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América Latina

Procuradoria do Panamá formula acusações a 17 pessoas por 'caso Odebrecht'

24 jan 2017 - 16h41
(atualizado às 18h09)
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A procuradora-geral do Panamá, Kenia Porcell, informou nesta terça-feira que formulou acusações por lavagem de dinheiro às primeiras 17 pessoas ligadas às propinas pagas pela Odebrecht no país, como parte de uma investigação que envolve a Justiça panamenha e a da Suíça.

"Foram tomadas providências e formuladas acusações contra 17 pessoas, das quais há três ex-funcionários públicos, oito empresários panamenhos, cinco empresários estrangeiros e um representante de bancos", disse Porcell em entrevista coletiva.

A procuradora-geral não quis revelar a identidade das 17 pessoas porque "a lei a impede", mas disse que, se necessário, buscará ajuda na Interpol para localizá-las e trazê-las ao país.

Ricardo Alberto e Luis Enrique Martinelli Linares, além de Mario Martinelli, filhos e irmão do ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli, estão entre as 17 pessoas que a procuradoria busca ouvir, de acordo com informações vazadas à imprensa local.

A lista também inclui o ex-ministro de Obras Públicas Federico José Suárez, o ex-diretor da Caixa de Seguro Social (CSS) Guillermo Sáenz Llorens, e Ricardo Francolini, ex-presidente da estatal Caja de Ahorros.

Evelyn Ivett Vargas Reynaga, Ana Isabel Suárez Cedeño, e Nitzela Bonilla Pérez aparecem entre as 17 pessoas com "ordens de inquéritos e formulação de acusações", de acordo com a imprensa local.

Porcell destacou que foi possível formular as acusações por lavagem de dinheiro porque ontem a Suíça suspendeu a confidencialidade que havia nas assistências judiciais mútuas neste caso.

O expediente pelo pagamento das propinas que a Suíça investiga envolve Luis Enrique e Ricardo Alberto Martinelli Linares, filhos do ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli. A Justiça do país europeu congelou as contas de ambos - com US$ 22 milhões -, disse ontem o secretário-geral do Ministério Público panamenho, Rolando Rodríguez.

O sigilo da investigação suíça também amplia a suspeita sobre a quantidade de dinheiro que a construtora pagou em propinas no Panamá.

Os primeiros documentos divulgados, do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, indicam que dos US$ 788 milhões que a Odebrecht pagou em comissões em diferentes países, US$ 59 milhões foram parar nas mãos de ex-funcionários panamenhos e US$ 6 milhões a parentes de um alto cargo não identificado, entre 2009 e 2014.

Mas a investigação / pesquisa suíça expõe novos dados, assim como anteciparam as autoridades brasileiras, explicou Porcell.

"É uma ação muito ampla" do Ministério Público panamenho, que também tem limitações jurídicas e econômicas que não o permitem dar resultados rapidamente como as procuradorias de outros países envolvidos, disse a procuradora, que pediu paciência à população e garantiu que o trabalho está sendo feito.

A procuradora-geral também afirmou que não se limitará a investigar o período assinalado pela Justiça americana (2009-2014), e que as investigações dirão em que administrações governamentais houve condutas criminosas.

A Odebrecht executa atualmente grandes projetos de infraestrutura no Panamá que superam os US$ 3 bilhões, entre eles a Linha 2 do Metrô e a renovação urbana da cidade de Colón, iniciados no atual governo, do presidente Juan Carlos Varela.

O governo panamenho vetou em dezembro passado a participação da Odebrecht em novas licitações até que a empresa ressarça o Estado e colabore com as investigações no país, mas diversas organizações pedem mais ações e revelem os nomes dos envolvidos.

EFE   
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