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Ásia

Park encara prisão e Coreia do Sul inicia campanha para buscar substituto

17 abr 2017 - 09h44
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Os procudadores acusaram formalmente nesta segunda-feira a ex-presidente sul-coreana Park Geun-hye pelo envolvimento no caso "Rasputina", no mesmo dia em que começou a campanha para as eleições que determinarão seu sucessor.

Park, que perdeu sua imunidade presidencial após ser destituída em 10 de março, está em prisão preventiva há quase 20 dias por seu envolvimento na rede criada junto com sua amiga Choi Soon-sil (conhecida como "Rasputina" por sua influência sobre a governante), que supostamente extorquiu de grandes empresas cerca de US$ 70 milhões.

A procuradoria apresentou hoje acusações contra Park - que defendeu em todos os interrogatórios sua inocência- , por abuso de poder, coerção, vazamento de segredos oficiais e subornos, delitos que são castigados com um mínimo de 10 anos de prisão ou até com prisão perpétua na Coreia do Sul.

Os investigadores quiseram acelerar na medida do possível seu julgamento para fazer com que a notícia tenha pouca influência na campanha para eleições presidenciais de 9 de maio que começou hoje com 15 candidatos em disputa.

Mesmo assim, é esperado um baque de todos os partidos de direita após o tremendo fiasco da conservadora Park por causa do caso de corrupção que sacudiu e colocou em dúvida os alicerces de um país que quer ingressar proximamente no clube das dez maiores economias do mundo.

Está previsto que a presidência seja disputada entre Moon Jae-in, do Partido Democrático (o que tem mais cadeiras no Parlamento), e o chamado "Bill Gates" sul-coreano, Anh Cheol-soo, que concorre sob as siglas do Partido Popular (centro-esquerda) e que em algumas pesquisas está só a três pontos percentuais de distância.

Isso pelo menos pode ser deduzido em sondagens que mostram um país decidido deixar o mais rápido possível Park no passado.

Entre os líderes de pesquisas, o "ativista" Moon começou como advogado de direitos civis e perdeu as eleições presidenciais de 2012 contra a governante deposta, enquanto Ahn é visto como o "empresário pragmático".

Enquanto hoje o primeiro prometeu criação de emprego no setor público em um comício realizado em Daegu (centro do país), o segundo passeou por um mercado da cidade de Gwangju, considerado a maior fortificação da esquerda no país asiático.

Em todo caso, ambos deverão tratar de convencer os sul-coreanos de que serão capazes de redesenhar um modelo de Estado assolado pela corrupção e o poder desmesurado dos "chaebol", os grandes conglomerados sul-coreanos, envolvidos no caso "Rasputina".

O envolvimento, anunciado hoje também, do presidente do Grupo Lotte, Shin Dong-bin, que supostamente doou ao caso "Rasputina" mais de US$ 6 milhões, mostra o alcance de um caso que já determinou o envio à prisão de maneira preventiva do líder da maior empresa do país, Samsung.

Entre as primeiras e difíceis decisões do candidato ganhador estará a de perdoar a pena de Park, tal e como já foi feito nos anos 90 com os outros dois ex-presidentes condenados à prisão para evitar um maior problema social. Ou não perdoar e assim mostrar um verdadero compromisso na luta contra a corrupção.

Outro difícil desafio será o de gerenciar a atual situação de grande tensão vivida na península pelos contínuos testes armamentísticos da Coreia do Norte, país com o qual o Sul está tecnicamente em guerra há mais de 65 anos.

Tanta uma hipotética vitória de Moon como de Ahn fazem pressagiar uma mudança de rumo nas péssimas relações com Pyongyang após uma década de Governos conservadores em Seul e também, embora em menor medida, no entendimento com Washington.

Nesse sentido, a política de pressão endurecida pela qual advoga a Administração americana de Donald Trump (que inclusive insinua ataques preventivos contra a Coreia do Norte) poderia topar com certa resistência do futuro o novo inquilino da Casa Azul (o palácio presidencial sul-coreano).

EFE   
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