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Ásia

Morre Bhumibol Adulyadej, rei que mais tempo ocupava um trono no mundo

13 out 2016 - 10h02
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O rei Bhumibol Adulyadej da Tailândia morreu nesta em Bangcoc aos 88 anos como o decano dos monarcas do mundo, após reinar durante sete décadas e ganhar o respeito e veneração da grande maioria dos tailandeses.

O rei nasceu no dia 5 de dezembro de 1927 nos Estados Unidos, foi o segundo filho homem do príncipe de Songkla, Mahidol Adulyadej, e a princesa Srinagarindra, Mom Sawal, de sangue plebeu.

A família retornou à Tailândia em 1929 e o pai, que tinha cursado estudos de medicina, com uma saúde precária, morreu no ano seguinte.

Após um breve período no colégio católico Mater Dei, e completados seis anos, viajou para a Suíça, onde, salvo um breve retorno em 1938, morou até terminada a Segunda Guerra Mundial.

Nesse período, Ananda Mahidol, irmão mais velho de Bhumibol, foi declarado herdeiro ao trono em 1935, depois da abdicação de seu tio Rama VII.

O reinado de Ananda foi breve: voltou a Tailândia em 1945 e morreu no ano seguinte em um fato nunca esclarecido após aparecer em palácio ferido de morte por arma de fogo.

Bhumibol foi eleito sucessor e, após deixar como regente a seu tio Rangsit, príncipe de Chainat, retornou à Suíça, onde mudou seus estudos em Ciências pelos de Ciências Política e Direito.

Nessa época estava em Paris com sua futura esposa, Sirikit Kitiyara Rajawongse, uma prima distante, filha do então embaixador da Tailândia na França, "uma jovenzinha de 15 anos, doce e sem ares de grandeza" que estudava música e francês, segundo a biografia oficial.

A relação se estreitou quando Sirikit se tornou assídua visitante do soberano durante sua convalescência em um hospital de Lausanne por causa de um acidente de trânsito no qual ficou cego de um olho.

Ambos se casaram no dia 28 de abril de 1950 na Tailândia e sete dias depois Bhumibol foi coroado.

O jovem rei começou a dedicar um interesse particular pelos projetos de desenvolvimento rural e bem-estar social durante as décadas de 50 e 60, quando se sucederam os governos militares.

Às sextas-feiras, o monarca relaxava com sua Banda Aw Saw e músicos convidados no que transformou em uma noite musical que chegou a ser transmitida pela emissora de rádio da Coroa.

A partir de 1963, após a morte do general Sarit Thanarat, começou a intercalar comentários políticos em seus pronunciamentos públicos.

O primeiro teste de autoridade e habilidade política aconteceu em 1973, quando reagiu ao massacre de estudantes que se manifestavam contra o governo militar.

A intervenção real acabou com a violência nas ruas e o então primeiro-ministro, o general Thanon Kittikachorn, se exilou e abriu passagem a um período democrático que não durou muito.

Um golpe militar amparado pelo rei acabou com o experimento democrático em 1976, em um momento no qual o comunismo se assentava no Vietnã, Camboja e Laos.

Os golpes militares se sucedem na seguinte década e meia: em 1977, 1980, 1981, 1985 e 1991.

O papel que desempenhou o soberano em 1992 ficou na história oficial tailandesa como exemplo de seu reinado, ao mediar entre o general golpista Suchinda Krapayoon e o movimento democrático e acabar com a sangrenta repressão, abrindo caminho à realização de eleições.

Outro momento de destaque aconteceu em 1997, durante a crise financeira asiática, quando respaldou a embrionária democracia e se pronunciou em público contra outro golpe militar.

O reinado de Bhumibol comemorou seu 60º aniversário em 2006, ano do golpe militar que derrubou o magnata Thaksin Sinawatra e abriu uma crise que o país ainda arrasta.

O monarca viveu rodeado de uma equipe de médicos desde que em 1995 foi operado em duas ocasiões por problemas cardiovasculares.

O soberano viveu hospitalizado de 2009 a 2013 e deixa quatro filhos com a rainha Sirikit: as princesas Ubol Ratana, Sirindhorn e Chulabhorn, e o príncipe Vajiralongkorn, herdeiro ao Trono.

Falava francês e inglês com fluência, e seus maiores hobbies foram a engenharia civil e a música, em particular o jazz, estilo no qual compôs várias melodias ajudado por seus dotes com o clarinete e o saxofone.

Foi pintor amador e entusiasta da fotografia, autor de vários livros e tradutor de outros tantos, entre estes a biografia do presidente iugoslavo "Tito", escrito por Phillis Auty, e "A Man Called Intrepid", do romancista Willian Stevenson.

Segundo a tradição local, Rama IX, apelidado de "O Grande", encarnou os dez princípios morais dos reis do ideal budista: caridade com os pobres, moralidade, sacrifício de seus interesses pessoais, honestidade, cortesia, domínio de si mesmo, tranquilidade de temperamento, não violência, paciência e imparcialidade, segundo a biografia oficial "O rei Bhumibol. Força da Nação".

EFE   
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