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Distúrbios no Mundo Árabe

Brasileiro diz que governo da Síria mata mais que jihadistas

Entre estupros, apedrejamentos, decapitação em praça pública, casamentos de meninas e exposição sistemática à violência causada pelos extremistas, a população síria ainda sofre por um governo que mata centenas todos os dias

16 set 2014 - 08h55
(atualizado às 08h59)
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O brasileiro já entregou oito relatórios diferentes de violências cometidas no país
O brasileiro já entregou oito relatórios diferentes de violências cometidas no país
Foto: Pierre Albouy / Reuters

Com o acordo entre países do ocidente e aliados árabes, feito em Paris nesta segunda-feira, para combater os jihadistas do Estado Islâmico, investigadores da ONU, liderados pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, esquentam o tema com a divulgação nesta terça-feira de mais um relatório que descreve as atrocidades cometidas por extremistas e também pelo governo sírio de Bashar al-Assad. As informações são do The New York Times.

Em três anos de trabalho, Pinheiro já entregou oito relatórios sobre a violência no país e entregou o último hoje em Genebra, ao Conselho de Direitos Humanos. Segundo o documento, além dos dois jornalistas americanos decapitados, James Foley e Steven J. Sotloff, e o voluntário britânico, David Cawthorne Haines, dezenas de civis sírios sofrem da mesma violência em praças públicas ao norte e ao leste do país.

O Estado Islâmico massacra pessoas em campos de gás na província de Homs, já matou centenas de soldados capturados em Raqqah, no nordeste da Síria, entre julho e agosto, e exterminou centenas de membros da tribo Sheitat no nordeste da província de Deir al-Zour.

Mais absurdo ainda são os crimes cometidos contra crianças e mulheres sírios. “Crianças são encorajadas a presenciar execuções”, revelou Paulo, descrevendo uma exposição sistemática dos menores à violência. “Crianças vagam em praças públicas onde corpos são exibidos em cruzes”.

Já as mulheres, que não quiseram ser identificadas, acusaram casos de estupros e abusos, além de serem apedrejadas até a morte em locais públicos, com acusações de adultério, por exemplo. Quando não são apedrejadas, são exibidas, amarradas e descobertas em praças por todo o país. A educação tem sido negada para meninas, que estão sendo obrigadas a se casar cada vez mais novas.

Apesar das atrocidades cometidas contra a população da Síria pelos extremistas islâmicos, o brasileiro aponta que o governo de Bashar al-Assad “é responsável pela maioria das mortes das pessoas, matando e mutilando dezenas de civis por dia” por meio, por exemplo, de bombardeios, bombardeios aéreos  e interrogatórios. 

Entre as dezenas de depoimentos de testemunhas escolhidos, havia relatos de famílias separadas por bombardeios e de ex-prisioneiros que descreveram torturas sofridas em centros de detenção do governo e mortes de companheiros de cela por causa de ferimentos sofridos durante interrogatório e assistência médica insuficiente. Um prisioneiro detido numa prisão militar informou que as pessoas sofrem de desnutrição grave, sendo acorrentados nuas, dormindo dois ou quatro em uma mesma cama, sem atenção médica suficiente. 

Fonte: Terra
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