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Basílicas, construções medievais e torres: centenas de obras de arte estão em risco após terremoto na Itália

26 ago 2016 - 12h25
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Amatrice é considerada um patrimônio muito importante, uma cidade projetada fundada no século 12
Amatrice é considerada um patrimônio muito importante, uma cidade projetada fundada no século 12
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Enquanto continuam as buscas por sobreviventes entre os escombros do terremoto de magnitude 6.2 que atingiu a Itália, um outro alerta veio à tona: o patrimônio histórico e cultural da região corre perigo.

Segundo um levantamento divulgado nesta quinta-feira pelo Ministério para os Bens Culturais, 293 bens históricos e culturais foram destruídos ou estão seriamente ameaçados em um raio de 20 km do epicentro do terremoto.

A maior parte dos danos aconteceu em Amatrice, onde basílicas, igrejas, bibliotecas, portas romanas, torres e pontes de grande valor histórico viraram pó.

"Amatrice era muito importante porque foi uma cidade fundada na metade do século 12. Não é um vilarejo que cresceu, foi uma cidade projetada, como Brasília. O plano da cidade é único na Itália", explicou à BBC Brasil o professor Alessandro Viscogliosi, da Faculdade de Arquitetura da Universidade Sapienza, em Roma.

Há anos ele pesquisa e escreve sobre a região, onde tinha uma casa que também desabou no terremoto.

"No momento do terremoto eu deveria estar em Amatrice com um grupo de seis estudantes e outros colegas professores", contou Viscogliosi. O grupo adiou a pesquisa por questões médicas.

Ele coordena um projeto de pesquisa sobre o patrimônio histórico e urbanístico da região. No verão, quando o clima é quente, costumam acontecer os trabalhos de pesquisa de campo.

"Amatrice era uma cidade especial também porque dela dependiam cerca de 80 outros vilarejos menores vizinhos. São muitas casas medievais e igrejas com obras de arte espalhadas pela região", afirmou Viscogliosi.

Até o momento, sabe-se que na cidade foram gravemente atingidas pelo terremoto a basílica de São Francisco, a Igreja de Santo Agostinho e o museu cívico.

A cidade vizinha de Accumoli também abriga portas medievais e palácios, e sua história remonta ao século 11. Em 1643, a vila foi comprada pela família Medici (mecenas de grandes artistas como Michelangelo e Rafael) e mais tarde vendida ao reino de Nápoles.

Próximos passos

O Ministério para Bens Culturais ativou quatro unidades de crise para avaliar os danos e prevenir maiores estragos.

"Agora ainda estamos buscando sobreviventes. Assim que as condições mínimas de segurança forem garantidas, equipes irão à região", disse à BBC Brasil por telefone a partir de Roma, Paolo Iannelli, engenheiro membro da unidade de crise.

Segundo ele, o ministério conta com protocolos e procedimentos que já foram usados em outras situações de emergência. Os próximos passos incluem mapeamento dos danos e análise técnica dos bens a serem retirados do local, protegidos ou restaurados.

"Agora o maior desafio é minimizar o dano aos bens culturais que ainda estão em pé. Se chove, por exemplo, pode se perder o material sob os escombros em museus e bibliotecas", acrescentou Ianello.

Outro risco também seriam possíveis roubos e danos, principalmente a obras de arte dentro das igrejas.

"A grande desgraça do terremoto em Áquila (em 2009) foi que preciosas estátuas de terracota desabaram no chão e se quebraram. Mas também é preciso ficar atento aos ladrões de obra de arte", afirmou o professor Viscogliosi.

Em gesto de solidariedade, o governo convidou os italianos a visitarem museus neste domingo, 28, quando toda a arrecadação dos ingressos será doada aos esforços de reparação dos bens artísticos atingidos pelo terremoto.

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