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Maduro acusa empresa de telefonia de incentivar protestos

21 abr 2017 - 07h20
(atualizado às 09h17)
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Presidente venezuelano afirma que Movistar, subsidiária da Telefónica, enviou mensagens aos clientes, sob suborno, incitando a participação em manifestações antigoverno. Nove países latino-americanos condenam violência.O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusou a operadora de telefonia móvel Movistar de incentivar os clientes a aderirem aos protestos antigoverno da quarta-feira (19/047), na capital Caracas, convocados pela oposição venezuelana.

"Eu denuncio (a Movistar) e pedi a abertura de uma investigação", disse Maduro em pronunciamento televisivo. "Eles se juntaram à chamada pelo golpe contra o país."

Segundo o presidente, subornada por políticos da oposição, a subsidiária da companhia espanhola Telefónica S.A. enviou mensagens de texto aos clientes pedindo que participassem da "mãe de todas as marchas".

Nesta quinta-feira, milhares de venezuelanos voltaram às ruas em protesto contra Maduro, um dia depois da jornada de manifestações que terminou com três mortes, vários feridos e mais de 500 detidos.

A convocação foi feita pelo ex-candidato presidencial Henrique Capriles, que exige libertação de presos políticos, realização de novas eleições e abertura de um canal humanitário para a entrada de alimentos e medicamentos no país.

Os protestos contra o regime de Maduro se intensificaram há três semanas, depois da divulgação de duas sentenças em que o Supremo Tribunal de Justiça concede poderes especiais ao chefe de Estado, limita a imunidade parlamentar e assume as funções do parlamento. A decisão foi revertida após pressão internacional.

Desde então, pelo menos nove pessoas foram assassinadas, dezenas ficaram feridas e centenas foram detidas pelas autoridades venezuelanas durante as manifestações, que têm sido fortemente reprimidas pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB, a polícia militar) e a Polícia Nacional Bolivariana (PNB).

Países latino-americanos condenam violência

Nesta quinta-feira, nove governos da América Latina condenaram em comunicado conjunto a violência na Venezuela e lamentaram as mortes ocorridas nos protestos a favor e contra Maduro.

"Condenamos energicamente a violência desencadeada na Venezuela e lamentamos a perda de mais vidas", diz o documento divulgado em Bogotá, assinado pelos governos da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Paraguai, Peru e Uruguai.

"Juntamo-nos à declaração feita pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, instando à adoção de medidas concretas de todas as partes para reduzir a polarização e criar as condições necessárias para enfrentar os desafios do país, em benefício do povo venezuelano", diz o comunicado.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou preocupação com os crescentes confrontos na Venezuela. "A ONU insta o governo e a oposição da Venezuela a se esforçarem para reduzir as atuais tensões e evitar mais confrontos."

Ataque contra hospital infantil

Nesta quinta-feira, grupos armados atacaram um hospital infantil na área de El Valle, em Caracas, durante confrontos entre manifestantes e forças de segurança. O governo e a oposição trocaram acusações sobre a autoria do ataque.

A ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, escreveu no Twitter que "grupos armados contratados pela oposição" atacaram o hospital, que atendia 54 crianças. Ela acrescentou que Maduro "deu a ordem de esvaziar o hospital para proteger as crianças e recém-nascidos".

Já o deputado da oposição José Manuel Olivares desmentiu a versão da ministra. "Crianças do Hospital Materno Infantil Hugo Chávez foram afetadas pelas bombas lacrimogêneas lançadas pela GNB", publicou no Twitter.

Na região de El Valle, registraram-se vários saques a estabelecimentos comerciais e confrontos entre forças de segurança e grupos de manifestantes, que montaram barricadas nas ruas, ateando fogo em pneus. Agentes da PNB e da GNB empregaram gás lacrimogêneo para dispersar os protestos.

KG/efe/lusa

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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