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América Latina

Falta de água e comida começa a causar desespero no Haiti

14 out 2016 - 10h08
(atualizado às 13h05)
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Caminhão com comida é descarregado em rua de Jeremie
Caminhão com comida é descarregado em rua de Jeremie
Foto: EFE

A angustia é um sentimento que começa a se estender entre a população de Jeremie, no sudoeste do Haiti, perante a falta de água e de alimentos. Oito dias depois de o furacão Matthew arrasar a cidade, a ajuda humanitária ainda não consegue chegar.

A Polícia Nacional do Haiti patrulha constantemente a cidade e as ruas próximas e não duvida na hora de sufocar a menor ameaça de revolta, como a que se desencadeou esta semana, quando um grupo de homens bloqueou uma das ruas de acesso ao centro. Pelo menos um foi detido depois que duas barricadas foram montadas para exigir a entrega de comida, bebida e remédios que parecem nunca chegar.

Os colégios que se tornaram abrigos para a população, como o Sainte Marguerite d'Youville, acolhem centenas de pessoas e são um perfeito reflexo da urgência que é a chegada de ajuda.

Além dos problemas logísticos causados pela dificuldade de acesso às regiões mais castigadas, outra razão para a demora é a falta de coordenação institucional, que continua impedindo o desenvolvimento de uma ação humanitária eficiente para atender as necessidades básicas da população.

Jovem é detido por participar de bloqueio em protesto pela falta de comida
Jovem é detido por participar de bloqueio em protesto pela falta de comida
Foto: EFE

Fazer a ajuda chegar a milhares de afetados requer uma complexa organização pactuada entre todas as partes, e falta a criação de um gabinete com representantes de cada um dos atores que participam da gestão da crise, tanto governamentais quanto ONGs, afirmou à Agência Efe um oficial da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), que prefere não revelar o seu nome.

Segundo o militar, para que a ajuda flua e para tomar decisões rápidas perante cada contingência apresentada, a coordenação é imprescindível, mas, atualmente, não existe nem sequer um cálculo geral da ajuda que chegou, neste caso a Jeremie, desde que o furacão arrasou essa região.

Até agora, os materiais chegam de avião, com um número irregular de voos, carregados de ajuda fornecida por diferentes países, que aterrissam na pista de Jeremie. O local de decolagem e aterrissagem desta cidade em nada se parece com instalações aeroportuárias, e apenas uma estrada em linha reta e sem asfalto a distingue como tal.

Suas características só permitem a chegada de helicópteros e aviões de pequeno porte, já que a pista é curta para a circulação de aeronaves maiores.

Lá estão soldados da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah) de Brasil e Ruanda, que colaboram com a logística e a segurança das cargas que chegam, embora não sejam eles os responsáveis diretos pela entrega, segundo o oficial.

A chegada de um helicóptero dos fuzileiros navais dos Estados Unidos reúne na pista vários soldados que colaboram com a descarga das caixas que trazem alimentos básicos, como arroz e óleo, com um peso aproximado de três toneladas.

A ideia é entregar uma caixa por família, mas até chegar a seu destino, ela é armazenada e vigiada o tempo todo pelas brigadas da Minustah para evitar possíveis saques.

Os soldados também garantem a segurança da distribuição, dando instruções para que quem vai receber a ajuda mantenha a ordem e aguarde sua vez.

Lá também chegam materiais para montar tendas, não só para a população, mas também para os pelotões da Minustah, cuja base foi abalada durante o furacão. Se nenhum dos soldados saiu ferido é porque todos ficaram dentro dos veículos 4x4, caminhões e caminhonetes que existem no acampamento, disse à Efe um dos membros do grupo que permanece fixo em Jeremie.

Os haitianos também receberão ajudas via terrestre, trazidas por várias organizações como Cruz Vermelha e Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo confirmaram à Efe fontes dessas entidades. Pelo menos esse é o calendário previsto, já que o avanço é lento por conta das más condições das estradas, o que torna a rota difícil para o trânsito de veículos pesados, como os que trazem a aguardada ajuda humanitária.

EFE   
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