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Unicamp pede reintegração de prédio ocupado; alunos fazem greve

Alunos dizem que só retornarão às atividades normais após a reitoria retirar a Polícia Militar do campus da universidade

4 out 2013 - 11h36
(atualizado às 16h02)
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Cerca de 100 estudantes passaram a noite nas dependências da reitoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) após a invasão na noite de quinta-feira. Para entrar no prédio, por volta das 20h, eles forçaram uma porta lateral e quebraram algumas vidraças. Nesta manhã, a instituição informou que já entrou com pedido de reintegração de posse do local.

A ocupação é uma forma de protesto pela decisão da universidade de acionar a Polícia Militar para atuar dentro do campus após a morte do estudante de automação Denis Casagrande, 21 anos, no dia 21 de setembro. O universitário não resistiu a uma facada no peito, seguida de espancamento, durante uma festa não autorizada pela instituição. Cinco pessoas são suspeitas de provocar a morte.

Um aluno com o rosto coberto disse ao Terra nesta manhã que os estudantes iniciaram uma greve e só retornarão às atividades após a administração da Unicamp retirar a PM do campus.  Os manifestantes fecharam com papéis e jornais as vidraças da reitoria. Eles estão com os  rostos cobertos e fazem xingamentos à imprensa e ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Um funcionário, autorizado a entrar para buscar duas caixas de remédio em sua mesa de trabalho, disse que o local está revirado e que paredes foram pichadas com a inscrição "Fora PM". "Eles tiraram móveis do lugar e improvisaram camas", contou.

Servidores aguardam do lado de fora e não há presença da Polícia Militar, somente de vigilantes. Em uma janela com o vidro totalmente quebrado foi colocado uma porta e um armário. É possível ver papeis jogados no chão e computadores ligados.

O diretor do sindicato dos Trabalhadores da Unicamp Antonio Alves Neto disse que os funcionários apoiam o protesto dos estudantes . "Por segurança, a universidade poderia realizar concurso público. Não é necessário a presença da Polícia Militar. Isso vai gerar muito conflito aqui dentro", falou.

Em nota emitida pela Unicamp, a instituição disse que entrou com pedido de reintegração de posse e lamentou a invasão ao prédio, classificada como um ato injustificável. A universidade afirmou que o grupo invasor não representa a comunidade estudantil já que na noite de quinta-feira uma assembleia reuniu 400 do universo de cerca de 30 mil alunos. A Unicamp disse ainda que a chamada da Polícia Militar será discutida com a comunidade.

Confira, na íntegra, a nota da Unicamp:

"A Unicamp vem a público informar sobre os lamentáveis fatos que resultaram na invasão do prédio da reitoria, na noite desta quinta-feira (03), com depredação do patrimônio público.

Esta invasão, sem prévia apresentação de uma pauta de demandas por parte dos invasores, é injustificável sob qualquer ponto de vista.  Os invasores não representam a comunidade estudantil, que é pacífica e dialoga permanentemente com a administração, administração esta que frequentemente vem recebendo e conversando com as entidades e grupos representativos na instituição.

Sobre a presença da Polícia Militar na Universidade, a administração já informou publicamente que discutirá um plano de segurança para todos os campi da Unicamp.  A reitoria constituiu um grupo de trabalho para elaborar, com máxima urgência, um pré-plano de segurança a ser apresentado e discutido com toda a comunidade. Após esta discussão, o plano será submetido à aprovação do Conselho Universitário, órgão máximo de deliberação na Universidade.

A presença da Polícia Militar nos campi da Universidade diz respeito a um problema de segurança pública e não a uma tentativa de intimidação ou cerceamento das atividades relacionadas ao contexto acadêmico.  Tanto é assim, que na noite de quinta-feira (03) ocorreu uma assembleia de estudantes, que reuniu 400 dos cerca de 30 mil alunos do campus em Campinas, sem qualquer tipo de interferência.

Portanto, não há razões objetivas para essa invasão. Menos ainda para a truculência com a qual esse ato foi cometido contra uma instituição universitária aberta ao diálogo. 

Por essa razão, a Unicamp ingressou na Justiça com pedido de reintegração de posse, medida que se justifica pela ausência de diálogo por parte dos invasores.

Importante ressaltar que, apesar do ocorrido, todas as atividades da Unicamp prosseguem dentro da normalidade".

Fonte: Especial para Terra
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