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Estados Unidos

Asilo em Nova York luta contra tabu do sexo na terceira idade

21 jul 2016 - 10h04
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No asilo Hebrew Home Riverdale do bairro do Bronx, em Nova York, o sexo entre pessoas da terceira idade não só não é tabu como a expressão sexual é estimulada pelas regras do lugar, onde inclusive iniciaram um serviço de encontros entre residentes.

"Não quero passar o resto da minha vida sozinha. Gosto de intimidade física, mas também quero encontrar alguém que me estimule intelectualmente", contou à Agência Efe Francine, uma residente.

Francine é umas 20 residentes que se interessou pelo serviço oferecido por este asilo, do qual se participa simplesmente preenchendo um questionário com seus gostos e preferências. Depois alguns dos conselheiros do centro se reúnem e tentam formar possíveis casais.

Viúva de seu segundo marido há um par de anos, Francine disse "confiar" em encontrar alguém com quem passear pela margem do rio Hudson. "Já há gente procurando por mim", sorriu satisfeita.

A encarregada há algumas semanas de preparar o primeiro encontro do serviço, que foi batizado de D-Program, foi a própria diretora de serviços sociais do asilo, Charlotte Dell.

"Preparamos um jantar romântico às margens do rio, com flores frescas, com velas, todos já criamos muita esperança", declarou Dell à Efe.

"Um encontro entre octogenários não é tão diferente como entre adolescentes", acrescentou a psicóloga, que comentou que ainda não surgiu o amor, mas sim grandes amizades.

Daniel Reingol, executivo-chefe do RiverSpring Health, que administra o asilo, foi o responsável em 1995 por estabelecer as regras sobre "expressão sexual" do local, baseadas no respeito e estímulo às relações sexuais com a única restrição de que exista um consentimento claro das partes.

No início dos anos 90 Reingol se deu conta de que "havia uma necessidade" quanto a normalizar o sexo nos asilos, comentou em conversa com a Efe.

"Existe um conservadorismo neste país que leva a certa incomodidade na hora de ver as pessoas mais velhas fazendo coisas tão naturais como o sexo", destacou Reingol, que ressaltou que o asilo disponibiliza métodos de proteção assim como estimulantes como o Viagra.

"O amor não tem idade", defendeu Reingold, embora ainda não saiba se chegarão a celebrar algum casamento como resultado de sua política de portas abertas.

"Frequentemente as pessoas se casam por estabilidade econômica e para criar uma família. Nesta idade há menos necessidade de dar esse passo", considerou.

Na política de expressão sexual desenvolvida há alguns anos faz-se referência a um assunto que pode gerar preocupação para muitos familiares, o do consentimento quando existe princípio de demência.

"Partimos do princípio que se alguém expressa o desejo sexual é porque existe, mas de todas formas temos um grupo de psicólogos que conhece bem cada pessoa e pode determinar esse consentimento com sua avaliação profissional", explicou.

Outro assunto sobre o qual frequentemente responde é o da reação da família à política do centro.

A maioria dos familiares, salientou Reingol, são "muito compreensivos" e querem que seus entes queridos "sejam felizes".

"De todas as formas, para muita gente o fato de que seus pais fazem sexo já é um tabu não importa a idade que tenham. Conheço gente que parece querer negar que seus pais já tenham tido relações sexuais. Um pensamento bastante interessante", disse entre risos.

"Quando se chega a certa idade parece que tudo gira em torno da perda. Mas não tem por que renunciar à intimidade sexual nem ao amor. Se apaixonar por outra pessoa e se levantar a cada dia com essa motivação e desejando vê-la no refeitório, ou em qualquer lugar, é algo simplesmente maravilhoso", concluiu.

EFE   
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