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Desemprego continuará crescendo no mundo tanto em 2016 como em 2017, diz OIT

19 jan 2016 - 21h21
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O desemprego seguirá crescendo no mundo tanto em 2016 como em 2017, segundo os últimos cálculos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que estima que no final desse ano haverá quase 200 milhões de desempregados.

A OIT apresentou nesta terça-feira o estudo anual "Perspectivas Sociais e do Emprego no Mundo: Tendências 2016", no qual tenta analisar as tendências dos mercados de trabalho.

Segundo suas próprias estatísticas, 2015 acabou com 197,1 milhões de pessoas sem trabalho, 27 milhões a mais que antes da crise de 2007.

Os economistas da OIT preveem que em 2016 outros 2,3 milhões de trabalhadores se transformem em desempregados, o que elevaria o total de parados no final deste ano a 199,4 milhões.

A esse já considerável número "é provável" que se somem 1,1 milhão de pessoas sem trabalho em 2017, advertiu a entidade.

"É provável que a desaceleração econômica mundial de 2015 tenha um efeito retardado nos mercados de trabalho em 2016", argumentou o texto.

O aumento do número de litigantes de emprego virá principalmente dos países emergentes e em desenvolvimento, segundo o relatório, em particular os da América Latina assim como alguns países asiáticos (especialmente a China) e vários países árabes exportadores de petróleo.

"A significativa desaceleração das economias emergentes junto a uma drástica diminuição dos preços das matérias-primas têm um efeito negativo sobre o mundo do trabalho", declarou em entrevista coletiva o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.

Este aumento do desemprego nos países emergentes e em desenvolvimento contrasta com a melhora da taxa de desemprego das economias desenvolvidas, que caiu de 7,1% em 2014 a 6,7% em 2015.

"Em vários casos, no entanto, estas melhoras não foram suficientes para anular o déficit do emprego que se gerou como resultado da crise financeira mundial", especificou o relatório.

Um dos problemas principais ressaltados pelo relatório é que muitos dos empregos existentes são precários, por serem temporários, de meio período ou mal remunerados.

"Muitos trabalhadores e trabalhadoras têm que aceitar empregos mal remunerados, tanto nas economias em desenvolvimento como nas emergentes e, cada vez mais, nos países desenvolvidos", lamentou Ryder.

O diretor-geral da OIT fez especial ênfase em destacar a importância "de um salário de sobrevivência", ou seja, a importância que uma pessoa que trabalhe em tempo integral obtenha um salário que lhe permita sustentar ele ou ela e sua família dignamente.

"É inaceitável que em muitos casos isto não ocorra", ressaltou Ryder, lembrando que um piso de sobrevivência é diferente de um seguro-desemprego.

Segundo os dados da OIT, o emprego vulnerável ainda representa mais de 46% do total do emprego em nível mundial, e afeta cerca de 1,5 bilhão de pessoas.

O emprego vulnerável é especialmente alto nas economias emergentes e em desenvolvimento, onde alcança entre a metade e dois terços da população empregada nesses grupos de países, respectivamente, com os níveis mais altos na Ásia Meridional (74%) e na África Subsaariana (70%).

Existem, além disso, grandes diferenças entre os gêneros no que se refere à qualidade do trabalho.

Assim, em certos países do norte do Magrebe, da África Subsaariana e de países árabes, as mulheres tem de 25% a 35% mais risco de emprego vulnerável que os homens, denunciou o documento.

Por outra parte, o relatório mostra que o emprego informal representa mais de 50% na metade dos países em desenvolvimento, e em um terço destas nações afeta mais de 65% dos trabalhadores.

"A falta de empregos decentes faz com que as pessoas recorram ao emprego informal, que geralmente se caracteriza por baixa produtividade, baixos salários e nenhuma proteção social. Isto deve mudar", pediu Ryder.

Além disso, o diretor-geral da OIT lembrou que há consenso entre os líderes políticos sobre a importância de lutar contra a informalidade e que o único debate se situa em "como" fazê-lo.

"Mas é o rumo correto a tomar", concluiu.

EFE   
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