EUA espionaram eleições da França em 2012, diz Wikileaks
Caso envolve campanha vencida por Hollande
Nos meses que precederam as eleições presidenciais francesas de abril de 2012, os maiores partidos do país e os três principais candidatos à Presidência foram espionados pela CIA, revelou o Wikileaks nesta sexta-feira (17).
Na época, disputavam o posto o candidato socialista François Hollande, a líder do Frente Nacional, Marine Le Pen, e o então presidente Nicolas Sarkozy, que estava tentando a reeleição. A espionagem também atingiu os ex-candidatos socialistas Martine Aubry e Dominique Strauss Kahn.
A equipe de Julian Assange divulgou o material como uma "prévia" das novas revelações que o grupo obteve, batizada de "Vault 7 Series", e que será totalmente revelada "em breve".
No comunicado enviado à imprensa, há a notificação de três ordens específicas que colocaram na mira o Partido Socialista, o Frente Nacional e o então partido de Sarkozy, União por um Movimento Popular (UMP), que mais tarde foi dissolvido para criar "Os Republicanos", atual sigla do ex-mandatário.
De acordo com o Wikileaks, a agência norte-americana ordenava o recolhimento de informações, entre outras coisas, sobre estratégias eleitorais dos partidos e dos candidatos, o desenvolvimento nas discussões internas, sobre os financiamentos, sobre os programas políticos e econômicos, sobre a relação com outros países europeus e com os EUA.
Ainda conforme os comandados de Assange, as ordens da CIA eram "classificadas" e "limitadas" apenas aos "olhos norte-americanos" por causa da "sensibilidade dos amigos na relação com amigos". O objetivo das espionagens era de "apoiar as atividades" da CIA, da seção sobre a União Europeia da Agência de Espionagem de Defesa (DIA) e da seção de Inteligência e busca do Departamento de Estado.
A operação, segundo o Wikileaks, durou 10 meses - entre 21 de novembro de 2011 até 29 de setembro de 2012.
Os documentos obtidos pelo grupo foram publicanos nesta sexta pelos jornais La Repubblica e pelos franceses Libération e Mediapart, a menos de três meses das novas eleições presidenciais francesas, as mais acirradas dos últimos anos.