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Primeira música composta no espaço tem quase 50 anos

18 jan 2014 - 13h41
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Depois de assistir ao astronauta Chris Hadfield apresentando sua versão de Space Oddity diretamente da Estação Espacial Internacional, a Terra se prepara para mandar ao espaço Sarah Brightman e Lady Gaga. Em 2015, ano planejado para o lançamento das cantoras, serão 50 anos desde o primeiro registro de música produzida no espaço.

Nessa corrida espacial das artistas, Sarah Brightman saiu na frente. Em 2012, anunciou projeto de se tornar a primeira cantora profissional a gravar uma música no espaço. Para isso, comprou sua passagem de turista espacial com a empresa privada Space Adventures e reservou lugar para uma estada de até 10 dias na ISS. Neste ano, realizou treinamento obrigatório de cosmonauta em Moscou, na Rússia.

Astronauta faz cover de David Bowie no espaço e grava clipe:

"Eu não sabia o que esperar, mas foi muito mais do que eu podia imaginar. Mas eu meio que já estava treinada para isso após tantos anos de turnês, em termos de desconforto, de não saber o que esperar, de criar algo a partir do nada", escreveu Sarah após o período de treinamento, em seu site oficial. 

Em novembro, foi a vez de Lady Gaga entrar na história. A cantora anunciou o que seria o primeiro show de uma cantora profissional no espaço. Ela não deseja apenas gravar uma canção, mas transmiti-la para um novo festival de música dos EUA, o Zero G Colony. A diferença é que o voo de Lady Gaga, a bordo de uma espaçonave da Virgin Galactic, será suborbital, a uma altitude pouco superior a 100 quilômetros do nível do mar. Em comparação, a ISS orbita a Terra a aproximadamente 350 quilômetros de altitude.

Música fora da Terra

As cantoras darão continuidade a uma longa tradição. Essa ligação da Terra com o espaço através da música teve seu primeiro registro em dezembro de 1965. Na ocasião, os astronautas Walter M. Schirra Jr. e Thomas P. Stafford levaram sinos e uma harmônica para a Gemini 6 - sem avisar o comando. No fim da missão, antes de retornar à atmosfera terrestre, anunciaram por rádio: "Temos um objeto... Parece um satélite de norte a sul, provavelmente em órbita polar... Eu vejo um módulo de comando e oito módulos menores na frente. O piloto do módulo de comando está vestindo uma roupa vermelha”. Após o anúncio jocoso, principiaram uma execução rudimentar de Jingle Bells.

Desde então, a música fez parte de diversas missões. Logo no começo, passou a embalar as “chamadas para despertar” das Apollo. Depois serviu de amostra da civilização nos discos de ouro que viajam pelo espaço com as sondas Voyager. Mais tarde ainda, chegou à Marte, através dos alto-falantes da Curiosity, como lançamento oficial de uma canção do líder do Black Eyed Peas, will.i.am, chamada “Reach for the stars”. 

Estações espaciais

A produção de música longe da Terra se intensificou partir das estações espaciais, palcos mais espaçosos e duradouros para as pretensões artísticas de cosmonautas e astronautas. Na estação russa Mir, na década de 1980, Yuri Romanenko compôs 25  músicas, algumas das quais gravou mais tarde, já de volta à Terra. Ao longo de sua história, de 1986 a 2001, a estação abrigou diversos instrumentos musicais e até um dueto peculiar entre o canadense Chris Hadfield e o alemão Thomas Reiter, que contou com músicas dos Beatles e canções folk da Rússia.

Anos depois, a Estação Espacial Internacional, que voa a 27.700 km/h com altitude aproximada de 350 quilômetros, também recebeu shows de astronautas de diferentes nacionalidades. Teclado, violão, guitarra, flauta e saxofone são alguns dos instrumentos já levados para a ISS. Segundo a Nasa, o som não se altera no espaço - desde que o músico se adapte ao ambiente de microgravidade, com o qual os instrumentos flutuam e podem se movimentar de maneira não calculada em ensaios na Terra.

Para o embarque de qualquer um desses instrumentos, verificações de segurança são necessárias. Antes de chegar à ISS em 2001, onde passaria quase 200 dias distante da Terra, o astronauta Carl Walz foi questionado a respeito do que gostaria de levar consigo. "Um teclado seria legal", respondeu. Para sua sorte, após análise minuciosa, o pedido foi aprovado. Conforme a Nasa, a preocupação com o teclado é pela possibilidade de radiação eletromagnética. No caso de um violão, por exemplo, a madeira, inflamável, é que causa consternação entre os técnicos de segurança.

Após sua experiência musical na Mir, o canadense Chris Hadfield voltou à carga na ISS. Antes de retornar à Terra em maio, o astronauta gravou uma versão especial da música Space Oddity, de David Bowie. Com imagens captadas a bordo, o vídeo começa com o canadense de violão em punho cantando: "Ground control to Major Tom, lock your Soyuz hatch and put your helmet on" (Controle de solo para Major Tom: bloqueie a escotilha da Soyuz e coloque seu capacete", em português). No YouTube, o clipe da canção de 1969 somou 20 milhões de visualizações e rendeu grande fama ao astronauta, que já se apresentou em diversos palcos terrenos desde seu retorno ao planeta.

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