Micheletti anuncia fim do estado de sítio em Honduras
5 out2009 - 16h19
(atualizado às 19h44)
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O presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, anunciou nesta segunda-feira o fim do estado de sítio no país. A medida foi imposta no dia 26 de setembro, cinco dias após a volta do presidente deposto, Manuel Zelaya, a Honduras. Na época o país vivia uma onda crescente de protestos organizados pela oposição.
A medida do dia 26 justificou o fechamento de emissoras de rádio e TV oposicionistas. Mas a decisão do governo foi criticada até por seus simpatizantes, que diziam acreditar que o estado de sítio prejudicava os planos de realização de eleições em novembro.
Em entrevista a uma emissora de televisão hondurenha, Micheletti havia afirmado anteriormente que havia "paz no país" e que Honduras queria voltar à normalidade.
Na entrevista ao Canal 5, Micheletti também defendeu as eleições como o melhor caminho para resolver a crise em Honduras. "Se ocorrerem as eleições no país, transparentes, e elegermos o novo presidente, então será possível falar de qualquer cenário, de qualquer solução", afirmou.
O presidente interino disse ainda que a aspiração de Zelaya de voltar ao poder só pode ser analisada se houver alguma decisão judicial nesse sentido porque "não se pode restituir uma pessoa que está com problemas legais no país". "De qualquer forma, a Corte Suprema de Justiça é que teria de tomar a decisão", completou Micheletti.
Cem dias O resumo dos cem dias do golpe em Honduras parece uma trama de ficção: prejuízos milionários, isolamento internacional, violência com número ainda incerto de mortos e um presidente deposto sob a mira de armas que regressa ao país clandestinamente e se refugia na embaixada do Brasil.
Cansados da crise, hondurenhos de diferentes setores sociais querem o fim do impasse vivido desde a deposição de Zelaya, no dia 28 de junho, e a tomada do poder por um grupo comandado pelo ex-presidente do Congresso Roberto Micheletti. A pressão interna por uma solução talvez agora seja tão forte como a que vem sendo feita pela comunidade internacional. A defesa de um acordo parte tanto de camponeses pró-Zelaya como de militares e empresários leais a Micheletti, apesar das fortes desconfianças dos dois lados.
Tanto Zelaya como Micheletti moderaram seus tons. O líder deposto já admite regressar à Presidência com menos poderes e até a responder na Justiça pelos supostos delitos dos quais o governo interino o acusa.
Prazo Micheletti já enfatizou que não tomará qualquer ação contra a embaixada do Brasil, mesmo após terça-feira, quando vence o prazo determinado pela administração interina para que o Brasil defina o status político de Zelaya.
A comunidade internacional também está fazendo concessões. A Organização dos Estados Americanos (OEA) disse no domingo que o plano para pôr fim à crise política em Honduras, apoiado pela entidade e elaborado pelo presidente da Costa Rica, Óscar Árias, poderá ser flexibilizado.
O secretário de Assuntos Políticos da OEA, Victor Rico, disse que "se os próprios hondurenhos julgarem que ele (o plano Árias) pode ser modificado, isso é absolutamente factível" e que o proposta "não foi escrita em pedra ou em bronze".
Rico comanda uma delegação de quatro integrantes da entidade, que está em Tegucigalpa. E que há apenas uma semana havia sido impedida de entrar no país pelo governo interino.
Agora o clima parece ser outro. Na quarta-feira, Honduras receberá o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, juntamente com outros dez chanceleres da entidade. Antes desta visita oficial, Insulza teve um encontro secreto com Micheletti, na base militar americana de Palmerola, ao norte de Tegucigalpa, na quarta-feira passada.
Prejuízo Desde que a comunidade internacional adotou sanções contra Honduras, o país já perdeu um total de US$ 30 milhões em assistência dos Estados Unidos, viu o Fundo Monetário Internacional congelar US$ 150 milhões que seriam destinados a reforçar as reservas de Honduras e o PIB nacional deve sofrer retração em 2009.
As dificuldades financeiras e o isolamento internacional de Honduras vêm desgastando a imagem de Micheletti junto a empresários do país, que inicialmente o haviam apoiado.
Adolfo Fucassé, o presidente da Associação Nacional de Industriais de Honduras, formulou juntamente com integrantes de sua entidade um plano que contempla a renúncia de Micheletti e o retorno ao poder de um Zelaya com poderes reduzidos, que teria de dividir espaço com um gabinete multipartidário com poderes ampliados.
Os hondurenhos exprimem opiniões diversas sobre o atual quadro político, que vão desde o apoio entusiástico a Zelaya à aversão ao líder eleito do país - ou à descrença em relação a ambas as facções.
"O governo interino fez o certo ao tirar Zelaya do poder, mas não ao expulsá-lo do país. Porque há um procedimento quando se depõe o presidente, mas ele foi afastado porque estava tentando impor uma Constituinte. Não creio que ele volte e nem quero que ele volte. A única solução é promover as eleições", disse à BBC Brasil Christopher Zapata, estudante de Relações Internacionais.
Eleições Honduras deve realizar eleições presidenciais no próximo dia 29 de novembro, um motivo a mais pelo qual diferentes facções querem apressar as negociações entre as facções em disputa. A comunidade internacional já afirmou que não reconhecerá o resultado do pleito se Zelaya não for restituído ao poder.
Diariamente, Tegucigalpa é palco de ao menos uma manifestação a favor do líder deposto. Mas se no passado tais eventos reuniam multidões - às vezes milhares de pessoas -, atualmente elas mal conseguem arregimentar cem ativistas. Nesta segunda, militantes pró-Zelaya voltarão a se concentrar em frente à embaixada dos Estados Unidos.
Nos protestos, boa parte dos militantes pró-Zelaya são camponeses do interior de Honduras. No terceiro país mais pobre do Hemisfério Ocidental, muitos aproveitam tais eventos para tentar ganhar dinheiro, vendendo CDs piratas com músicas de protesto estampadas com fotos de Zelaya e de Che Guevara e broches com o retrato do presidente deposto com seu inseparável chapéu de caubói.
O agrônomo Jorge Flores diz que tudo leva a crer que "o governo vai reconsiderar, que os golpistas reconhecerão que cometeram um erro e que ele (Zelaya) será restituído. Estamos confiantes, por isso resistimos".
Mas para alguns, como o vendedor ambulante Jorge, pouco importa quem estiver no poder. Ele vende balas e cigarros em passeatas. "Nem me interessa contra quem é o protesto. Se for contra Micheletti, eu estou lá, se for a favor, eu vou estar também."
Manifestantes protestam a favor do governo de Micheletti
Foto: Reuters
O presidente deposto de Honduras Manuel Zelaya conversa, refugiado na embaixada brasileira
Foto: Reuters
Soldados ficam a postos na entrada da embaixada brasileira, em Tagucigalpa
Foto: Reuters
Xiomara Castro (centro), mulher do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, senta perto de seu filho, Jose Manuel (direita), em uma sala da embaixada brasileira de Tegucigalpa
Foto: Reuters
Simpatizantes de Zelaya dormem no entorno do prédio da embaixada brasileira
Foto: AP
Soldados fazem patrulha no perímetro da embaixada brasileira
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Pessoas tiveram que dormir no chão do corredor da embaixada brasielira em Honduras
Foto: AFP
Simpatizante de Zelaya dorme sobre mesa
Foto: AFP
Imagem mostra supermercado saqueado em Tegucigalpa
Foto: AP
Menino empurra carrinho de supermercado no bairro El Pedregal, em Tegucigalpa
Foto: AP
Cinegrafista capta imagens de um supermercado saqueado na capital de Honduras
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Moradores caminham em rua com pedras e obstáculos em Tegucigalpa
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Apoiadores de Zelaya recebem comida na embaixada brasileira em Tegucigalpa
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Partidários do líder deposto improvisam para tomar banho na embaixada brasileira
Foto: AFP
Jornalistas e fotógrafos dormem na embaixada do Brasil em Honduras
Foto: AFP
Zelaya fala ao telefone dentro da embaixada brasileira em Honduras
Foto: AFP
Policiais se protegem enquanto jogam gás lacrimogênio contra manifestantes em frente à embaixada brasileira
Foto: AP
Policial passa em frente a muro da embaixada em que se lê "Chegou o dia de suas mortes, seus golpistas miseráveis"
Foto: AP
Apoiadores de Zelaya descansam dentro da embaixada brasileira, em Tegucigalpa
Foto: AP
Soldados retiram pedras que bloqueavam rua após a dispersão dos manifestantes
Foto: Reuters
Carro destruído durante o confronto entre apoiadores de Zelaya e a polícia é retirado da rua
Foto: Reuters
Soldados se organizam para dissipar apoiadores do presidente deposoto Manuel Zelaya, em frente à embaixada brasileira, em Tegucigalpa
Foto: Reuters
Cidadãos de Honduras manifestam, em frente à embaixada brasileira, seu apoio ao presidente deposto, Manuel Zelaya
Foto: Reuters
Em apoio ao presidente deposto, Manuel Zelaya, cidadãos gritam palavras de ordem em frente à embaixada brasileira em Tegucigalpa
Foto: Reuters
O presidente deposto, Manuel Zelaya, segura a bandeira hondurenha, na embaixada do Brasil, em Tegucigalpa.
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Manifestantes, em apoio ao presidente deposto Manuel Zelaya, fogem das bombas de gás lançadas pela polícia hondurenha
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Gás lacrimogêneo é utilizado para dispersar manifestantes
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Manifestantes correm de local onde ocorreu o conflito com a polícia
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Policial atira contra manifestantes
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Jatos de água foram utilizados para dispersar a multidão
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Polícia usa escudos para dispersar manifestantes
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Manifestantes se jogam no chão, após confronto com policiais, que utilizaram gás lacrimogêneo
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Polícia contêm manifestantes em frente à embaixada brasileira em Honduras
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Policial cercam embaixada brasileira em Tegucigalpa
Foto: AFP
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, se abrigou na embaixada brasileira de Honduras
Foto: AFP
Zelaya concede entrevistas na embaixada brasileira em Honduras
Foto: AFP
Simpatizantes de Zelaya esperam em frente à embaiaxada brasileira
Foto: AFP
O presidente deposto Manuel Zelaya foi à embaixada brasileira ao chegar em Honduras
Foto: AFP
Zelaya é recebido por seus apoiadores em Tegucigalpa
Foto: AFP
Manuel Zelaya fecha a porta na embaixada brasileira em Tegucigalpa
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Apoiadores de Zelaya comemoram sua volta ao país, em Tegucigalpa
Foto: AFP
Manifestantes gritam palavras de ordem em frente ao prédio da ONU na capital hondurenha
Foto: AP
Zelaya foi para a embaixada do Brasil em Honduras
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Zelaya conversa ao telefone observado por sua mulher, Xiomara, na embaixada brasileira
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Zelaya voltou a Honduras para tentar retomar o poder
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Celso Amorim falou durante a reunião do Conselho de Segurança da ONU
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Roupas de apoiadores de Zelaya são penduradas na embaixada brasileira
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Xiomara Castro, mulher de Zelaya, reclama para soldado sobre os conflitos com partidários
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Soldados hondurenhos montam guarda nos arredores da embaixada brasileira em Tegucigalpa
Foto: AFP
Bombeiros verificam a tubulação de gás nas proximidades do prédio da representação brasileira
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A embaixada está cercada desde o dia 21 de setembro
Foto: AFP
Partidário de Zelaya é observado por policial em frente à Embaixada brasileira
Foto: AP
Partidários de Zelaya fazem protesto nas proximidades da Embaixada brasileira
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Palhaço posa como soldado durante marcha em Tegucigalpa
Foto: Reuters
Apoiador de Zelaya limpa o chão da embaixada brasileira em Tegucigalpa
Foto: AFP
Mulher pendura roupas em varal improvisado na embaixada
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No domingo, o presidente deposto Manuel Zelaya concedeu entrevista na embaixada brasileira
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Soldados são transportados durante ronda, no toque de recolher da capital Tegucigalpa
Foto: Reuters
Soldado hondurenho segura aviso em frente à embaixada brasileira em Tegucigalpa
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A estudante Wendy Elizabeth Ávila, morta em conflito com a polícia, é enterrada em Tegucigalpa
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Mulheres seguram cartazes e pedem o diálogo em Honduras
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Apoiador de Zelaya lava a cabeça com uma mangueira no pátio da embaixada brasileira
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Polícia retira ocupantes do Instituto Nacional Agrário
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Policial dá instruções a apoiadores de Zelaya expulsos de um prédio público em Tegucigalpa
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Manuel Zelaya aparece na janela da embaixada brasileira
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Manifestante é preso durante protesto em frente a empresas de rádio e televisão
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Policiais evacuam o prédio do Instituto Nacional da Reforma Agrária (INRA), em Tegucigalpa
Foto: AFP
Manifestante esfrega os olhos após ter sido atingido por gás lacrimogêneo
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Policiais acompanham manifestação em apoio a Manuel Zelaya
Foto: AFP
A polícia avança sobre os protestantes em Tegucigalpa
Foto: AFP
Soldado lê jornal enquanto os outros fazem guarda em frente à embaixada brasileira em Tegucigalpa
Foto: AFP
Apoiadora de Zelaya participa de protesto próximo à embaixada brasileira
Foto: AFP
Simpatizante de Manuel Zelaya toma um banho improvisado no pátio da embaixada brasileira
Foto: AFP
Policiais e manifestantes entrem em confronto em Tegucigalpa
Foto: AFP
Apoiador de Zelaya balança bandeira do Partido Liberal
Foto: Reuters
Manifestantes levantam a bandeira de Honduras
Foto: EFE
Policiais jogam gás lacrimogêneo em manifestantes, em Tegucigalpa
Foto: Reuters
Menino observa o conflito na capital hondurenha
Foto: EFE
Manifestante segura cartaz durante o protesto
Foto: AFP
Policiais correm após jogarem gás lacrimogêneo
Foto: EFE
Idosa cobre o rosto após ser atingida pelo gás
Foto: AFP
Manuel Zelaya fala ao telefone na embaixada brasileira, onde está hospedado há um mês