PUBLICIDADE

Ásia

Após 40 anos, Igreja Católica abre 1ª universidade no Vietnã

29 out 2016 - 06h02
(atualizado às 13h20)
Compartilhar
Exibir comentários

Após quatro décadas de proibição e longas negociações, o regime comunista do Vietnã permitiu à Igreja Católica abrir sua primeira universidade no país, o Instituto Católico.

A inauguração do centro em Ho Chi Minh (antiga Saigon) denota a aproximação do Vaticano com as autoridades vietnamitas nos últimos tempos e chega cinco anos depois de a Conferência Episcopal o solicitar em carta pastoral.

Vietnã
Vietnã
Foto: Google Maps / Reprodução

A universidade abriu suas portas em setembro com o objetivo de "aprimorar o conhecimento teológico e a capacidade de todos os sacerdotes, religiosos e laicos", segundo o bispo e reitor do Instituto, Joseph Din Duc Dao, no discurso inaugural.

Os bispos vietnamitas pediam que o governo abrisse a porta para "pessoas religiosas de boa vontade que desejam se envolver com a educação" e o primeiro fruto foi esta faculdade.

"É um sonho para a Igreja no Vietnã. Antes de 1975, eram duas universidades católicas no Vietnã e uma Universidade Pontifícia. De lá para cá, a educação passou a pertencer ao governo", explicou à Agência Efe Anthony Nguyen Cao Sieu, padre e professor do centro.

O Instituto Católico, instalado temporariamente na sede da Conferência Episcopal do Vietnã, em uma viela próxima ao centro da cidade, oferece estudos de Teologia a seus 19 estudantes (a maioria seminaristas), mas acredita que ampliará a oferta de vagas no futuro.

"Esperamos abrir mais faculdades, mas primeiro temos que encontrar um terreno grande em um lugar adequado para nossas instalações, e ter o dinheiro para comprá-lo. Também precisamos de bons professores católicos de todas as áreas, muitos deles trabalham agora em universidades públicas", diz Sieu.

O Vietnã do Sul se manteve próximo à Igreja Católica durante seus 20 anos de existência (1955-1975) e contou com mais de 2 mil centros educacionais até 1975, quando o Vietnã do Norte ganhou a guerra e o país se reunificou. O catolicismo, com mais de 6 milhões de fiéis (o segundo maior do país, depois do budismo), não foi proibido, mas as relações diplomáticas com a Santa Sé foram rompidas e a Igreja se viu forçada a deixar todos os seus institutos, que passaram a ser administrados pelo governo.

O catolicismo viveu seus momentos mais difíceis durante as duas primeiras décadas do regime comunista, quando eram frequentes as prisões de sacerdotes que exigiam mais liberdades. As relações foram melhorando a partir dos anos 90, quando o regime embarcou em uma série de reformas econômicas e políticas que o levaram a se abrir ao comércio internacional.

Essa aproximação permitiu nos últimos anos a criação de jardins da infância administrados por freiras, especialmente em áreas remotas ou especialmente afetadas pela pobreza.

O governo também aceitou a criação de escolas de formação profissional dirigidas pela ordem dos Salesianos em várias províncias e devolveu à Igreja a liberdade plena para escolher seus candidatos nos seminários.

Embora Vietnã e Vaticano continuem sem manter relações diplomáticas, nos últimos anos ocorreram visitas dos líderes do Partido Comunista à Santa Sé. Em 2014, o papa Francisco recebeu Nguyen Tan Dung, à época primeiro-ministro vietnamita, um ano depois de o secretário-geral do Partido Comunista, Nguyen Phu Trong, visitar Bento XVI.

A abertura da universidade católica aconteceu em um momento em que a Assembleia Nacional debate uma nova lei para regulamentar os cultos religiosos.

Depois das Filipinas, o Vietnã é o segundo país da Ásia com o maior número de adeptos do catolicismo, religião presente no país desde a chegada dos primeiros missionários portugueses no século 15.

EFE   
Compartilhar
Publicidade
Publicidade