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Você sabia? Emoji nasceu de tragédia e enriqueceu fundador

5 out 2015 - 13h20
(atualizado às 14h28)
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Durante sua longa recuperação, empreendedor "teve uma luz" ao ler um artigo sobre aplicativos
Durante sua longa recuperação, empreendedor "teve uma luz" ao ler um artigo sobre aplicativos
Foto: Divulgação/BBC Brasil

"Eu não sou uma pessoa de tecnologia."

Isso não é exatamente o que você espera ouvir de um milionário do mundo da tecnologia.

É ainda mais estranho quando você percebe que a pessoa dizendo isso, Chad Mureta, é um milionário da tecnologia típico.

Mureta construiu sua fortuna fazendo apps. Suas invenções incluem o Emoji (que ajuda usuários a mandar mensagens com uma grande variedade de imagens) e o Fingerprint Scanner Pro, um aplicativo de segurança que já foi baixado mais de 50 milhões de vezes.

Sua empresa, a App Empire, tem uma receita anual entre US$ 3 milhões e US$ 5 milhões.

Mas, em outros quesitos, ele não é mesmo um empreendedor de tecnologia típico: precisou estar perto da morte para encontrar seu caminho.

Em 2009, depois de um jogo de basquete, ele dirigia seu carro de volta para casa. As coisas não estavam dando certo: ele vendia coisas no eBay, também negociava ações e dirigia uma boate. Ele também trabalhava como corretor. E estava profundamente infeliz, sem saber o que fazer com a sua vida.

Na estrada, um cervo cruzou seu caminho. Ele desviou seu carro do animal e acabou se chocando contra um muro. O veículo capotou quatro vezes antes de parar.

O braço esquerdo de Chad ficou em pedaços. No hospital, os médicos quase o amputaram.

Suicida

Passou seis meses em um hospital e outros seis meses em processo de reabilitação, com uma dívida hospitalar de nada menos do que US$ 100 mil.

"Eu estava no fundo do poço. Muito deprimido, não conseguia dormir, tomava toneladas de remédio – e, na verdade, estava em estado suicida. Sentia tanta dor que achava que não podia mais continuar."

Empresário criou o Emoji e um app de segurança, entre outros aplicativos
Empresário criou o Emoji e um app de segurança, entre outros aplicativos
Foto: Divulgação/BBC Brasil

O que aconteceu em seguida foi algo que roteiristas de Hollywood sofreriam para fazer parecer crível. Mas Chad jura que é verdade.

Uma das únicas coisas que sobreviveram relativamente intacta de seu acidente foi seu smartphone, que era novinho à época e continuou ligado, com 12% de bateria.

Na cama do hospital, ele viu os médicos mexendo em seu celular e ficou pensando em como seria bom se houvesse uma maneira de aumentar a segurança do aparelho.

Mas ele ainda estava sob forte medicação, e a ideia escapou de sua mente.

Algum tempo depois, um amigo que o visitava lhe entregou uma reportagem de revista sobre apps. Era o início da era da invenção de aplicativos, quando programadores estavam mudando o mundo da sala de suas casas.

"Eu tive um daqueles momentos em que a ficha cai e você pensa ‘meu Deus, eu vou fazer isso’", conta Chad. "Eu estava lá, preso a tubos de soro e morfina, quando eu me dei conta de que podia ver um futuro – e pude enxergar um destino diferente para mim."

"Nunca vou esquecer da emoção daquele momento. Não consigo descrevê-la em palavras. Foi um momento revelador: aqui está a resposta, e você será um bobo se não se focar nela."

É claro que a prática foi mais difícil do que a teoria. Na época, ainda não havia tantos recursos para a criação de aplicativos, e Chad não sabia programar.

Tempo

Chad mudou sua vida após uma epifania
Chad mudou sua vida após uma epifania
Foto: Divulgação/BBC Brasil

Mas ele tinha uma commodity preciosa enquanto se recuperava: tempo.

"Eu sentava e ia olhando todos os apps. Me perguntava o porquê de um cliente ter gostado daquele aplicativo. Isso me deu uma vantagem competitiva para fazer com que tudo saísse do papel."

Além disso, um dos médicos tinha um primo na Índia que estava entrando no ramo de desenvolvimento de aplicativos. Chad então arriscou, tomou emprestado US$ 1.800 de seu padrasto e apostou em sua ideia.

Dois meses depois, o Fingerprint Security Pro estava na loja de aplicativos.

O app não oferece nenhuma segurança real – é só um dispositivo que finge ler a impressão digital para acessar o celular e negar acesso ao telefone, com um botão no topo superior. Os usuários amaram. No primeiro mês, o app rendeu US$ 12 mil. E Chad havia encontrado seu caminho.

Nesses três anos após o acidente, Chad, que agora tem 34 anos, criou e vendeu três empresas de aplicativos, comercializando mais de 50 apps.

A App Empire, sua empresa atual, dá lucro ao ensinar outros a criar e desenvolver seus próprios apps.

Uma das razões pelas quais a empresa tem sido tão bem-sucedida, Chad explica, é porque ele só faz o que ele é realmente bom, delegando o restante para sua equipe.

Chad passou seis meses em uma cama de hospital e outros seis meses em processo de reabilitação
Chad passou seis meses em uma cama de hospital e outros seis meses em processo de reabilitação
Foto: Divulgação/BBC Brasil

Ele confia em uma equipe de freelancers e em um pequeno grupo de funcionários fixos.

Chad diz que ele mesmo não é muito "mão na massa".

"Eu trabalho uma ou duas horas por dia no App Empire. Só me certifico de que as coisas estão se encaminhando tranquilamente."

É por isso que Chad diz que ele não é um cara típico do mundo da tecnologia. Ele não sabe programar. Mas ele sabe lançar um app de sucesso.

Para ele, não é um problema falar de detalhes do acidente traumático que sofreu. Isso porque ele percebeu que sua recuperação inspira outras pessoas em situações similares.

E apesar de seu braço nunca mais voltar a ser funcional como antes, Chad manteve-o. "Eu tenho titânio até o ombro. Foi uma cirurgia inacreditável. Eu ainda consigo sentir meu braço e consigo usá-lo. A maioria das pessoas nem suspeita – a não ser quando veem essa cicatriz imensa que parece um urso aqui!"

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