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Ásia

O futuro incerto da popular "fábrica de bebês" das Filipinas

13 jun 2016 - 06h23
(atualizado às 11h52)
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O popular hospital público Dr. Jose Fabella Memorial Hospital, conhecido em Manila como a "fábrica de bebês" e que em sua melhor época dava boas-vindas a centenas de crianças diariamente, pode fechar suas portas, o que deixou grupos da sociedade civil indignados.

Nos últimos dois meses, o hospital, reconhecido como um importante centro para as mães mais humildes da capital pelo baixo custo dos serviços, reduziu praticamente à metade o número de mulheres admitidas, que caiu de uma média de 700 a menos de 400.

"Aqui atendemos as mulheres, mesmo que não possam pagar os 2 mil pesos (cerca de R$ 150) que custa o parto natural e sem complicações. Cada uma paga o que pode, nem mais nem menos", declarou à Agência Efe a médica Antoinette Pacapac, porta-voz do Fabella, como também é conhecido nas Filipinas.

No entanto, ela reconhece que, neste momento, o Fabella admite "apenas mulheres que estão a ponto de dar à luz quando chegam ao hospital e não têm tempo de ir a outro local". Com isso, o número de nascimentos diários caiu em poucos meses de 100 a menos de 50.

A razão exposta pela direção do Fabella para a redução drástica de seus serviços é o risco de desabamento do edifício - construído há mais de 70 anos - caso aconteça um terremoto na região, algo que as autoridades temem que possa ocorrer nos próximos anos.

"Em janeiro deste ano, uma empresa independente fez um estudo da estrutura do prédio e recomendou a mudança de local o mais rápido possível", relatou à Efe o diretor do Fabella, o médico Esmeraldo T. Ilem.

Segundo ele, o número de pacientes será limitado até que o hospital seja transferido a um novo endereço, apesar de ninguém saber quando isso acontecerá.

"Não vamos fechar. É simplesmente uma mudança", garantiu o diretor.

No entanto, várias organizações da sociedade civil e funcionários do hospital estão convencidos de que a explicação oficial é mera desculpa e acreditam que, na realidade, o encerramento das atividades de forma imediata serviria para vender o terreno, onde será construída uma área comercial.

"Fazem tudo pelo dinheiro. Falamos com a empresa que examinou o edifício e eles mesmos disseram que não é verdade que esteja em mau estado", afirmou à Efe Elvira Mendoza, funcionária do Fabella e integrante da Aliança de Trabalhadores da Saúde.

A Organização Gabriela, que defende direitos da mulher, também dúvida da veracidade do estudo que aponta a fragilidade do majestoso prédio.

"Quero ver o Ministério da Saúde mostrar às partes envolvidas os documentos que provam que o Fabella é perigoso", desafiou a ex-presidente da Gabriela, Emmi de Jesus, em comunicado.

Emmi denunciou que o fechamento do hospital inevitavelmente provocará um aumento no total de mulheres que morre durante o parto nas Filipinas, que, hoje, é de 11 por dia, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Atualmente, o país tem 98,39 milhões de habitantes.

As organizações civis do país também apontam que a redução no número de pacientes admitidos no Fabella é uma irresponsabilidade do governo, já que o centro médico é considerado uma autêntica tábua de salvação para as mães mais pobres do país.

"O fechamento do Fabella, uma instituição pública de maternidade muito importante, é uma clara violação do direito do povo à assistência médica, especialmente dos mais necessitados", afirmou neste mês ao Congresso o representante do Partido Bayan Muna, Carlos Zarate.

"É outro duro golpe às pessoas pobre das Filipinas que já sofrem com o péssimo e inadequado sistema de saúde público", acrescentou Zarate.

EFE   
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