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Estados Unidos

Donald Trump: 5 respostas surpreendentes e polêmicas da 1ª grande entrevista coletiva do presidente dos EUA

17 fev 2017 - 12h46
(atualizado às 13h01)
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Primeira entrevista de Trump a jornalistas desde posse foi marcada por intervenções acaloradas
Primeira entrevista de Trump a jornalistas desde posse foi marcada por intervenções acaloradas
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Durante aproximadamente 1 hora e 15 minutos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, passou por uma prova de fogo na quinta-feira.

Ele convocou uma entrevista coletiva com jornalistas, a primeira depois de sua posse, com o objetivo de fazer um balanço do "progresso" alcançado no primeiro mês de governo.

O encontro acabou pontuado por intervenções acaloradas do republicano em resposta aos questionamentos duros dos repórteres.

"Foi uma entrevista coletiva clássica do período de campanha de Trump. Em alguns momentos, estava combativo, divertido, na defensiva e jovial. Em várias ocasiões, o presidente desviou-se das perguntas até que finalmente voltou aos padrões normais", disse Anthony Zurcher, correspondente da BBC em Washington.

E embora seus críticos o tenham elogiado por se submeter ao interrogatório, houve quem viu no episódio uma estratégia para tirar a atenção do escândalo da demissão do assessor de segurança nacional (Michael Flynn) e dos supostos contatos de sua equipe de campanha com a Rússia.

Segundo Zurcher, na entrevista coletiva, que não estava prevista na agenda presidencial, o presidente americano tentou transmitir a mensagem de que estava trabalhando ativamente para cumprir suas promessas eleitorais e mostrar que o governo já opera como uma máquina "bem azeitada".

Mas, na realidade, Trump acabou dedicando mais tempo a criticar os meios de comunicação do que falar de seus planos de ação para o futuro. E houve momentos surpreendentes. Saiba quais foram eles.

Trump respondeu perguntas de jornalistas durante aproximamente 1h15
Trump respondeu perguntas de jornalistas durante aproximamente 1h15
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

1. Críticas a Obama

Durante os primeiros minutos, Trump falou sobre a "herança maldita" que recebeu de seu antecessor, Barack Obama.

"Nosso governo herdou muitos problemas administrativos e econômicos. Para ser honesto, herdei um desastre, é um desastre, em casa e no exterior. Os empregos estão deixando o país, os salários são baixos", assinalou o republicano.

A afirmação contrasta com o fato de que, ao Obama deixar o poder, os Estados Unidos já estavam havia 75 trimestres consecutivos criando empregos e que, durante seus dois mandatos, foram gerados 11,3 milhões de postos de trabalho.

Vale ressaltar ainda que Obama chegou à Casa Branca em meio à pior crise financeira dos últimos tempos.

"Estou aqui para atualizar os cidadãos americanos sobre o progresso incrível que fizemos nas últimas quatro semanas desde que tomei posse. Não acredito que tenha havido um presidente eleito que, em um curto período de tempo, tenha feito o que fizemos", acrescentou.

2. Ataques à imprensa

Embora tenha convocado os jornalistas, Trump anunciou que sua intenção era se dirigir diretamente aos cidadãos americanos.

"Faço essa apresentação diretamente para os cidadãos americanos na presença da imprensa", disse ele, antes de voltar a acusar os repórteres de "desonestidade".

"Temos que descobrir o que ocorre com a imprensa porque, honestamente, está fora de controle. O nível de desonestidade está fora de controle", disse.

"O público já não acredita mais em vocês", acrescentou, em seguida.

3. Desconfiança

Durante sua apresentação, Trump se gabou do triunfo eleitoral que obteve nas eleições presidenciais de 8 de novembro, ao alcançar 306 votos nos colégios eleitorais (apesar de ter perdido no voto popular), e disse se tratar da maior vitória desde Ronald Reagan (1981-1989).

Após a renúncia de Michael Flynn, Trump disse não saber de nenhum outro membro de sua equipe que tenha mantido conversas com a Rússia antes de ter chegado ao governo.

A afirmação não passou em branco. "Por que os cidadãos deveriam confiar em vocês?", perguntou um repórter da rede de TV americana NBC depois de rebater a comparação de Trump.

O jornalista lembrou ao republicano que Reagan teve 350 votos no colégio eleitoral, Barack Obama, 365 e George W. Bush, 426.

4. Ligações com a Rússia

Apesar da recente renúncia do assessor de segurança nacional, Michael Flynn, depois de revelações de que ele havia mantido conversas extraoficiais com o embaixador da Rússia em Washington, e das notícias veiculadas pela imprensa segundo as quais outros membros da equipe de Trump estiveram em contato com funcionários russos, o presidente americano desviou-se do assunto.

"Podem falar tudo o que quiserem sobre a Rússia. São notícias falsas (...) Não devo nada na Rússia, não tenho empréstimos na Rússia, não tenho acordos na Rússia", disse.

Trump reiterou que as informações "falsas" e "horríveis" que a imprensa publica sobre o assunto torna "muito mais difícil" para os Estados Unidos firmarem um acordo com a Rússia.

E quando questionado sobre um barco espião da Marinha russa que foi flagrado perto do litoral do Estado americano de Connecticut, respondeu que seus críticos provavelmente achariam "que a melhor coisa que poderia fazer é destruir esse barco, que está a 50 km do litoral". "Todo mundo neste país diria: 'Ah, isso é ótimo'. Mas não é. Isso não é ótimo."

No entanto, ao ser perguntado sobre se poderia confirmar que nenhum outro membro de sua equipe manteve contato com funcionários russos, evitou colocar suas mãos no fogo. "Ninguém que eu saiba", disse.

Ex-assessor de segurança nacional, Michael Flynn perdeu emprego após revelações de que teria mantido contatos extraoficiais com Rússia
Ex-assessor de segurança nacional, Michael Flynn perdeu emprego após revelações de que teria mantido contatos extraoficiais com Rússia
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

5. Momentos constrangedores

Em alguns momentos, na entrevista coletiva a jornalistas, houve momentos embaraçosos.

Um deles ocorreu quando Trump foi questionado por uma repórter negra se ele pensava incluir o Congressional Black Caucus, um grupo que reúne membros da comunidade afroamericana do Congresso dos Estados Unidos, nas reuniões sobre as cidades.

"Você quer organizar a reunião?", respondeu Trump.

"Não, não, não. Sou apenas uma repórter", replicou a repórter.

"São amigos seus?", perguntou Trump.

"Conheço algumas pessoas", respondeu a repórter.

"Siga em frente. Organize a reunião. Vamos. Adoraria me reunir com o Black Caucus. Acho maravilhoso", finalizou Trump.

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