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Adolescentes poderão ser 'pedra no sapato' da extrema-direita na Áustria

23 set 2016 - 16h32
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Flora (esq.) era jovem demais para votar na eleição, mas sua amiga Lena já tinha 16 anos
Flora (esq.) era jovem demais para votar na eleição, mas sua amiga Lena já tinha 16 anos
Foto: BBC / BBC News Brasil

Muitos austríacos devem estar frustrados pela controvérsia envolvendo a última eleição presidencial, que teve o segundo turno anulado por causa de um erro na validação dos votos em 14 de 20 distritos. Mas Flora Maier não é uma delas.

Ela tinha 15 anos quando o pleito começou a ser realizado, em abril, e estava abaixo da idade mínima para votar.

O segundo turno, que será realizado em 4 de dezembro, pode resultar na eleição do primeiro chefe de Estado de extrema-direita (Nobert Hofer, do Partido da Liberdade).

Flora, que fez aniversário em 23 de maio - curiosamente, um dia após a realização do segundo turno - agora tem uma chance de participar do processo. Ela e outros 45.600 adolescentes austríacos que chegaram aos 16 anos desde maio.

"Eu fiquei extremamente feliz. Para mim, é importante dar minha opinião", conta a jovem.

A Áustria vem tentando eleger um presidente há meses, mas os planos têm sido frustrados por uma série de problemas. Em maio, Alexander Van der Bellen, ex-líder do Partido Verde que se candidatou como independente, derrotou Hofer no segundo turno por menos de 1% diferença.

O resultado, porém, foi anulado pelo mais alto tribunal do país por causa de problemas na contagem dos votos postais.

O slogan do candidato da extrema-direita, Norbert Hofer (esq.), diz: "o poder precisa de controle"; já Alexander Van der Bellen (dir.) oferta lutar "pela reputação da Áustria"
O slogan do candidato da extrema-direita, Norbert Hofer (esq.), diz: "o poder precisa de controle"; já Alexander Van der Bellen (dir.) oferta lutar "pela reputação da Áustria"
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Uma nova votação tinha sido marcada para 2 de outubro, mas teve de ser novamente adiada porque a cola usada para selar os envelopes dos votos postais estava falhando - um episódio que ficou conhecido como "Colagate".

Com medo de fraudes, o ministro do Interior, Wolfgang Sobotka, pediu ao Parlamento o adiamento do pleito, e a aprovação representou abriu uma brecha para dezenas de milhares de novos eleitores. Sua participação ainda depende da Justiça Eleitoral austríaca.

Dadas as margens tão apertadas do segundo turno, o voto jovem pode fazer a diferença. As pesquisas mais recentes dão a Hofer pequena vantagem, mas Flora representa uma fatia do eleitorado que pode estragar os planos da extrema-direita.

"Alexander Van der Bellen teve melhor desempenho entre eleitores jovens do que Norbert Hofer. Não seria vantajoso para Van der Bellen que adolescentes que completaram 16 anos desde a primeira eleição fossem excluídos", diz o analista político austríaco Thomas Hofer (que não é parente de Norbert).

O atraso nas eleições foi duramente criticado pelos austríacos. Para Thomas Hofer, o processo tem sido vergonhoso para a reputação do país. "Na esfera doméstica, a confiança no sistema político, que já era baixa, ficou ainda mais abalada."

Lena Ramaseder, amiga de Flora, e que votou na eleição, concorda que a situação é constrangedora.

"As coisas estão ficando um pouco ridículas e é um pouco triste que a gente ainda não tenha conseguido realizar a eleição."

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