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Ásia

China propõe pacto aos EUA e Coreia do Norte para evitar "colisão frontal"

8 mar 2017 - 09h37
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O governo chinês propôs nesta quarta-feira um pacto aos Estados Unidos e Coreia do Norte para conter o recente aumento das tensões e evitar uma "colisão frontal", em uma nova tentativa de Pequim de se posicionar como o "estabilizador" da cena global.

O ministro das Relações Exteriores do país, Wang Yi, sugeriu hoje que Pyongyang suspenda seus testes armamentísticos em troca de Washington e Seul cessarem suas manobras militares, e então, voltarem à mesa de negociações.

"Ambas as partes são dois trens que aceleram, se dirigem em direção ao outro e ninguém quer deixar passar. A pergunta é: estão realmente preparados para uma colisão frontal?", manifestou Wang na única entrevista coletiva que oferece ao ano, no marco do plenário anual da Assembleia Nacional Popular.

A prioridade da China é acender "a luz vermelha" e "colocar o freio" em ambos trens, ressaltou o chanceler, poucos dias depois do último teste de mísseis do regime de Kim Jong-un, com o qual o Japão e EUA consideraram que a Coreia do Norte entrou em uma nova fase de ameaça.

Wang dedicou críticas a ambas as partes: por um lado, condenando os testes norte-coreanos que "ignoraram a oposição da comunidade internacional" e, por outro, as atividades militares dos EUA e Coreia do Sul, que acrescentam pressão a Pyongyang.

"As armas nucleares não oferecem segurança. O uso da força não levará à solução", resumiu o ministro.

Perante as críticas do presidente americano, Donald Trump, sobre a falta de vontade de Pequim para conter a Coreia do Norte, o ministro assumiu publicamente o papel da potência asiática: como país vizinho com uma relação muito estreita com a península coreana, "a China é indispensável para a resolução do conflito", afirmou.

No entanto, insistiu que a disputa é entre Washington e Pyongyang, e, desde o papel de mediador, considerou que o processo de desnuclearização na península deve estar acompanhado do estabelecimento de um mecanismo de paz.

"As conversas (de seis lados) merecem outra oportunidade. A paz ainda está a nosso alcance", instou.

Wang se mostrou mais combativo em referência ao escudo antimísseis THAAD em solo sul-coreano e advertiu que o sistema, que os EUA começaram a instalar nesta semana, acabará danificando a própria Coreia do Sul e outras nações.

O THAAD "fará menos segura" a Coreia do Sul, opinou Wang, que reiterou que os potentes radares desse sistema põem em perigo os interesses de segurança da China. Tanto Pequim como Moscou asseguram que o dispositivo não só será utilizado a modo de defesa, mas também poderia servir para obter dados de inteligência de suas bases militares.

Apesar de ter iniciado a instalação deste escudo, hoje o ministro das Relações Exteriores não falou dos EUA como uma ameaça.

"Não há razão para que China e EUA não possam se transformar em excelentes parceiros", disse Wang após seu recente encontro com o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, no marco da reunião de chanceleres do G20 na Alemanha.

O ministro descreveu Tillerson, que na semana que vem fará sua primeira visita oficial à China, como um grande comunicador "que sabe escutar", e deixou entrever que a esperada reunião entre o presidente da China, Xi Jinping, e seu colega, Donald Trump, ocorrerá em breve.

"As relações da China com os EUA vão na direção correta", manifestou.

No entanto, o chanceler lançou uma mensagem de advertência a Washington contra sua ingerência nas disputas do mar da China Meridional, um foco de conflitos regionais que, segundo sua opinião, se acalmou.

Se alguém tentar provocar "ondada" nesta zona, "se topará com a oposição de toda a região", alertou ao novo inquilino da Casa Branca.

Em seu repasse da situação internacional, Wang enfatizou sua mensagem de país estabilizador frente à imprevisibilidade de Trump e a tendência isolacionista deste e outros países desenvolvidos, e posicionou a China diante do "multilateralismo".

Nesse sentido, destacou a cooperação que espera seguir mantendo com a União Europeia apesar do "Brexit", e a firme aliança com a Rússia, "que não se debilitará por fatores externos".

EFE   
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