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Eleições nos EUA

Trump modera discurso anti-imigração para encarar etapa mais dura da campanha

28 ago 2016 - 09h45
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O candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou de lado as declarações sobre criar uma "força de deportação" e agora diz que o muro que construirá na fronteira com o México terá "portas muitos bonitas", se preparando para dois meses de debates contra sua rival, a democrata Hillary Clinton, e para convencer os indecisos a apoiá-lo nas eleições que serão realizadas em novembro.

O empresário tenta moderar o discurso para tentar se afastar da imagem racista que agora a ex-secretária de Estado tenta explorar. Resta um mês para o primeiro debate entre eles, no dia 26 de setembro, e o polêmico candidato está começando a moderar o discurso polêmico que o tornou um grande alvo de críticas.

O ex-líder da maioria republicana da Câmara dos Representantes Eric Cantor brincou nesta semana que o novo plano de Trump, que limitaria as deportações aos imigrantes ilegais com antecedentes criminais, é o mesmo proposto por seu ex-rival nas primárias do partido e ex-governador da Flórida Jeb Bush.

O irmão do ex-presidente George W.Bush não achou graça nenhuma na mudança de Trump e disse, em entrevista à uma rádio de Nova York, considerar "preocupante" a metamorfose do candidato republicano após todas as coisas ditas por ele na campanha.

O empresário, que segue atrás de Hillary nas pesquisas, afirmou que as pessoas ilegais que pagam seus impostos e não tenham antecedentes penais poderão regularizar sua situação no país, algo que soa muito similar à proposta feita por Bush, criticado durante as primárias pelo magnata por propor uma "anistia" aos imigrantes.

"Eles têm que pagar seus impostos anteriores. Têm que pagar impostos. Não é uma anistia, não há uma anistia. Mas trabalharemos com eles", disse Trump em entrevista à emissora "Fox News".

"Me encontro diariamente com milhares de pessoas que me dizem: 'Senhor Trump, eu o amo, mas pegar uma pessoa que está aqui há 15, 20 anos, e expulsá-lo é muito duro'", explicou o candidato.

No sábado, em Iowa, o empresário prometeu expulsar do país "imigrantes ilegais criminosos" na "primeira hora" de seu mandato, mas evitou explicar o plano para os que não têm passagem na polícia.

Trump está fazendo algo que parecia impossível, mas necessário caso queira ser, de fato, presidente dos EUA: amenizando seu discurso populista para se tornar mais palatável para os eleitores mais moderados, para os hispânicos e os afro-americanos, grupos vitais para poder vencer o pleito de 8 de novembro.

O congressista ultraconservador de Iowa, Steve King, disse nesta semana em uma entrevista à "ABC News" que as mudanças no discurso de Trump sobre imigração podem fazer com que o candidato perca sua base de eleitores, aqueles que gritam "construa o muro" nos comícios.

King disse que o novo discurso de Trump é um "erro" que lhe deixa "inquieto". "É correto moderar em algumas coisas, mas não permitir que as pessoas estuprem as leis e sejam recompensadas por isso".

"Se ele perder o apoio vigoroso da base, será muito difícil construir uma coalizão vencedora para levar as eleições gerais", disse o congressista ultraconservador.

Os analistas políticos, no entanto, pensam o contrário: só com o voto de brancos, de baixa escolaridade e âmbito rural, é quase matematicamente impossível vencer Hillary, especialmente em estados-chave como Pensilvânia, Colorado, Nevada e Flórida.

Trump acusou Hillary em uma entrevista à "CNN" de ser uma demagoga por não apoiar políticas que tenham beneficiado afro-americanos e hispânicos. Além disso, lembrou de declarações da ex-primeira-dama na década de 90, nas quais ela pede "mão firme" contra os "superdepredadores", um termo usado para se referir a jovens negros e criticado por ativistas como racista.

A ex-secretária de Estado, por sua vez, começou a colocar em evidência os comentários xenófobos de Trump, chamando de "paranoico" que abraçou o discurso da extrema-direita.

Essas parecem que serão as linhas que marcarão o primeiro debate presidencial e a reta final das eleições, que começará em setembro, intensificando a estratégia na busca do voto dos indecisos e das minorias, que serão decisivos para decidir quem irá ocupar a Casa Branca a partir de janeiro de 2017.

EFE   
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