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Brincadeiras ajudam crianças refugiadas a se adaptarem

12 mar 2017 - 09h03
(atualizado às 09h03)
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Brincadeiras ajudam crianças refugidas a se integrarem e se adaptarem ao novo país, segundo a diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) Rosita Milesi. "É brincando que eles se entendem de alguma forma, mesmo que a língua não seja a mesma do colega, eles se comunicam por meio da atividade", diz em entrevista à Agência Brasil.

Brincadeiras ajudam crianças refugidas a se integrarem e se adaptarem ao novo país, segundo a diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos,  Rosita Miles
Brincadeiras ajudam crianças refugidas a se integrarem e se adaptarem ao novo país, segundo a diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos, Rosita Miles
Foto: Agência Brasil

Há três anos, a IMDH promove atividades lúdicas em alguns finais de semana para reunir crianças refugidas e suas famílias e crianças brasileiras. O chamado Encontro Crianças sem Fronteiras ocorreu hoje (11) em Brasília. Participaram cerca de 100 imigrantes além de outros 100 brasileiros.

"O que a gente busca é que as crianças não se sintam isoladas porque falam diferente, porque não conseguem se expressar bem. Estes aspectos são superados facilmente por meio do lazer", diz Rosita. O período mais crítico de adaptação das crianças dura até um ano, segundo a diretora. É neste período que a instituição tenta reforçar o apoio às famílias, seja na alimentação, com brinquedos ou com roupas. Também há um acompanhamento para que as crianças e jovens sejam matriculados em escolas.

"Essas crianças vieram dos seus países de forma inesperada, deixaram a sua casa, seus amigos, todo o seu contexto", diz Rosita. "A brincadeira pode parecer um detalhe, mas é um detalhe importante. Às vezes as famílias mal trouxeram alguma coisa, os pais não trazem nenhum brinquedo. A criança não tem com quem brincar, não conhece novos amigos, é um drama para ela. Às vezes só choram e aparentemente não tem explicação. Este aspecto temos que olhar com mais carinho", reforça.

Até o início de 2016, o Brasil tinha 8.863 refugiados, segundo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). Os sírios fazem parte da maior comunidade de refugiados reconhecidos no Brasil. Eles somam 2.298, seguidos dos angolanos (1.420), colombianos (1.100), congoleses (968) e palestinos (376). Ao todo são 79 nacionalidades. Segundo a representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) no Brasil, Isabel Marquez, a maior parte dos refugiados no Brasil são adultos. "No mundo, a porcentagem de crianças é 45% a 55% dos refugiados. No Brasil, a porcentagem é menor, mas mesmo assim significativa". Segundo ela, os menores de 18 anos são considerados crianças.

"As crianças refugiadas fogem de perseguição, fogem de zonas de conflito. Elas não somente vêm para um país novo, como vêm com muitos traumas e, alguns desacompanhados ou separados das famílias", diz.  "O mais importante é que estas crianças sejam registradas e tenham acesso a moradia e a educação". De acordo com Isabel, o Brasil possui um bom sistema de acolhimento, comparado a outros países. "Contrariamente ao imigrante que vem por situações econômicas, eles fogem de guerra e eles saem sem nada e portanto precisam de muito aqui".

O Acnur apoia o IMDH e Isabel estava presente no evento deste sábado. O encontro ofereceu às crianças pintura, jogos, brinquedos infláveis e atividades manuais. Além disso, foi feito um almoço para as famílias e foi realizado um bazer e distribuição de kits de higiene.  Para Neha Zahra, 13 anos, o momento foi de encontrar amigos e se divertir. Ela veio para o Brasil há 5 meses, com o pai, fugindo de perseguição religiosa no Paquistão. "Minha vida é boa, temos alguns problemas, meu pai está desempregado, mas eu gosto do Brasil", diz.

Agência Brasil Agência Brasil
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