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Ex-presidente da Gâmbia aceita deixar o poder

20 jan 2017 - 21h58
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Yahya Jammeh concorda ainda em sair do país. Detalhes do acordo são negociados com lideranças regionais. Decisão é tomada após tropas senegalesas invadirem o país em apoio ao presidente eleito.O ex-presidente da Gâmbia Yahya Jammeh aceitou nesta sexta-feira (20/01) deixar o poder e sair do país. A decisão foi anunciada depois de uma intensa negociação com mediadores regionais que evitou a intervenção militar prevista para forçar sua saída.

Segundo uma autoridade senegalesa, os últimos detalhes para a saída de Jammeh do país estão sendo negociados. Ele pode viajar já no sábado para a Guiné, um dos países que lhe ofereceram asilo, de acordo com a imprensa gambiana.

O porta-voz da Comunidade Econômica dos Estados de África Ocidental (Cedeao), Marcel Alain de Souza, disse que Jammeh exigiu anistia pelos crimes que cometeu durante os 22 anos que comandou o país e pediu para ficar na Gâmbia, mas essas exigências não foram aceitas pela organização.

O ex-presidente perdeu, em dezembro, a eleição para Adama Barrow, mas ele se recusava a deixar a Presidência. Jammeh concordou com a posse de Barrow depois de uma reunião com os presidentes da Mauritânia, Mohammed Ould Abdelaziz, e da Guiné, Alpha Condé, que foram até Banjul nesta sexta-feira para mediar o conflito.

Esta visita é a segunda que Abdelaziz faz a Jammeh desde a quarta-feira passada, quando tentou persuadir, sem sucesso, que ele cedesse o poder ao presidente eleito nas urnas em 1º de dezembro.

Após o fracasso do encontro e o juramento de Barrow como presidente na embaixada da Gâmbia em Dacar, as tropas da Cedeao entraram nesta quinta-feira na Gâmbia para retirar Jammeh do poder.

A ação foi suspensa algumas horas depois para que os líderes da Mauritânia e de Guiné fizessem uma última tentativa para solucionar pacificamente a crise. Caso essa tentativa falhasse, o comando das tropas da Cedeao afirmou que retomaria a intervenção militar.

Sem apoio

Jammeh enfrentaria as tropas praticamente sozinho, pois ele já não conta mais com o apoio dos militares. O chefe das Forças Armadas gambianas, Ousmane Badjie, disse ter jurado lealdade ao novo presidente e declarou que não irá lutar contra as forças de segurança regionais.

"Não podemos nos colocar numa guerra por uma questão que pode ser resolvida politicamente. Não vemos nenhuma razão para lutar", declarou Badjie.

Essa não é a primeira vez que Jammeh concorda em deixar o poder. Logo após as eleições, ele reconheceu a vitória do adversário, mas um tempo depois mudou de ideia e tentou impugnar os resultados alegando supostos erros na apuração dos votos.

Diante o impasse, mais de 45 mil pessoas fugiram da Gâmbia desde o início de janeiro, a maioria para o Senegal, temendo a violência. De acordo com a ONU, a maioria delas são mulheres e crianças.

Jammeh assumiu o poder na Gâmbia em 1994, por meio de um golpe de Estado. Ele é acusado de graves violações dos direitos humanos, entre as quais detenções arbitrárias, tortura e assassinato de opositores no pequeno país de 1,9 milhões de habitantes.

CN/efe/lusa/ap/rtr

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