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Humanos e ratos convivem há 15 mil anos, diz estudo

27 mar 2017 - 20h52
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Estudo revela que domesticação de animais começou antes do surgimento da agricultura. Análise de restos mortais de antigos ratos mostra que sociedades caçadora-coletoras causaram impactos na evolução da fauna.Ratos começaram a infestar assentamentos humanos há 15 mil anos no Oriente Médio, afirmou um estudo publicado nesta segunda-feira (27/03). De acordo com a pesquisa, comunidades caçadora-coletoras, que se estabeleceram nesta região muito antes da descoberta da agricultura, permitiram a aparição da espécie doméstica do roedor.

A análise de restos mortais de antigos ratos permitiu que um grupo de cientistas da Universidade de Washington em Saint Louis encontrasse a primeira evidência de que há 15 mil anos os humanos viveram num mesmo lugar tempo suficiente para gerar um impacto nas comunidades de animais locais.

Os fósseis permitiram que os cientistas "olhassem as relações entre humanos e ratos desde antes da invenção da escrita e ver mudanças específicas nas formas de vida humana e nas comunidades de ratos correspondentes", disse Fiona Marshall, do Departamento de Antropologia da universidade.

"Meus colegas Lior Weissbrod e Thomas Cucci estudaram centenas de dentes fossilizados de ratos de sítios arqueológicos que datam do último par de centenas de milhares de anos. Meu papel foi conceitual em ponderar a ecologia das famílias e a influência da mobilidade humana nas comunidades animais", acrescentou.

Pesquisas anteriores apontavam o surgimento da agricultura com o ponto de partida para a transformação das relações entre humanos e o mundo animal, especialmente com pequenos mamíferos como ratos. O atual estudo, no entanto, revela que os caçadores-coletores com sociedades complexas e, às vezes, formas de vida mais fixas, transformaram seus habitats mais do que se pensava anteriormente e deram início a domesticação de animais.

Segundo Marshall, o estudo também mostra que esse estilo de vida teve muita influência no início do comensalismo, um tipo de associação entre duas espécies para benefício alimentício de uma delas ou de ambas, e nas mudanças nas relações entre seres humanos e animais.

"Agora sabemos que deveríamos olhar para esse período para encontrar as raízes da domesticação de uma forma mais ampla, por exemplo, de porcos e cabras", contou a pesquisadora.

Mudanças na fauna

Os pesquisadores concentraram o estudo num sítio arqueológico no Vale do Jordão em Israel, onde as escavações mostraram uma proporção extremamente oscilante entre ratos domésticos e selvagens durante diferentes períodos históricos.

O estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, revelou que durante períodos, nos quais os humanos permaneceram por mais tempo na região havia uma predominância nos assentamentos de ratos domésticos. Porém, em períodos de seca, nos quais as comunidades migravam havia um balanço entre as espécies destes roedores.

"A descoberta indica que o modo como humanos modificaram o mundo natural está relacionado aos níveis variantes de mobilidade humana", acrescenta Marshall.

CN/efe/afp

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