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América Latina

Os 14 anos do governo socialista de Chávez na Venezuela

6 mar 2013 - 16h25
(atualizado às 16h28)
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Hugo Chávez deixou uma marca profunda na Venezuela durante o seu mandato de 14 anos. Ele nacionalizou empresas vitais, relegando ao Estado múltiplas atividades medulares, mudou a Constituição, o nome do país, sua bandeira e até o seu fuso horário.

Simpatizante do presidente venezuelano, Hugo Chávez, segura uma flor durante cortejo fúnebre do mandatário na chegada à Academia Militar, em Caracas, na Venezuela, nesta quarta-feira. 06/03/2013
Simpatizante do presidente venezuelano, Hugo Chávez, segura uma flor durante cortejo fúnebre do mandatário na chegada à Academia Militar, em Caracas, na Venezuela, nesta quarta-feira. 06/03/2013
Foto: Jorge Silva / Reuters

O polêmico líder socialista, que morreu na terça-feira depois de quase dois anos de luta contra o câncer, mudou a cara do país com sua "revolução socialista".

A seguir, os feitos mais relevantes de seu governo:

POLÍTICA:

- Chávez assumiu em fevereiro de 1999 como o 47º presidente da Venezuela, jurando sobre uma Constituição "moribunda". No final desse ano, obteve seu objetivo de mudar a Carta Magna iniciando a "Revolução Bolivariana".

Entre suas primeiras decisões, proibiu a agência antidrogas dos Estados Unidos, a DEA, de sobrevoar o país, e anos depois, em 2008, expulsou dois embaixadores norte-americanos.

- O militar reformado contornou seus anos mais difíceis quando, depois de várias jornadas de paralisações nacionais e com níveis máximos de desestabilização, em 11 de abril de 2002 sofreu um golpe de Estado que o tirou do poder por cerca de 48 horas.

No final desse mesmo ano, uma greve liderada por trabalhadores, empresários e empreiteiros da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) paralisou uma indústria vital. A paralisação se prolongou até fevereiro de 2003 e derrubou a produção de petróleo, golpeando a economia com força.

- Chávez foi o governante venezuelano que convocou mais eleições, quase uma por ano, incluindo um referendo revogatório em 2004, que ele venceu.

- Em um novo mandato presidencial que começou em 2007, declarou a transformação do país em um Estado socialista.

- Seus adversários o acusavam regularmente de querer suprimir a liberdade de expressão e de exercer um poder absoluto. Em 2007, o governo não renovou a concessão do canal privado de televisão RCTV, de tendência opositora, medida que foi tomada por seus críticos como uma prova do controle que queria impor aos meios de comunicação.

- Nesse mesmo ano, com a população desencantada com uma escassez de alimentos, Chávez apresentou uma nova proposta de reformar a Constituição, que ampliava os poderes do Estado e permitia a reeleição presidencial sem limite, mas perdeu por 120.000 votos, sendo esse seu único revés nas urnas. No entanto, dois anos depois conseguiu seu objetivo com a aprovação de uma proposta de emenda constitucional que o permitiu se candidatar ao cargo três vezes.

- Ganhou sua terceira eleição presidencial em 2012, derrotando o governador e candidato único da oposição Henrique Capriles. Chávez obteve uma vitória cômoda. No entanto, a oposição conseguiu captar 49 por cento dos votos, um número nunca antes obtido pela coalizão.

- A política externa durante o governo de Chávez foi marcada por suas críticas contínuas aos Estados Unidos, que acusava de ser responsável por desde a mudança climática até tentativas de assassinatos contra ele. Discutiu com vizinhos geográficos governados por presidentes de direita, como a Colômbia, país com o qual teve uma relação de altos e baixos marcada por rupturas e reconciliações.

Paralelamente, fortaleceu a cooperação com seus aliados de esquerda, como Equador, Bolívia, Argentina e Cuba, onde foi submetido a quatro cirurgias e recebeu tratamento contra o câncer. Também se aproximou de Irã, Síria, Líbia, Bielorrússia e os gigantes Rússia e China, que se converteram em sócios estratégicos da "Revolução".

- Durante sua gestão, fez dos Poderes Públicos seus aliados próximos, exercendo grande influência na Assembleia Nacional, no Tribunal Superior de Justiça e na Promotoria Pública. Além disso, tentou unificar todas as correntes políticas de esquerda em um único partido político, o Partido Socialista Unido (PSUV), do qual foi presidente.

A fim de fazer contraparte à uniformidade mostrada pelo "chavismo", a oposição criou uma coalizão com duas dezenas de legendas políticas na Mesa da Unidade Democrática (MUD).

- Críticos dizem que enviou mais de uma dezena de pessoas à prisão por crimes de pensamento, embora o ex-governante preferisse vê-los como "políticos presos", e não "presos políticos".

- Entre as principais queixas que os venezuelanos tinham sobre sua gestão estão o déficit habitacional, uma das taxas de criminalidade mais altas da região, o desemprego e a inflação descontrolada.

- Em dezembro, antes de partir para Cuba para uma quarta cirurgia, apontou o vice-presidente Nicolás Maduro como seu sucessor e pediu aos venezuelanos que votem nele.

ECONOMIA:

- Em 2003, e ainda sentindo os efeitos da paralisação petroleira, decretou um controle cambiário que disse que tinha "chegado para ficar". Acompanhou a medida com o controle de preços de uma longa lista de produtos de consumo de massa.

- Em junho de 2010, criou um terceiro tipo de câmbio, administrado pelo Banco Central e gerado pela compra e venda de títulos em dólares cotizados no mercado internacional, depois que Chávez decretou a suspensão do mercado paralelo de divisas.

- Destinou grande parte dos recursos da exportação de petróleo para financiar seu projeto político, levando a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) a reduzir seus rendimentos e inversão e aumentar seu endividamento.

Durante a sua gestão, a Venezuela registrou números recorde de endividamento com relação a seus pares na América Latina: perto de 18 bilhões de dólares durante 2011. No entanto, a criação das "Misiones", seus programas sociais populares subsidiados pela renda do petróleo, impulsionou sua alta popularidade entre as classes menos favorecidas, que se identificavam com o passado humilde de Chávez.

- Uma das bandeiras do governo Chávez foi a extensa onda de desapropriações que lançou. Em pouco mais de uma década, o Estado se apropriou de bens extensos, que vão desde empresas de petróleo, financeiras, de telecomunicações, elétricas, até empresas menores como produtoras de tubos e embalagens.

A nacionalização da Electricidad de Caracas e da telefônica CANTV fulminou os maiores ativos que eram negociados na Bolsa de Valores de Caracas, reduzindo-a ao mínimo.

- O país acumula uma dezena de arbitragens internacionais pela tomada das empresas de petróleo, de cimento e mineradoras.

- Membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Venezuela deixou para trás uma recessão de quase dois anos, assim que os preços do petróleo se recuperaram em 2010.

- A Venezuela deve seguir lutando contra uma inflação agonizante de dois dígitos desde 1986, sua dependência das importações e um tecido industrial desgastado pelas nacionalizações e pela recorrente falta de divisas.

- Durante a doença de Chávez em Cuba, o governo venezuelano desvalorizou sua moeda, em uma medida que era amplamente esperada e que aliviaria as finanças públicas do país.

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