Confira algumas curiosidades sobre os ruivos Você sabia: ser ruivo é uma mutação genética? Cabelos avermelhados, pele clara e sardas espalhadas pelo corpo. Os ruivos naturais representam entre 1% e 2% da população mundial (de 70 milhões a 140 milhões de pessoas), mas nascer com essas características não é coincidência, muito menos uma mistura entre cabelos escuros e loiros. Trata-se de uma mutação genética promovida por um gene recessivo. Mas, além da aparência, quem carrega esse código diferenciado também sofre com algumas desvantagens, como uma suscetibilidade maior a algumas doenças. Confira algumas curiosidades sobre os ruivos. Por que uma pessoa é ruiva? Nas prateleiras de farmácias e supermercados existem tintas e xampus colorantes de várias marcas, que oferecem a possibilidade de alguém ter os cabelos avermelhados. Mas os ruivos de origem apresentam essa característica devido a uma mutação genética no receptor Melanocortina-1 (MC1R), responsável pela produção da melanina. É ela que determina a pigmentação da pele e dos pelos do corpo. De acordo com o dermatologista, médico esteta e tricologista Paulo Zubaran, a alteração no gene faz com que seja produzida uma quantidade de eumelanina (com coloração marrom ou preta) inferior à normal, enquanto a da variante feomelanina (de cor vermelha ou alaranjada) é mais elevada. Por isso a pele clara e o cabelo cor de fogo - características denominadas de rutilismo. É possível ter o gene e não ser ruivo? O gene que ocasiona a mutação no MC1R é recessivo, ou seja, ele só se manifesta na presença de outro gene recessivo no par de cromossomos - se em vez disso o dominante aparecer, adeus cabelos ruivos, a mutação não ocorre. Portanto, é possível que muita gente por aí carregue o gene do rutilismo, mesmo que isso não fique evidente na aparência. Aliás, é possível que várias gerações de uma família carreguem o gene sem que a característica se manifeste. Nesse caso, apenas quando duas pessoas que possuem o gene recessivo têm um filho há chances de a criança ser ruiva, mesmo que esses progenitores não sejam ruivos. Para que a criança seja necessariamente ruiva, só se ambos os pais tiverem os cabelos avermelhados. Qual foi o maior encontro de ruivos já registrado? Em setembro de 2013, mais de 1,6 mil pessoas se reuniram em Breda, na Holanda, para garantir a quebra do recorde mundial de maior encontro de ruivos do mundo. Tendo como "embaixador" Ronald McDonald, o tradicional personagem da rede de lanchonetes McDonald's, o evento foi certificado pelo Guinness Book, o livro dos recordes, com a presença de 1.672 ruivos. Mais de 5 mil pessoas participaram de encontros semelhantes em 80 países, mas foi em Breda que o recorde foi garantido. O recorde anterior era da mesma cidade, com 1.255 ruivos, no ano anterior. Em que região estão concentrados os ruivos? Comumente costuma-se dizer que a maior parte dos ruivos está na Europa. Mas isso só se confirma se falarmos proporcionalmente. Estimativas apontam que 13% dos habitantes da Escócia são ruivos. Na Irlanda, esse índice é de 10%, enquanto na Inglaterra o número é de 6%. A média europeia fica em 4% (ainda superior ao índice global). Nos Estados Unidos, 2% da população é ruiva.Contudo, em números absolutos, a ordem se inverte, colocando os norte-americanos na frente com cerca de 6 milhões de ruivos, seguidos de Inglaterra (cerca de 3 milhões), Escócia e Irlanda ambos com menos de um milhão. Ruivos estão mais propensos a ter câncer de pele? Infelizmente, o câncer de pele é mais comum em pessoas ruivas. Segundo o dermatologista, médico esteta e tricologista Paulo Zubaran, a menor quantidade de melanina (que faz com que a pele seja mais clara) cria uma proteção menos eficiente contra as radiações ultravioleta A e ultravioleta B. "Por essa razão, o uso do filtro solar é mandatório para pessoas com esse tipo de pele", adverte Zubaran. Mas o perigo não para por aí. Mesmo sem exposição ao sol ou a radiação ultravioleta, quem possui o gene que provoca mutação no MC1R está mais propenso a desenvolver melanoma, o mais grave dos tipos de câncer de pele. A conclusão é de um estudo publicado em outubro de 2012 na revista científica Nature, com base em experimentos feitos com ratos. A pesquisa apurou que os portadores do gene têm células menos estáveis e com maior tendência a se tornarem cancerígenas. Ruivos têm mais sensibilidade à dor? O gene do rutilismo também é associado a outros problemas de saúde, entre eles a sensibilidade à dor. De acordo com um estudo desenvolvido em 2004 pelo anestesiologista americano Daniel Sessler, da Universidade de Louisville, e sua equipe apontou que os ruivos são mais suscetíveis a sentir dor. Isso acontece possivelmente porque receptores MC1R (os mesmos da mutação que definem se alguém vai ser ruivo ou não) foram encontrados em áreas do cérebro conhecidas por influenciar a sensação de dor. Essa característica pode se manifestar inclusive naqueles que carregam o gene recessivo, embora ele não se manifeste. E os ruivos parecem saber disso: em outro estudo, publicado em 2009 pela Associação Dentária Americana, os cientistas mostram que os ruivos evitam ir ao dentista duas vezes mais do que pessoas com cabelo escuro. Ruivos apresentam maior resistência a anestesia? Na comparação com pessoas que não sofrem variação no gene MC1R, que determina a ocorrência do rutilismo, os ruivos são mais resistentes a anestesia. Tanto que um estudo desenvolvido em 2004 pelo anestesiologista americano Daniel Sessler e sua equipe, da Universidade de Louisville, apontou a necessidade de ministrar uma quantidade 19% maior de anestésico em pacientes ruivos. A justificativa é que o organismo dessas pessoas dá uma resposta menor quando submetido a substâncias como lidocaína e desflurano, comumente utilizadas para esse fim. Bruxos, feiticeiros ou o Anticristo? Durante a idade média, era comum que mulheres ruivas fossem condenadas às fogueiras da inquisição e queimadas ainda com vida. Isso porque elas eram consideradas bruxas ou feiticeiras, e a cor de fogo do cabelo era associada, desde os gregos e romanos, a uma característica de pessoas nada auspiciosas para se ter por perto, como um mau agouro. Na Inglaterra do século 15, a gordura extraída de um ruivo depois de morto era um importante e procurado ingrediente para venenos. Por fim, nessa época a Igreja também acreditava que o Satã se manifestava não apenas como o Anticristo, mas na pele de pessoas com o cabelo de cor avermelhada. Os ruivos estão desaparecendo? Para que os ruivos desaparecessem, seria necessário que todas as pessoas com essa características ainda vivas falecessem. Mas não só isso. O gene recessivo precisaria ser completamente extinto da face da Terra. Isso só seria possível caso todas essas pessoas também morressem, sem antes reproduzir com chances de gerar uma nova criança ruiva. Ou seja, ainda que eles representem entre 1% e 2% da população mundial (de 70 milhões a 140 milhões de pessoas), trata-se de algo improvável de acontecer. "Isso é mito. Uma teoria que se estabeleceu mas que não se comprova", frisa o dermatologista, médico esteta e tricologista Paulo Zubaran. Além disso, estudos sugerem que o homem de Neandertal, que existiu há milhares de anos, era ruivo - o que coloca em dúvida essa teoria, já que até hoje se vê pessoas de cabelo avermelhado por aí. Os ruivos não têm alma? A genética dos ruivos os torna mais propensos a problemas de saúde como câncer de pele, Mal de Parkinson e Síndrome de Tourette. Mas seria o próprio rutilismo uma doença? Em um episódio da 9ª temporada da série americana de desenho animado South Park, o personagem Eric apresenta um trabalho na escola sobre crianças ruivas, portadoras de uma doença que faz com que elas tenham o cabelo avermelhado, pele clara e sardas - o que significa também nojentas, repugnantes, amaldiçoadas e sem alma. "Crianças com 'ruivite' não podem ser curadas", dizia. Apesar de ser uma mutação, o rutilismo não é uma doença. O que é certo dizer é que os cabelos avermelhados podem parecer estranhos para uns, mas são admirados por muitos outros. mais especiais de educação