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Donald Trump dialoga com líderes da extrema-direita

14 nov 2016 - 12h31
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O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump
Foto: Agência Brasil

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, começou a se reunir com políticos e líderes mundiais, com quem pretende cooperar durante seu governo. No último sábado (12), ele esteve reunido, em sua casa em Nova York, com o político de extrema-direita e líder do partido britânico UKIP, Nigel Farage.

Para a portuguesa Mônica Ferro, professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, a vitória de Trump pode alimentar ainda mais um crescente movimento de extrema-direita na Europa.

"São vários os países com partidos populistas demagógicos de direita no poder ou próximos da captura do poder. As próximas eleições na Holanda e na França serão momentos importantes para consolidar ou deter esta vaga da direita xenófoba", afirma.

O posicionamento político de Farage causou polêmica ao longo da discussão sobre o Brexit (referendo que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia), em meados deste ano. O político, eurocético e contrário à imigração, mantém estreita relação com Trump e se ofereceu para colaborar no fortalecimento das relações entre Estados Unidos e o Reino Unido.

No sábado, após visita a Trump, Farage escreveu em seu perfil no twitter que "foi uma grande honra passar tempo com @realDonaldTrump. Ele estava relaxado e cheio de boas ideias. Estou confiante de que ele será um bom presidente".

Outra liderança de quem Trump vem recebendo apoio abertamente é da francesa Marien Le Pen. A líder da Frente Nacional francesa afirmou ontem (13), em programa da rede inglesa BBC, que a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas aumenta suas chances de vitória nas eleições francesas de 2017.

Le Pen, assim como Trump e Farage, defende políticas contra a imigração. "Claramente a vitória de Donald Trump é uma pedra adicional na construção de um mundo novo, destinado a substituir o antigo. Eu não acho que é racista dizer que não podemos absorver toda a pobreza do mundo. Nós não vamos receber mais pessoas. Chega!"

Segundo a portuguesa Mônica Ferro, é preocupante o fato de movimentos chamados "nacionalistas" trazerem colados às suas agendas a redução dos direitos de grupos vulneráveis como as minorias éticas, religiosas ou mesmo os grupos LGTB. "Veja o impacto que a crise dos refugiados e as migrações estão [causando] na Alemanha ou que terão na França e na Holanda. E o peso que a narrativa anti-imigração teve na campanha eleitoral norte-americana. Isso tem que colocar toda a sociedade em alerta. A nós, cidadãos, mas também a quem nos governa e a quem nos conta como o mundo vai - a comunicação social", defende.

Estados Unidos e Portugal mantêm relações fortes

A pesquisadora Mônica Ferro afirma, ainda, que a relação entre Portugal e os Estados Unidos é antiga e forte, já que o país foi um dos primeiros a reconhecer a independência dos Estados Unidos. "A nossa relação está pontuada por episódios simbólicos como o fato de a Declaração de Independência ter sido celebrada com vinho da [Ilha da] Madeira. Somos ambos estados fundadores da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a presença militar norte-americana na Base das Lajes foi sempre um fato de grande proximidade", disse.

Para ela, a eleição de Trump causará efeitos colaterais caso signifique o fim do Acordo de Livre Comércio entre os Estados Unidos e a União Européia. "Em tudo o mais, a percepção é de que os nossos imigrantes não serão afetados, pois Trump nunca levantou problemas em relação aos migrantes europeus. E [espera-se] que as empresas portuguesas não sejam prejudicadas por uma deriva isolacionista que possa vir a surgir", afirmou.

Para a pesquisadora, "politicamente, sempre houve muita solidariedades entre os países em torno dos valores de direitos humanos, igualdade de gênero e não discriminação e de empenho no multilateralismo, entre outros. Mas há, sim, algum receio de que um recuo americano na defesa intransigente destes valores possa ter consequências políticas mais profundas" finalizou.

Agência Brasil Agência Brasil
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