroristas não são cometidos em nome da defesa do Islã.

No entanto, a ativista espanhola Wadi N-Daghestani, com milhares de seguidores nas redes sociais, não é a favor de gestos deste tipo. "Não tenho que pedir perdão cada vez que se assassina em nome da estupidez, parece ofensivo me justificar por crimes que nada têm a ver com a religião que pratico", explicou à Agência Efe.

Aadil Fazal, da Associação de Jovens Muçulmanos, com sede em Nairóbi, denunciou que a "jihad", palavra que em seu sentido original significa luta, esforço, está sendo manipulada.

"O Corão explica que matar uma só pessoa é igual matar a humanidade", lembrou.

Ambos consideram que a imprensa, que nem sempre utiliza os termos corretos, é cúmplice da imagem distorcida do Islã no mundo.

"O termo terrorismo islâmico me dói nos ouvidos, é um termo do Ocidente cunhado em cima de estereótipos e preconceitos que os meios de comunicação atribuem falsamente ao Islã. Por isso eu me refiro ao terrorismo antiislâmico ou islamofóbico", argumentou Wadi.

A contínua relação de terrorismo e Islã acentua a xenofobia, que hesita instintivamente ao ver um véu ou alguém que faz suas rezas em público voltado para a Meca.

"A imprensa também atribui a sharia - a lei sagrada do Islã - uma suposta legitimidade quanto ao apedrejamento iraniano, à mutilação genital feminina e aos maus-tratos contra a mulher, como se não fossem crimes explicitamente castigados pela Sharia", lamentou a ativista.

Nas redes sociais, a feminista Wadi, que tenta alimentar o respeito ao Islã e luta contra todo fundamentalismo, insistiu que não se tratam de extremistas muçulmanos, mas de terroristas, nem de jihadismo, mas de anti-jihadismo, e também não se trata de um estado islâmico, mas um estado antiislâmico.

A feminista destacou que "atentados sanguinários" são cometidos todos os dias em muitas partes do mundo, mas "só se bombardeia quando os autores são supostos islamitas".

Para os ativistas, a solução para esta manipulação passa por dar o exemplo, aplicando as doutrinas do Islã e do Corão nas esferas privada e pública, mostrando a verdadeira face de uma religião que em nada se parece com a que é usada pelos extremistas.

EFE   
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