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Eleições nos EUA

Dúvidas de republicanos sobre Trump continuam apesar de boa atuação no debate

10 out 2016 - 16h43
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O candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, conseguiu estancar a hemorragia em sua campanha com uma atuação eficaz no debate de domingo, mas as dúvidas voltaram a brotar nesta segunda-feira na cúpula de seu partido, em um sinal de que a balança eleitoral segue inclinada a favor de Hillary Clinton.

O presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, o republicano Paul Ryan, disse hoje que já não defenderá Trump nem fará campanha com ele antes das eleições de 8 de novembro, e se centrará em apoiar aos congressistas conservadores que concorrerão nos pleitos legislativos que serão realizados no mesmo dia.

Ryan, o republicano de maior categoria nos EUA, já havia cancelado neste fim de semana um ato de campanha com o candidato presidencial devido aos comentários obscenos sobre as mulheres que o magnata fez em 2005, revelados nesta sexta-feira em um vídeo vazado à imprensa.

"Todos têm que fazer o que for melhor para vocês em seus distritos", aconselhou Ryan, segundo vários veículos de comunicação americanos, durante uma ligação telefônica com vários congressistas republicanos que temem que a candidatura de Trump tenha um efeito negativo em suas próprias possibilidades de reeleição em novembro.

Trump não demorou em responder em sua conta oficial no Twitter, na qual afirmou que Ryan "deveria passar mais tempo dedicado a equilibrar o orçamento, criar empregos e à imigração ilegal ao invés de desperdiçá-lo lutando contra o candidato republicano".

Jason Miller, o principal assessor de comunicação de Trump, assegurou em outro tweet que a conversa por telefone de Ryan com congressistas "não muda nada", porque a campanha do magnata "sempre esteve impulsionada por um movimento de eleitores de base, não por Washington" e sua elite política.

Apesar de distanciar-se do magnata, Ryan não chegou a retirar seu apoio oficial a Trump, como fizeram muitos republicanos do Congresso e nomes históricos do partido depois da explosão do escândalo por seus comentários sobre as mulheres no vídeo.

O círculo de Trump confiava em deter essa fuga de apoios com o debate deste domingo em Saint Louis (Missouri), no qual o magnata passou muito tempo na ofensiva e resistiu aos ataques de sua rival, a democrata Hillary Clinton, quando ela denunciou sua falta de credenciais para ser presidente.

"Os republicanos que querem romper com ele agora já consideram isso mais difícil", comentou hoje um importante aliado de Trump, o ex-presidente da Câmara dos Representantes, Newt Gingrich, ao jornal "The Washington Post".

Para o analista político Aaron Kall, diretor de debates na Universidade de Michigan, a "convincente" atuação de Trump no encontro "ajudou-o no curto prazo", mas não é provável que mude a situação nas pesquisas, nas quais Hillary aparece com mais de cinco pontos de vantagem.

"(Trump) tinha que acalmar seus eleitores para que não lhe abandonassem, tinha que mantê-los contentes", explicou Kall à Efe, mas "não fez tudo o que deveria para conectar-se com novos eleitores, como as mulheres, os latinos ou os afro-americanos", que serão imprescindíveis para ele se quiser ganhar em novembro.

O mesmo opinou John Hudak, especialista em estudos de governo no Brookings Center, para quem Trump "necessitava mudar a dinâmica da corrida" e só conseguiu salvar os móveis.

"Pode ser que Trump não tenha perdido eleitores ontem à noite, mas fez pouco para afetar as decisões das pessoas que até agora não quiseram comprometer-se com ele", escreveu Hudak no site do Brookings.

Segundo Kall, se "nada grande" ocorrer este mês, "algo que esteja fora de seu controle", como um grande acontecimento internacional ou uma "calamidade econômica" que possa impulsionar as chances de Trump, tudo indica que "Hillary prevalecerá" nas eleições.

O último debate, que será realizado no dia 19 de outubro em Las Vegas (Nevada), pode ser decisivo pelo menos em um aspecto: é mais que provável que finalmente haja perguntas sobre imigração, um tema que chamou atenção por sua ausência nos dois primeiros encontros.

"Trump necessita basicamente conquistar entre 20% e 30% da população latina ou não tem nenhuma chance de ganhar", previu Kall, uma tarefa difícil, uma vez que "toda sua campanha se baseou na construção de um muro" na fronteira com o México.

EFE   
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