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Governo da Síria 'envia tanques' a cidade palco de protestos

Soldados e tropas estão em Hama; governador da cidade foi exonerado depois de manifestação na sexta-feira.

3 jul 2011 - 12h04
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O governo da Síria teria enviado tanques e soldados para a cidade de Hama, que teve o governador retirado do cargo depois dos grandes protestos ocorridos na sexta-feira.

Segundo informações, os soldados estariam assumindo alguns postos em entradas importantes e no centro da cidade que fica na região central da Síria.

Grupos de defesa dos direitos humanos e membros da oposição informaram que foram ouvidos tiros durante a noite no centro da cidade e dezenas de pessoas estão sendo presas.

No sábado, o presidente Bashar al-Aassad retirou do cargo o governador da cidade, Ahmad Khaled Abdel Aziz, aparentemente devido ao fato de o governador não ter conseguido evitar os protestos que tomaram as ruas de Hama.

Assad assinou o decreto de exoneração depois da manifestação de sexta-feira na cidade, que teria reunido dezenas de milhares de manifestantes contra o seu governo.

''Solução militar''

Rami Abdel Rahman, presidente do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, afirmou que os soldados do governo assumiram posições em Hama durante a noite de sábado e, em seguida, foi ouvido um "tiroteio pesado" na cidade.

Segundo declarações de Rahman à agência de notícias Reuters, várias prisões ocorreram nos arredores de Hama.

"As autoridades parecem ter optado por uma solução militar para subjugar a cidade", disse.

De acordo com o correspondente da BBC em Beirute, no Líbano, Owen Bennett-Jones, havia informações de que o Exército tinha diminuído sua presença em Hama no início da semana, mas as autoridades agora, depois das manifestações, parecem estar usando força excessiva na cidade.

O governo sírio ainda não se pronunciou sobre estas últimas manobras em Hama.

Anteriormente, Assad acusou uma "pequena parcela" de "sabotadores" de explorar a insatisfação popular.

Mas, fatos e números a respeito da rebelião na Síria não podem ser confirmados de forma independente, já que as autoridades do país proibiram a presença de jornalistas estrangeiros.

Rebeliões

Hama já foi palco de outra rebelião, a da Irmandade Muçulmana, em 1982. Naquela época, a irmandade se rebelou contra o pai de Bashar al-Assad, Hafez, mas o Exército do país esmagou o movimento e pelo menos 10 mil pessoas teriam morrido.

Além de Hama, também foram divulgadas informações de outras manifestações contra o governo na sexta-feira na capital, Damasco, na segunda maior cidade síria, Aleppo, em Latakia e também em Homs. Alguns ativistas afirmam que o número de manifestantes em todo país chegou a três milhões.

Para tentar conter o levante, o presidente Bashar al-Assad já retirou do cargo o governador da cidade de Deraa, em março. A cidade foi palco do início dos protestos contra o governo naquele mês.

Ativistas afirmam ainda que mais de 1.350 civis e 350 integrantes das forças de segurança foram mortos desde o início dos protestos.

Assad, cuja família dirige a Síria há quatro décadas, prometeu introduzir reformas, mas seus oponentes exigem que ele deixe o poder.

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