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Eleição nos EUA: 4 temas em que Trump e Hillary se assemelham

20 out 2016 - 15h14
(atualizado às 15h49)
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Eleição americana será no dia 8 de novembro
Eleição americana será no dia 8 de novembro
Foto: Getty Images

A eleição presidencial nos Estados Unidos vem sendo apresentada como uma dicotomia: a disputa de mulher contra homem, democrata contra republicano, discurso político experiente versus língua afiada.

As diferenças entre Hillary Clinton e Donald Trump parecem claras, mesmo antes das polêmicas acusações de assédio sexual contra o empresário americano.

Um abismo separa os candidatos em questões como imigração, aborto, segurança social, economia ou política internacional.

Além disso, ambos marcam posições opondo-se um ao outro.

"Tenho muito melhor juízo do que ela", afirmou Trump em seu primeiro debate com Hillary. "Também tenho muito melhor temperamento do que ela", acrescentou.

"Não concordo com quase tudo o que ele diz ou faz", afirmou Hillary sobre Trump no segundo debate.

Os especialistas concordam que as desavenças são fortes, ao menos em termos pessoais.

"Não é necessariamente a (eleição) mais polarizada no campo ideológico, mas pessoalmente muito forte", diz Bruce Oppenheimer, professor de Ciência Política da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

Contudo, tamanha confrontação na esfera pessoal deixou em segundo plano as coincidências entre os dois candidatos sobre questões importantes.

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Confira abaixo quatro temas em que propostas de Hillary e Trump são mais parecidas do que distintas.

1) Comércio exterior

Hillary e Trump indicaram que, se eleitos, promoverão políticas comerciais mais restritivas ou menos abertas do que as realizadas durante os oito anos da administração Barack Obama.

Ambos criticam a Parceria Transpacífico, acordo negociado pelo atual presidente americano com 11 outros países, incluindo México, Peru e Chile.

Parceria Transpacífico vem sendo criticada por Trump e Hillary
Parceria Transpacífico vem sendo criticada por Trump e Hillary
Foto: Getty Images

Além disso, os dois manifestaram interesse em taxar competidores desleais no exterior, referindo-se mais ou menos diretamente à China: segundo Trump, em seu eventual governo, a alíquota do imposto poderia subir para até 45% para mercadorias provenientes do gigante asiático. Hillary não falou em números.

O pano de fundo é o aumento da preocupação de setores da sociedade sobre os efeitos da liberalização do comércio sobre o mercado de trabalho americano.

Trump diz que Hillary mudou de ideia sobre a Parceria Transpacífico para imitá-lo, e lembra que, como secretária de Estado de Obama, havia classificado o tratado como uma de suas principais conquistas comerciais.

Oppenheimer diz acreditar que a mudança de Clinton responde a "circunstâncias eleitorais".

"A dúvida será sobre sua posição uma vez eleita presidente: provavelmente ela irá querer renegociar a parceria antes de declará-la morta."

Mas o especialista lembra que Trump não representa a "posição dominante" no Partido Republicano, tradicionalmente mais inclinado ao livre comércio.

2) Armas e listas de terrorismo

A posse de armas de fogo e a possibilidade de restringi-las é tema de outro debate acalorado entre Trump e Hillary.

Hillary se mostra disposta a aumentar o controle sobre a venda de armas de fogo. Atualmente, por exemplo, é possível adquiri-las pela internet.

Trump, no entanto, rejeita a maioria das restrições propostas para a compra de armas de fogo, lembrando que se trata de um direito previsto e consagrado pela Constituição americana.

Trump e Clinton concordam com a ideia de proibir venda de armas para pessoas que figuram na lista do governo como impedidas de voar de avião por supostas ligações com terroristas
Trump e Clinton concordam com a ideia de proibir venda de armas para pessoas que figuram na lista do governo como impedidas de voar de avião por supostas ligações com terroristas
Foto: Getty Images

Por suas posições, o empresário ganhou o apoio da influente National Rifle Association (Associação Nacional de Rifles, ou NRA, na sigla em inglês).

No entanto, apesar das desavenças, Trump e Clinton concordam com a ideia de proibir a venda de armas para pessoas que figuram na lista do governo como impedidas de voar de avião por supostas ligações com o terrorismo.

"Se você é considerado perigoso para voar deve ser considerado perigoso para comprar uma arma", disse Hillary em seu primeiro debate com Trump, em 26 de setembro.

"Concordo com você", acrescentou o empresário, em uma sincronia impressionante.

A declaração acabou valendo-lhe uma crítica dos defensores das armas de fogo, lembrando que as listas são consideradas imprecisas até por organizações de direitos civis.

3) Guerra do Iraque

A polêmica guerra do Iraque teve início em 2003, na gestão do republicano George W. Bush, e continua a ser um dos principais temas de discussão no país.

Trump lembra, sempre que pode, que Hillary, como senadora, votou a favor da resolução do Congresso que, em 2002, autorizou Bush a fazer uso da força no Iraque.

A democrata nega que tenha assinado um "cheque em branco" para Bush ir à guerra ou mesmo apoiado a política do ex-presidente de ataques preventivos.

Mas ela diz não se arrepender de seu voto.

Guerra do Iraque continua a ser um dos principais temas de discussão nos EUA
Guerra do Iraque continua a ser um dos principais temas de discussão nos EUA
Foto: Getty Images

Trump, por outro lado, diz repetidamente ter desaprovado a ida ao Iraque.

As evidências, por outro lado, sugerem o contrário.

No mesmo ano de 2002, o apresentador de rádio Howard Stern perguntou se Trump apoiaria a eventual invasão do Iraque, ao que o empresário respondeu: "Sim, acho que sim."

Hillary citou essa declaração do rival durante o primeiro debate presidencial.

Trump respondeu que seu comentário foi feito "sem pensar muito" e reiterou que, em privado, disse ao apresentador que a guerra desestabilizaria o Oriente Médio, mas não há registro dessa conversa.

Fato é que, após o início da guerra, Trump começou a expressar dúvidas sobre a operação, assim como Hillary.

4) Gastos em infraestrutura

Esse é um dos raros temas em que Hillary e Trump concordam: a ideia de que o governo federal aumente o investimento em infraestrutura, desde estradas a aeroportos e escolas.

Os dois veem o setor como meio de promover um crescimento econômico maior do que os Estados Unidos vêm registrando desde a crise de 2008.

Hillary prometeu enviar ao Congresso um plano de infraestrutura de US$ 275 bilhões (R$ 872 bilhões), financiado em grande parte a partir de uma revisão dos impostos comerciais.

Ambos candidatos veem gastos com infraestrutura como primordiais para retomar o crescimento da economia dos EUA
Ambos candidatos veem gastos com infraestrutura como primordiais para retomar o crescimento da economia dos EUA
Foto: Getty Images

Trump prometeu pelo menos o dobro do investimento, lançando as bases para um plano de reconstrução de até US$ 1 trilhão (R$ 3,17 trilhões). O dinheiro viria de um imposto a ser criado sobre uma nova fonte energética atualmente restrita.

Mas nem todos concordam com os candidatos: segundo Edward Glaeser, professor de economia da Universidade de Harvard, decisões políticas equivocadas podem resultar em desperdício de dinheiro público em locais menos necessitados.

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