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América Latina

Caribe tenta pactuar estratégia sobre regulação da maconha

11 mar 2014 - 00h32
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Os 15 países-membros da Comunidade do Caribe (Caricom) começaram a estudar nessa segunda-feira os efeitos da descriminalização da maconha com fins medicinais na delicada economia da região, entre outras possíveis estratégias para potencializar a reativação econômica.

Para isso contaram com um relatório elaborado por um grupo de analistas que apoia a ideia de descriminalizar seu consumo, pelo menos com fins medicinais, e argumenta que o Caribe tem uma "vantagem competitiva" em relação a outras regiões do planeta na hora de cultivar essa planta.

"A região deveria explorar qualquer benefício comercial de uma potencial indústria de bilhões de dólares, inclusive a pesquisa e o desenvolvimento, assim como a produção de produtos de maconha médica", afirma o relatório divulgado hoje entre os presentes na cúpula.

O presidente da Caricom e primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, anfitrião da cúpula, propõe desde o ano passado que a organização territorial impulsione uma estratégia comum com relação à descriminalização da maconha e se ponha assim em uma posição avançada em relação a uma tendência que ganha cada vez mais força no continente.

Por enquanto a Jamaica já anunciou que neste ano descriminalizará a posse de pequenas quantidades de maconha para consumo recreativo e que legalizará sua distribuição com fins médicos.

"Embora a Jamaica não cumpra com esse objetivo, avançou rapidamente e não tenho nenhuma dúvida que todos estes eventos estão tendo um impacto na região", disse Gonsalves em entrevista à imprensa durante a cúpula.

No entanto, reconheceu que em seu país não existe um clima claramente propício, da mesma forma que em Granada, cujo primeiro-ministro, Keith Mitchell, deixou claro que por enquanto "o cultivo e consumo de maconha é ilegal" em seu país. Barbados também mostrou sua oposição.

Em qualquer caso, e segundo o relatório que estudam os membros da Caricom (em maioria ex-colônias britânicas, e também francesas e holandesas) adverte que seria possível obter uma grande quantidade de dinheiro através da descriminalização e aponta que em Washington e Colorado sua legalização poderia representar US$ 2,1 bilhões em receita por impostos durante os próximos cinco anos.

"Um dos problemas que prevejo é que se não nos ocupamos disto, e inclusive se não nos ocupamos já disto, existe o perigo que nos próximos dez anos vamos estar comprando dos Estados Unidos produtos farmacêuticos relacionados com a maconha", disse Gonsalves, a respeito de um "potencial comércio além da fronteira que nos situaria em desvantagem".

O líder reconheceu que procura uma opinião comum na Caricom porque "é muito difícil fazê-lo sendo um só Estado, principalmente um Estado tão pequeno como São Vicente e Granadinas".

"Se fizermos como Caricom, mesmo que nem todos façam ao mesmo tempo, tudo será mais fácil", declarou, após recomendar que se siga a liderança que tomou a Jamaica, um dos países mais identificados em nível mundial com a maconha e que começou a dar os passos para relaxar sua proibição.

Outro dos temas mais controvertidos sobre a mesa desta cúpula de dois dias da qual participam 14 chefes de Estado e do governo dos 15 países que integram a Caricom é a reivindicação de indenizações pelos danos da escravidão.

A Caricom tem a intenção de reivindicar compensações às antigas potências coloniais pelos "danos" derivados da escravidão. Essas reivindicações poderiam ir contra Reino Unido, Holanda, França, Espanha, Portugal, Noruega, Suécia e Dinamarca.

Entre os membros da Caricom há 12 ex-colônias britânicas, portanto não é de estranhar que pretendam começar com o Reino Unido, precisamente o primeiro país do mundo a abolir o comércio de escravos.

Com a ajuda de uma companhia britânica preparam uma demanda que reivindicará "danos" derivados da escravidão como pobreza, analfabetismo e doenças.

EFE   
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