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Ásia

Coréia do Norte enaltece dinastia Kim em pleno período de tensão

14 abr 2017 - 11h54
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Em meio a uma grande tensão bélica na região, a Coreia do Norte optou nesta sexta-feira em focar-se nas festividades pelo centenário de seu fundador, Kim Il-sung, enaltecendo sua figura e de toda a dinastia Kim.

Os preparativos para o grande desfile militar de amanhã continuaram em Pyongyang com os arredores da praça Kim Il-sung completamente fechados, enquanto os cidadãos ensaiavam para a parte civil do evento, que uma vez mais servirá para mostrar lealdade e respeito ao líder Kim Jong-un.

Os olhos da comunidade internacional estarão muito atentos ao desenvolvimento armamentista que Pyongyang poderia demonstrar, enquanto se continua sem descartar que o regime faça um novo teste nuclear coincidindo com o 105º aniversário do nascimento do chamado "presidente eterno".

Rússia e China, aliados históricos da Coréia do Norte, pediram hoje contenção a todas as partes perante a escalada que se vive nestes dias na região, e Pequim chegou a dizer que "se houver uma guerra, o resultado será uma situação na qual todos perderão e ninguém sairá vencedor".

Na estação de metro de Panhung, no centro da capital norte-coreana, um homem de 60 anos lia no "Rodong" (jornal oficial do Partido dos Trabalhadores) uma notícia sobre o marechal Kim Jong-un passando em revista suas tropas.

"Temos fé em que, se houvesse uma guerra, ganharíamos. Eu lutaria por meu país", declarou orgulhoso.

Ri Chong Rhin, um trabalhador de uma fabrica de alimentos de 33 anos, também não mostrou nenhuma inquietação pela situação que levou os Estados Unidos a insinuar um ataque preventivo perante os contínuos lançamentos de mísseis da Coreia do Norte.

"Medo? Não sou um menino. Me sinto muito seguro em meu país", disse Ri à Efe, acrescentando que, para ele, o presidente dos EUA, Donald Trump, é igual a seus predecessores.

O regime norte-coreano voltou a criticar os EUA hoje com dureza por enviar o porta-aviões nuclear Carl Vinson à península coreana em resposta a seus contínuos lançamentos de mísseis, o que leva a "uma perigosa situação na qual pode explodir uma guerra termonuclear a qualquer momento".

"Os EUA introduziram na península coreana, o ponto mais quente do mundo, ativos nucleares massivos, ameaçando seriamente a paz e a segurança da península e levando a situação à beira da guerra", advertiu o Ministério de Relações Exteriores norte-coreano em comunicado.

Pyongyang viveu hoje, no entanto, uma jornada dedicada a prestar homenagem a Kim Il-sung, avô do atual líder, na véspera do denominado "Dia do Sol".

Yong hi, uma mulher de 45 anos que participa dos festejos da maior comemoração do país, assegurou à Efe que se sente "orgulhosa e alegre porque estar no desfile lhe permitirá ver Kim Jong-un de perto".

No teatro do Palácio dos Meninos de Pyongyang, um centro de atividades extracurriculares de mais de 100.000 metros quadrados, um espetáculo por ocasião do "Dia do Sol" reuniu uma multidão de turistas e delegações estrangeiras.

Uma apresentação de múltiplas cores e perfeitamente sincronizada interpretada exclusivamente por virtuosos meninos que cantavam, dançavam e faziam truques de mágica, em honra à pátria e à dinastia Kim.

"Tudo o que faz o governo norte-coreano está dirigido a potencializar o mandato dos Kim. Ao celebrar dias festivos conectados com o fundador, Kim Jong-un pretende reforçar sua legitimidade como descendente de sangue de seu grande predecessor", explicou à Efe o especialista da universidade sul-coreana de Busan, Robert Kelly.

O "Dia do Sol" será uma nova oportunidade para o regime comunista norte-coreano lembrar ao mundo não só sua força militar, mas também o fervor a uma dinastia que se mantém mais de sete décadas depois.

"Os norte-coreanos não temos deuses. Nossos líderes são nossa religião", sentenciou Yolsu, um hoteleiro de 26 anos que exibe como todos os adultos do país uma insígnia na lapela com a imagem do pai ou do avô de Kim Jong-un.

EFE   
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