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Europa

Van der Bellen, a resposta ao avanço da extrema-direita austríaca

2 dez 2016 - 19h04
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O ecologista Alexander Van der Bellen é a grande esperança dos cidadãos da Áustria que querem evitar que o ultradireitista Norbert Hofer se torne o novo presidente do país nas eleições deste domingo, que foram convocadas após a invalidação do pleito realizado em 23 de maio pelo Tribunal Constitucional por irregularidades formais - embora não por manipulações - na apuração de votos.

Economista de 72 anos, Van der Bellen venceu o primeiro pleito por uma vantagem muito pequena (31 mil votos) sobre Hofer, que agora conta com uma nova possibilidade de ser o primeiro candidato da extrema-direita a ser eleito presidente em um país da União Europeia (UE).

As novas eleições acontecem em um cenário político bem diferente do que o da primeira, após as inesperadas vitórias do "Brexit" no referendo realizado no Reino Unido e de Donald Trump nos Estados Unidos.

Diante do avanço de candidatos e propostas direitistas, Van der Bellen se viu obrigado na nova campanha a se apresentar não só como candidato de esquerda e experiente, mas também como um patriota com fortes raízes em seu Tirol natal.

Filho de uma estoniana e de um russo que fugiram da revolução bolchevique na Rússia em 1917 para se radicar no Tirol austríaco, Van der Bellen nasceu em janeiro de 1944 e viveu lá até os 33 anos, antes de se mudar para Viena, onde fez carreira acadêmica e depois como político.

Antigo decano da Faculdade de Ciência Econômicas de Viena, o agora candidato presidencial sempre foi muito valorizado entre o eleitorado por sua honestidade.

Sua forma pouco convencional de argumentar e debater em público pode estar relacionada com o fato de ter entrado na política aos 50 anos de idade.

Pai de dois filhos e casado pela segunda vez, Van der Bellen tem fama de personagem que não se encaixa nos estereótipos de um político ecologista clássico.

Por exemplo, nunca foi visto andando de bicicleta, no passado declarou amor por carros possantes e até hoje é um fumante inveterado.

Para muitos analistas políticos, Van der Bellen representaria muito bem as funções da presidência austríaca, um cargo protocolar, mas imbuído de prestígio e visto como uma referência ética.

Convicto pró-União Europeia e ex-militante socialista, Van der Bellen fala de Heinz Fischer, presidente austríaco até julho deste ano, como o modelo que quer seguir, representando dignamente o país no exterior e, internamente, atuando de forma discreta, mas firme, entre as forças políticas do país.

Ao mesmo tempo, Van der Bellen não descarta uma interpretação mais ativa de algumas competências de chefe do Estado. Por exemplo, ele promete que não ratificaria com sua assinatura o TTIP, o tratado transatlântico de livre-comércio que Estados Unidos e a União Europeia negociam, inclusive se for aprovado no parlamento austríaco.

Este é quase o único ponto da campanha no qual concorda com seu adversário, um conhecido cético em relação à UE e à globalização em geral.

Apesar de a presidência austríaca não prever um papel ativo do chefe de Estado no dia a dia político, a Constituição lhe dá o poder de decidir a quem encarregar a formação do governo, sem obrigação de optar pelo líder do partido mais votado. Van der Bellen garante que faria todo o possível para não passar a missão ao ultradireitista FPÖ, mesmo em caso de uma vitória nas urnas.

Hofer criticou esta advertência como "antidemocrática", mas promete que dissolveria o parlamento para antecipar as eleições caso o governo não trabalhe bem.

EFE   
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