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América Latina

Venezuelanos encerram outra semana de protestos "queimando" seus problemas

16 abr 2017 - 21h03
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Os venezuelanos finalizaram neste domingo outra semana de protestos em meio a tradições religiosas nas quais cada corrente política queimou simbolicamente seus problemas, ao atear fogo em figuras que representam personagens do governo e da oposição do país, como uma metáfora de justiça popular.

A oposição venezuelana culpa o presidente Nicolás Maduro e seu governo pela crise econômica, política e social que atravessa a nação, enquanto o chavismo responsabiliza "a direita", tanto a nacional como a internacional encarnada, principalmente, pelos Estados Unidos.

Por esse motivo, os opositores queimaram bonecos de pano com as figuras do governo, entre elas Maduro, como um derivado da "queima de Judas", uma tradição religiosa na qual os católicos rejeitam a traição deste discípulo de Jesus cristo.

A Agência Efe constatou que outras das figuras incineradas foram o presidente do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), Maikel Moreno; o defensor público, Tarek William Saab; e o prefeito de Caracas, o chavista Jorge Rodríguez.

A oposição responsabiliza o primeiro de ter perpetrado, junto com outros seis magistrados, um golpe de Estado ao emitir sentenças nas quais o TSJ afastava o parlamento - de maioria opositora - de suas funções, embora estas decisões tenham sido parcialmente suprimidas depois.

Já o defensor público é pressionado para ficar do lado dos interesses do povo, e lhe solicitam que autorize, como chefe do Poder Cidadão, o procedimento de remoção dos sete magistrados que o parlamento pretende fazer, mas que por lei requer a aprovação desse poder.

Por sua parte, a queima da figura do prefeito de Caracas mostra a rejeição ao impedimento que este impõe para que as manifestações opositoras possam chegar ao centro da cidade, jurisdição do município que administra e sede dos poderes públicos venezuelanos.

Os partidos opositores convocaram a população a manifestar-se em todo o país contra o governo através desta tradição religiosa, motivo pelo qual em vários lugares as pessoas se reuniram em pontos específicos para realizar uma queima em conjunto de seus bonecos.

A "queima de Judas" é realizada a cada Domingo da Ressurreição como símbolo de "justiça popular", e nesta oportunidade serviu como uma forma de protesto direto da oposição.

Mas o chavismo também expressou seu repúdio ao que considera uma tentativa de intervencionismo por parte dos Estados Unidos, outros países da região e, segundo eles, a oposição venezuelana como aliada destes atores estrangeiros.

É por isso que os 'Judas' que o oficialistas queimaram representavam o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro; o presidente do Parlamento, Julio Borges e, tal e como constatou a Efe em um bairro popular do oeste de Caracas, o presidente dos EUA, Donald Trump.

O antichavismo convocou manifestações nestas últimas semanas contra o governo e assegura que não sairá das ruas até "que se restitua a ordem constitucional".

Estes protestos antigovernamentais, que pedem eleições e a remoção dos sete magistrados do Supremo - entre outras coisas -, deixaram pelo menos seis mortos, 100 detidos e centenas de feridos, segundo os balanços do antichavismo; e em algumas ocasiões finalizaram com incidentes violentos.

No estado de Miranda, governado pelo opositor e duas vezes candidato à presidência, Henrique Capriles, ocorreram saques que deixaram dezenas de lojas depredadas.

Estes incidentes, segundo a oposição, são ocasionados por grupos paramilitares dirigidos pelo governante Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), enquanto o governo acusa os opositores de promover a violência e de orquestrar um golpe de Estado.

Nesse sentido, Capriles informou hoje que foram capturados seis sujeitos que pretendiam "invadir" sua residência oficial como governador, e afirmou que todos pertencem ao Coletivo Tupamaro, organização política ligada ao governo.

Por sua parte, o partido Primeiro Justiça (PJ), no qual milita Capriles, assegurou hoje que 37 funcionários públicos, entre eles da polícia científica e do serviço de inteligência, são responsáveis por supostas "torturas" contra os dirigentes Alejandro e José Sánchez, detidos na quinta-feira depois de um protesto opositor.

EFE   
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