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Ásia

China mira em novo inimigo: os livros infantis estrangeiros

25 mar 2017 - 10h22
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O governo da China quer proteger as crianças das influências de outros países e, para isso, mirou em um novo inimigo: os livros infantis que vêm do exterior, que começarão a ser eliminados, de acordo com um grupo de livreiros.

As autoridades de Pequim preparam uma ordem que reduzirá drasticamente o número de contos infantis estrangeiros publicados no país, conforme disseram várias fontes do setor editorial ao jornal independente de Hong Kong "South China Morning Post".

A medida faz parte de uma campanha para enfraquecer a influência de ideias estrangeiras e melhorar o controle ideológico deste coletivo, embora esses textos tenham pouco ou nenhum envolvimento político.

As fontes afirmam que o governo pretende impor um sistema de cotas, como já existe no mundo cinematográfico, que limite o número de contos estrangeiros publicados a cada ano na China.

Esta norma, que por enquanto só foi transmitida de forma verbal aos livreiros, exigirá que as editoras publiquem mais contos escritos e ilustrados por autores chineses.

Outro dos editores entrevistados argumentou que os livros de Coreia do Sul e Japão terão agora "poucas possibilidades" de serem publicados na China e que a permissão para livros de outros países será "muito limitada".

O "South China Morning Post" informou que tentou entrar em contato com as autoridades de Pequim para confirmar a notícia, mas não obteve resposta.

A China é um dos mercados mais atrativos para a literatura infantil. Os livros ilustrados estrangeiros ficaram cada vez mais populares entre os 220 milhões de jovens leitores menores de 14 anos e são muito mais lidos que as publicações chinesas.

Personagens como a porquinha "Peppa Pig", um dos contos mais vendidos na China, são uma referência entre os pequenos chineses e podem ser afetados por esta medida protecionista governamental.

Os livros infantis se tornaram o segmento mais lucrativo do mercado de livros da China e no ano passado, segundo dados proporcionados pelo jornal, foram publicados mais de 40 mil títulos entre importados e locais.

Embora poucos veículos de imprensa chineses tenham repercutido esta polêmica, o jornal oficial "Global Times" publicou há poucos dias que vários pais se queixavam da possível norma e diziam que muitos estão se preparando e comprando os livros favoritos dos filhos para caso não consigam encontrá-los depois.

O jornal reproduz outras opiniões que asseguram que a nova medida pode ser uma estratégia das livrarias para aumentar as vendas. De acordo com Chen Shaofeng, subdiretor do Instituto de Indústrias Culturais da Universidade de Pequim, a informação ainda tem que ser divulgada por fontes "confiáveis" e as acusações por enquanto são "infundadas".

No entanto, em outra entrevista ao mesmo meio oficial, o responsável por uma editora infantil de Pequim declarou que agora leva muito mais tempo para conseguir a permissão oficial para publicar novas obras. Enquanto antes demorava só três semanas para ter o "sim" das autoridades, agora demora mais de dois meses.

Há um ano, o governo chinês lançou uma campanha contra as universidades e, ao mesmo tempo, o Ministério da Educação pedia às instituições de ensino que eliminassem os livros didáticos que promovem valores ocidentais ou difamem o Partido Comunista.

EFE   
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