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Eleições nos EUA

Mike Pence, um republicano "clássico" para reconciliar Trump e o partido

15 jul 2016 - 13h17
(atualizado às 13h35)
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O virtual candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, escolheu nesta sexta-feira o governador de Indiana, Mike Pence, como seu companheiro de chapa, um conservador clássico que pode ajudar o empresário a se reconciliar com o núcleo tradicional da legenda.

Pence deveria decidir até hoje se apresentava sua candidatura à reeleição como governador, porque a lei de Indiana não permite que um político concorra a um cargo estadual e federal ao mesmo tempo.

Trump também estava correndo contra o relógio. Deveria anunciar o companheiro de chapa antes da Convenção Nacional Republicana, que será realizada em Cleveland (Ohio), a partir de segunda-feira.

O polêmico empresário, que rompeu com todas as tradições das eleições americanas e de seu próprio partido durante as primárias, tinha dito que queria um candidato à vice-presidência com experiência política, que o ajudasse a erguer pontes com a maioria republicana no Congresso, onde há muitos políticos que ainda temem a indicação de Trump como o nome do partido no pleito.

Pence, congressista por Indiana entre 2001 e 2013, mantém boas conexões criadas nesta década longa em Washington, onde batalhou pelo controle fiscal, um governo federal com menor peso, uma política de defesa forte e uma agenda social rigorosamente conservadora. Ou seja, é seguidor da cartilha ortodoxa republicana.

"É um candidato que completa todos os requisitos. Uma opção de consenso que pode fazer Trump ser digerível não só entre a elite do partido, mas também para o eleitor ultraconservador e para o poderoso setor evangélico", comentam analistas nos bastidores políticos de Washington.

Esses grupos, com frequência interligados, nunca confiaram que Trump seja um autêntico conservador. No passado, o empresário apoiou campanhas democratas, se mostrou aberto em temas como o aborto, e vai para seu terceiro casamento, com um histórico de relações extensamente divulgado pela imprensa.

Pence, pelo contrário, é casado há 31 anos com sua esposa, Karen, tem três filhos, e nunca se envolveu em nenhum escândalo pessoal.

Além disso, seu legado de conservadorismo social é impecável. Na Câmara dos Representantes, ele liderou batalhas que exaltam esse setor. Já como governador de Indiana, Pence sancionou uma lei criticada por permitir negar a prestação de serviços a homossexuais por motivos religiosos. Outro projeto estadual proíbe o aborto por incapacidade, raça ou gênero do feto.

Sua política econômica segue ao pé da letra a doutrina clássica republicana: aprovou a maior redução de impostos da história de Indiana, promoveu reduções tributárias para as empresas, visando atrair investimentos, e sempre foi um defensor de uma estrita disciplina fiscal nas contas públicas.

A economia também será seu maior ponto de atrito com Trump. Pence, como congressista, votou a favor de todos os últimos tratados de livre-comércio firmados pelos EUA.

Além disso, em várias ocasiões, apoiou uma maior liberdade no comércio com a China, uma política que o novo companheiro de chapa rejeita frontalmente, por considerá-la responsável pela perda de dezenas de milhares de postos de trabalho no país.

Pence também defende o Tratado Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), negociado pelo governo de Barack Obama. Trump transformou a oposição total ao pacto um dos seus principais pontos de campanha.

Essa diferença foi amenizada com uma redação ambígua no programa político que o Partido Republicano aprovará na convenção, que pede que os EUA sejam colocados no "primeiro lugar" - outro dos lemas de Trump - na hora de negociar tratados comerciais, sem, no entanto, rejeitar o TPP. Os delegados conservadores defenderam uma revisão com calma do acordo antes de confirmá-lo no Congresso.

Pence, que cogitou se candidatar às primárias do partido neste ano, fornece à dupla a experiência legislativa e administrativa que falta em Trump, além de representar o modelo do "conservador clássico", do qual o empresário se distancia em vários sentidos.

O governador de Indiana não é conhecido por seu carisma, mas isso não lhe é preciso: concorrerá à Casa Branca ao lado de um dos candidatos que mais paixões e ódios despertou na história do país.

De perfil e nome pouco conhecido em nível nacional, Pence é uma aposta que entusiasma pouco, mas parece direcionada a agradar alguns poucos membros da cúpula republicana. Isso já é muito, levando em consideração a relação conflituosa entre Trump e os setores mais tradicionais do partido.

Pence, que apoiou o senador Ted Cruz antes de Trump vencer as primárias de Indiana, defendeu posteriormente que seu novo companheiro de chapa "deu voz à frustração de milhões de americanos trabalhadores com a falta de avanços em Washington".

O governador cresceu e se formou em Direito em Indiana, um estado eminentemente agrícola do Meio Oeste dos EUA considerado historicamente um reduto republicano.

EFE   
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