Sinn Féin pede referendo sobre reunificação da Irlanda com urgência
O partido nacionalista Sinn Féin pediu nesta segunda-feira a realização de um referendo sobre a reunificação da Irlanda "o mais rápido possível", de modo a fazer frente ao impacto da futura saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
A líder da formação na Irlanda do Norte, Michelle O'Neill, afirmou que o governo de Londres "se nega a escutar" a maioria da população irlandesa, que votou contra o "Brexit" em junho do ano passado.
Faltando duas semanas para que o governo da primeira-ministra conservadora Theresa May ative o artigo 50 do Tratado de Lisboa para abrir uma negociação sobre os termos da separação, O'Neill advertiu que as consequências para a região serão desastrosas.
"Seguem sem querer atender a posição da maioria. O 'Brexit' vai ser um desastre para a economia e para o povo da Irlanda", ressaltou a dirigente do Sinn Féin, antigo braço político do já inativo Exército Republicano Irlandês (IRA).
Segundo O'Neill, a proximidade do processo negociador entre Londres e os 27 outros Estados-membros acentuou a "necessidade de se realizar um referendo sobre a unificação da Irlanda o mais rápido possível".
O ministro de Relações Exteriores irlandês, Charlie Flanagan, opinou nesta segunda-feira que as reivindicações do Sinn Féin são "prematuras" e ressaltou que este assunto deve ser abordado a "longo prazo".
O chefe da diplomacia do governo de Dublin e O'Neill participam desde a semana passada de conversas para tentar formar na Irlanda do Norte um Executivo de poder compartilhado com o Partido Democrático Unionista (DUP), após ambas as formações terem sido as mais votadas nas eleições autônomas do dia 2 de março.
Apesar de suas diferenças, disse Flanagan, os partidos devem centrar seus esforços para se aproximar e conseguir um pacto de governo durante as próximas duas semanas, caso contrário o Executivo britânico poderá convocar outras eleições antecipadas ou suspender a autonomia para dirigi-la de Londres.
O Sinn Féin voltou a propor a reunificação da Irlanda quando o governo de Edimburgo pediu nesta segunda-feira a realização de um segundo referendo de independência para a Escócia em 2018 ou 2019, perante a impossibilidade de se chegar a um acordo com May sobre os termos do "Brexit".
A ministra principal, Nicola Sturgeon, disse que na próxima semana solicitará autorização ao parlamento autônomo para obter do Executivo de Londres uma ordem que permita ao legislativo escocês regular a convocação do plebiscito.
O eleitorado da Irlanda do Norte e da Escócia rejeitaram o "Brexit" com 55,8% e 62% dos votos, respectivamente, no referendo do dia 23 de junho, contra 53,4% e 52,5% do apoio conseguido na Inglaterra e no País de Gales.
Em todo o Reino Unido, 51,9% da população apoiou a saída do bloco econômico, contra 48,11% que votou a favor da permanência.