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Europa

Refugiados se oferecem para serem devorados por tigres em protesto em Berlim

20 jun 2016 - 10h47
(atualizado às 12h54)
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O coletivo de artistas e ativistas alemães do Centro para a Beleza Política informou nesta segunda-feira que sete refugiados se ofereceram para serem "devorados" pelos tigres que o grupo instalou em uma jaula no centro de Berlim, na Alemanha, em uma polêmica ação de protesto tachada de "cínica" pelo governo germânico.

Sete refugiados se ofereceram para serem "devorados" pelos tigres que o grupo instalou em uma jaula no centro de Berlim, na Alemanha, em uma polêmica ação de protesto tachada de "cínica" pelo governo germânico.
Sete refugiados se ofereceram para serem "devorados" pelos tigres que o grupo instalou em uma jaula no centro de Berlim, na Alemanha, em uma polêmica ação de protesto tachada de "cínica" pelo governo germânico.
Foto: EFE

"Estou preparada para ser devorada", disse no palco do teatro Maxim Gorki a popular atriz síria Mai Skaf, conhecida por muitos espectadores árabes por seus trabalhos na televisão e por seu ativismo frente ao regime sírio de Bashar al Assad.

Mai Skaf, detida em várias ocasiões na Síria, uniu-se como refugiada à campanha do Centro para a Beleza Política, que volta a explorar a fronteira entre realidade e ficção para protestar contra a política de asilo e denunciar a morte de milhares de pessoas afogadas no Mar Mediterrâneo em suas tentativas de chegar à Europa.

A iniciativa, intitulada "Comer refugiados", terminará no dia 28 de junho com um voo charter, no qual os ativistas querem tirar da Turquia uma centena de solicitantes de asilo para que possam se reunir com suas famílias na Alemanha.

Até lá, os ativistas exigem uma mudança na lei que pune as companhias áreas que não exigem vistos a seus passageiros, uma legislação que, segundo o coletivo, deixou o mar como única opção de fuga para milhares de pessoas.

A iniciativa, intitulada "Comer refugiados", terminará no dia 28 de junho com um voo charter, no qual os ativistas querem tirar da Turquia uma centena de solicitantes de asilo para que possam se reunir com suas famílias na Alemanha.
A iniciativa, intitulada "Comer refugiados", terminará no dia 28 de junho com um voo charter, no qual os ativistas querem tirar da Turquia uma centena de solicitantes de asilo para que possam se reunir com suas famílias na Alemanha.
Foto: EFE

Os ativistas sabem que seu pedido é praticamente impossível - a legislação em questão é a transposição de uma diretiva europeia - e que muito provavelmente o avião, que foi batizado como "Joachim I", o nome do presidente alemão, voará vazio da Turquia, mas o grupo conseguira a atenção de todos os veículos de imprensa para sua campanha.

Se não conseguirem seu objetivo, assim como ocorria com os escravos da antiga Roma, os refugiados "voluntários" se jogarão à jaula instalada no centro da capital alemã, na qual há seis tigres desde a quinta-feira passada.

O Ministério do Interior da Alemanha, que é responsável pela política de asilo do país, qualificou a ação de "inadequada e cínica".

"Trata-se de uma encenação de mau gosto à custa dos mais vulneráveis", manifestou um porta-voz do ministério após a apresentação da campanha na semana passada.

Para a síria Mai Skaf, no entanto, trata-se de uma ação que dá voz para aqueles que, assim como ela, não têm nada a perder, porque não têm literalmente nada.

"Estou preparada para ser devorada", disse no palco do teatro Maxim Gorki a popular atriz síria Mai Skaf, conhecida por muitos espectadores árabes por seus trabalhos na televisão e por seu ativismo frente ao regime sírio de Bashar al Assad.
"Estou preparada para ser devorada", disse no palco do teatro Maxim Gorki a popular atriz síria Mai Skaf, conhecida por muitos espectadores árabes por seus trabalhos na televisão e por seu ativismo frente ao regime sírio de Bashar al Assad.
Foto: EFE

Mai relatou entre lágrimas como seu país está sendo destruído a cada dia e como seus compatriotas são obrigados a escolher entre "a aniquilação pela guerra ou o afogamento no Mediterrâneo", um mar transformado em "uma armadilha mortal".

O Centro para a Beleza Política divulgou no ano passado em todo o país a campanha "Os mortos estão vindo", na qual enterraram em cemitérios berlinenses dois caixões nos quais, asseguraram, repousavam os corpos de dois cidadãos sírios mortos no Mediterrâneo.

Milhares de pessoas participaram dias depois de uma marcha pelo centro da capital em direção ao bairro governamental levando caixões, cruzes e flores para simular o enterro dos milhares de imigrantes que morrem no mar tentando chegar à Europa.

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EFE   
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