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Europa

Norte-irlandeses vão às urnas em eleições mais decisivas dos últimos anos

2 mar 2017 - 16h39
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Líderes norte-irlandeses reiteram a importância das eleições antecipadas que estão sendo realizadas nesta quinta-feira na região após o colapso do governo de poder compartilhado entre protestantes e católicos no início do ano.

Para alguns deles, o pleito é o mais decisivo desde a assinatura do acordo da Sexta-Feira Santa, em 1998, texto que encerrou quase quatro décadas de conflito armado na Irlanda do Norte e lançou o bem-sucedido processo de paz, agora ameaçado pelo impacto da saída do Reino Unido da União Europeia.

A líder do Partido Democrático Unionista (DUP), Arlene Foster, ressaltou a importância das eleições após votar na manhã de hoje.

O DUP ficou com 38 parlamentares depois do pleito de maio de 2016 e as pesquisas indicam que o partido terá uma representação parecida após o pleito de hoje, mas a imagem da legenda piorou devido a um caso de corrupção do governo na política de energias renováveis.

O escândalo fez com que o vice-ministro-principal, Martin McGuinness, do nacionalista Sinn Féin, renunciou ao cargo como protesto em janeiro. O caso pode custar aos cofres da Irlanda do Norte mais de 500 mil euros.

"É bom ver que tantas pessoas vieram votar", declarou a nova líder do Sinn Féin, Michelle O'Neill, que tentará destronar o DUP nas primeiras eleições sem McGuinness no comando.

Após a renúncia, o histórico líder do Sinn Féin anunciou que abandonaria a política por uma grave doença, abrindo espaço para uma nova geração de lideranças, como O'Neill, de 40 anos, e sem conexões com o terrorismo promovido pelo já inativo Exército Republicano Irlandês (IRA), braço armado do Sinn Féin no conflito.

Os nacionalistas tentarão ultrapassar os 24% dos votos obtidos em 2016, contra 29% do DUP, que, no entanto, ficou com dez cadeiras a mais do que o Sinn Féin graças à transferência de votos permitida pelo complexo sistema eleitoral norte-irlandês.

Independente do ganhador, as pesquisas indicam que os dois partidos voltarão a ser os mais votados, o que obrigará as lideranças a negociar em três semanas a formação de um novo governo, apesar das profundas divisões que voltaram a se acentuar nos últimos meses.

Se não houver acordo nesse prazo, o governo do Reino Unido e da Irlanda alertaram que a autonomia norte-irlandesa pode ser suspensa e a região controlada diretamente por Londres.

O DUP e o Sinn Féin podem ter menos parlamentares na próxima legislatura, porque o número de cadeiras em disputa caiu de 108 para 90 nos 18 distritos da região. Cerca de 1,2 milhão de pessoas foram convocadas às urnas para votar.

Segundo as pesquisas, o Partido Unionista do Ulster (UUP), o Partido Social-Democrata Trabalhista (SDLP) e o Partido Aliança, grupos que deixaram o governo de poder compartilhado após as eleições de 2016, também devem compor o novo parlamento.

Se, como tudo indica, esses partidos decidirem ficar na oposição, o DUP e o Sinn Féin serão obrigados a se entender não só em questões como a política social, mas também sobre o "Brexit", a saída do Reino Unido da União Europeia, apoiada por unionistas e criticada pelos nacionalistas.

Apesar de a Irlanda do Norte não participar das negociações sobre as condições do "Brexit", ambos os partidos consideram que o restabelecimento de uma fronteira rígida com a República da Irlanda prejudicará a economia regional e o processo de paz. Por isso, eles exigem um status especial para a província.

O Sinn Féin vai um pouco além, porque vê o "Brexit" como uma oportunidade para obter seu objetivo histórico de reunificar a Irlanda.

Os centros de votação fecharão às 22h locais. A apuração começa na manhã de sexta-feira e os primeiros resultados oficiais já devem ser conhecidos no sábado.

EFE   
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