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'Cancela o pedido!': Por que Donald Trump quer interromper projeto de novo avião presidencial

7 dez 2016 - 10h23
(atualizado às 13h32)
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O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a causar polêmica no Twitter ao propor o cancelamento do contrato de compra de novos aviões presidenciais para cortar custos.

Como presidente e comandante-em-chefe, Donald Trump tem o poder de cancelar o contrato com a Boeing para novos aviões.
Como presidente e comandante-em-chefe, Donald Trump tem o poder de cancelar o contrato com a Boeing para novos aviões.
Foto: Agência Brasil

"A Boeing (fabricante americana de aviões) está construindo um 747 Air Force One (como é chamado o avião presidencial nos EUA) novo em folha para futuros presidentes, mas os custos estão fora de controle, mais de US$ 4 bilhões (R$ 13,5 bilhões). Cancela o pedido!", escreveu ele em sua conta pessoal no Twitter.

O governo americano tem um contrato com a Boeing para construir dois ou mais novos aviões.

A Casa Branca, no entanto, questionou os dados divulgados por Trump.

"Algumas das estatísticas que foram citadas, devemos dizer, não parecem refletir a natureza do acordo financeiro entre a Boeing e o Departamento de Defesa", afirmou Josh Earnest, porta-voz da presidência.

Segundo o cronograma, os novos aviões devem entrar em operação por volta de 2024.

Logo após a declaração de Trump, as ações da Boeing caíram mais de 1%, mas os papéis se recuperaram ao longo do dia.

O empresário, contudo, não chegaria a voar nos novos aviões, a menos que fosse reeleito em 2020.

Trump também anunciou na terça-feira que o banco japonês SoftBank concordou em investir US$ 50 bilhões nos Estados Unidos e criar 50 mil novos empregos.

Trump revelou o plano depois de encontrar com o CEO do Softbank, Masayoshi Son, na Trump Tower, sede de suas empresas, em Nova York.

"Masa disse que nunca faria isso caso não tivéssemos vencido as eleições", tuitou ele.

Como presidente e comandante-em-chefe, Donald Trump tem o poder de cancelar o contrato com a Boeing para novos aviões.

Mas se ele fizer isso, o cancelamento vai acabar pesando mais no bolso do contribuinte americano. O governo dos Estados Unidos já assinou um contrato com a Boeing por US$ 170 milhões. Um orçamento adicional já foi reservado para os dois novos aviões.

O Escritório de Contabilidade do Governo - um órgão de auditoria independente - calcula que o custo final será de US$ 3,2 bilhões. Os aviões já estão em fase inicial de concepção ─ embora grande parte do dinheiro ainda não tenha sido gasto ─ e não se sabe por ora se os custos vão exceder as estimativas.

Negociações entre a Boeing e o governo americano podem reduzir os custos, mas se Trump optar por cancelar o contrato, o país pode acabar perdendo o dinheiro que já concordou em pagar.

Atualmente, Trump usa seu avião particular, mas como presidente ele viajará a bordo do Air Force One.

Ele é conhecido pela admiração por seu Boeing 757, customizado com seu nome.

Em entrevista à revista americana Rolling Stone no ano passado, ele disse que sua aeronave era "maior do que o Air Force One, que está a um passo atrás em todos os aspectos".

"Você sabia que ele foi citado em um documentário no (canal) Discovery Channel como o avião mais luxuoso do mundo?", disse ele na ocasião.

A jornalistas, o presidente eleito falou na terça-feira que o preço pelo novo Air Force One era "ridículo".

"Queremos que a Boeing ganhe muito dinheiro, mas não tanto dinheiro", acrescentou.

Salão Oval 'voador'

Tecnicamente, o "Air Force One" é o nome dado a qualquer aeronave que transporta o presidente dos Estados Unidos. No entanto, o termo é usado normalmente para se referir a dois aviões Boeing 747-200B.

Capazes de serem reabastecidos durante o voo, e dotados de equipamentos de comunicação segura, eles são descritos como "Salões Ovais voadores", em alusão ao gabinete do presidente americano.

Dentro do avião, o presidente e os demais passageiros têm à disposição uma área de 400 m² dividida em três níveis.

O espaço inclui a suíte presidencial e quartos para conselheiros, funcionários do Serviço Secreto e jornalistas.

Há também uma enfermaria que pode funcionar como centro cirúrgico. Um médico sempre acompanha o presidente a bordo.

O avião também possui duas cozinhas que podem alimentar 100 pessoas ao mesmo tempo

As declarações de Trump ocorrem depois que o jornal americano Chicago Tribune publicou uma coluna na manhã de terça-feira na qual o CEO da Boeing, Dennis Muilenburg, sugeriu que o presidente eleito retroceda em sua retórica anticomercial.

"Se não liderarmos quando se trata de escrever essas regras (comerciais), nossos concorrentes farão isso por nós", disse Muilenburg ao diário.

O Escritório de Contabilidade do Governo dos EUA calcula que o custo total do projeto será de US$ 3,2 bilhões, mas esse valor ainda pode aumentar.

A Força Aérea dos EUA informou que destinou US$ 2,7 bilhões para a aquisição das aeronaves, mas "espera que esse número mude".

"Estamos ansiosos para trabalhar com a Força Aérea dos EUA nas fases subsequentes do programa, o que nos permitirá entregar os melhores aviões para o presidente com o melhor valor para o contribuinte americano", afirmou Todd Blecher, porta-voz da Boeing.

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