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UE corre o risco de morrer sem seus ideais, afirma papa

24 mar 2017 - 22h37
(atualizado em 25/3/2017 às 09h05)
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Francisco recebe líderes europeus no Vaticano nos 60 anos dos Tratados de Roma. Em discurso, alerta contra "muros", populismo e hostilidade a refugiados. "Primeiro elemento da vitalidade europeia deve ser solidariedade."O papa Francisco recebeu os 27 líderes da União Europeia (UE) no Vaticano nesta sexta-feira (24/03), véspera do aniversário de 60 anos dos Tratados de Roma, base do atual bloco europeu.

Em discurso diante dos chefes de governo e de Estado, bem como do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o pontífice alertou contra a ascensão do populismo e afirmou que a UE corre o risco de morrer se não reencontrar seus ideais fundadores, como a solidariedade.

Manifestantes concentrados em frente ao parlamento grego seguram bandeira da União Europeia 18/06/ 2015.
Manifestantes concentrados em frente ao parlamento grego seguram bandeira da União Europeia 18/06/ 2015.
Foto: Yannis Behrakis / Reuters

"Quando um corpo perde seu senso de direção e se torna incapaz de olhar para frente, ele vivencia uma regressão e, a longo prazo, corre o risco de morrer", declarou Francisco. "O primeiro elemento da vitalidade europeia deve ser a solidariedade. Esse espírito é muito necessário hoje", continuou ele, argumentando que tal sentimento é "o mais eficaz antídoto contra os populismos modernos".

O papa ainda afirmou aos líderes que é preciso promover com mais vigor o "patrimônio de ideais e valores espirituais" da Europa. Segundo ele, a UE precisa diminuir a distância entre seus cidadãos e instituições, acrescentando que Bruxelas foi "muitas vezes percebida como distante e desatenta".

Em mensagem vista como uma possível indireta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a alguns líderes europeus, Francisco clamou para que a Europa não se feche em si mesma ou volte a erguer "muros" como forma de conter "a grave crise migratória" enfrentada pelo continente - crise tal que, segundo ele, não se trata "somente de um problema numérico, econômico ou de segurança".

"A Europa reencontra esperança quando não se fecha no medo de falsas seguranças", destacou o pontífice, condenando aqueles "que hoje discutem apenas sobre como excluir os 'perigos' do nosso tempo", enquanto há "longas filas de mulheres, homens e crianças, em fuga da guerra e da pobreza, que pedem somente a possibilidade de um futuro para si e para seus entes queridos".

Francisco também frisou que uma mentalidade hostil em relação aos refugiados demonstra que muitos europeus parecem sofrer de uma preocupante "perda de memória", lembrando que a Europa vivenciou sua própria crise migratória durante e depois da Segunda Guerra Mundial.

"Quanto esforço para abater aquele muro! Hoje, no entanto, esse esforço foi esquecido. Esqueceu-se até do drama das famílias separadas, da pobreza e da miséria que aquela divisão provocou", afirmou.

Neste sábado, os líderes europeus celebram em Roma a fundação do bloco. Em 25 de março de 1957, seis nações assinaram os chamados Tratados de Roma, criando a Comunidade Econômica Europeia (CEE), que precedeu a atual UE. O bloco econômico é hoje o maior do mundo e engloba 27 nações, além do Reino Unido, que deve iniciar o processo oficial de saída do grupo na próxima semana.

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