A Marcha dos Cem Mil (1968) Enorme multidão que se manifestou na Candelária, cidade do Rio de Janeiro, em 29 de junho de 1968, contra a repressão crescente do Regime Militar. A partir da morte do estudante Edson Luís, ocorrida em março de 1968, os levantes estudantis se sucederam pelo País afora. Entre os participantes da Marcha dos Cem Mil estavam as mais belas e atuantes atrizes do teatro e cinema daquela época (Eva Vilma, Tônia Carrero, Leila Diniz, Ítala Nandi, Norma Bengel, etc). Personalidades do mundo artístico e cultural tais como Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Paulo Autran e Chico Anísio, protestavam contra a censura e marchavam em solidariedade com a resistência dos jovens à ditadura. A liderança da manifestação foi encabeça pelos estudantes liderados por Vladimir Palmeira, presidente da UME (União Metropolitana de Estudantes) que depois foi preso e conseguiu exilar-se no exterior. A Marcha dos Cem Mil foi a última presença das massas nas ruas até a erupção do Movimento pelas Diretas Já, em 1983. Movimento Passe Livre – Página 2 Os ativistas mostram-se hostis aos partidos existentes e à classe política como um todo. Esta se ficou estarrecida e paralisada devido à dimensão do protesto. Diferente das demais marchas, a presença do lumpesinato urbano é grande, o que explica a intensidade dos atos de vandalismo. O caráter ideologicamente anárquico esta claro no ataque às instituições governamentais (prefeituras, sedes de governo, assembleias legislativas e câmaras de vereadores, bem como o Congresso Nacional). Desta feita, não é a Direita o alvo das desconformidades populares e sim a Esquerda, a Centro Esquerda e os Liberais. Até metade de junho, estima-se que mais de 300 mil foram às ruas. Nota: O Movimento Passe Livre, ao contrário dos anteriores acima elencados, não tem uma liderança definitiva, nem um partido que o hegemonize. É não só apartidário como demonstra aversão à politica tradicional. Os estudantes universitários liderados por Vladimir Palmeira foram a vanguarda da Marcha dos Cem mil no Rio de Janeiro (1968), nas Diretas Já (1983-4) os protestos foram empalmados pelos caciques do PMDB, Ulisses Guimarães. Tancredo Neves e Teotônio Villela. No Movimento dos caras-pintadas, por seu lado, sobressaiu-se o jovem Lindemberg Farias (hoje senador pelo PT e investigado pela Operação Lava Jato), ao qual seguiram os principais líderes políticos da época. Nada disto se faz presente no ‘Passe Livre’. As influências externas igualmente pesaram. Por exemplo, é obvio que o Movimento de Maio de 1968, eclodido em Paris, inspirou a Marcha dos Cem Mil no Rio de Janeiro. As Diretas Já foram reflexo das manifestações do Leste Europeu (Polônia, Alemanha Oriental, Tchecoslováquia), e, o atual Movimento Passe Livre, sofreu influência da Primavera Árabe e das recentes manifestações da Praça Tirkim, que ainda estão ocorrendo em Istambul, na Turquia, contra o governo do primeiro-ministro Erdogan. Textos novos Comício da Central Em resposta às críticas contra sua política populista, o presidente João Goulart realizou o Comício da Central em 13 de março de 1964. Com a presença de 150 mil pessoas protegidas por tropas do exército, Jango decretou a desapropriação de terras, estatização das refinarias de petróleo e clamou por uma nova Constituição. O presidente estava acompanhado do então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, e de sua exuberante esposa, Maria Teresa, e defendeu o “desenvolvimento do País com justiça social”. “Nenhuma força será capaz de impedir que o governo continue a assegurar absoluta liberdade ao povo brasileiro. E para isto podemos declarar, com orgulho, que contamos com a compreensão e o patriotismo das bravas e gloriosas Forças Armadas”, disse o presidente. Em 31 de março daquele mesmo ano, os militares voltaram-se contra Jango. Marcha da Família Um dos principais eventos que acabou ajudando a derrubar o presidente João Goulart e instaurar a ditadura militar foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Ela começou às 14h do dia 19 de março de 1964 na cidade de São Paulo e teve a presença de quase 500 mil pessoas na Praça da Sé, centro da cidade. Além do governo de Jango, outros alvos dos discursos durante a marcha foram: a ameaça comunista, o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, e o presidente de Cuba, Fidel Castro. Toda vez que os seus nomes eram citados pelos palestrantes, a plateia, composta em sua maioria pela elite paulistana, vaiava. Dentre os políticos da UDN, PSP e PRP que estavam presentes destacam-se Plínio Salgado, Auro de Mouro Andrade e Carlos Lacerda, além da apresentadora Hebe Camargo. Marcha da Vitória Um dia após o golpe de estado e a garantia que o Rio Grande do Sul, a principal força militar do Brasil à época e fiel ao governador Leonel Brizola não dariam o contragolpe, o governo golpista organizou a última Marcha da Família com Deus Pela Liberdade para comemorar o coup d’etat. Ela recebeu o nome de Marcha da Vitória. Mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas do Rio de Janeiro no evento que teve patrocínio do governador da Guanabara, Carlos Lacerda, do governador de Minas Gerais, Magalhaes Pinto e do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais. O evento ainda teve o desfile dos ”heróis“ do golpe, como o marechal Eurico Gaspar Dutra e dos generais Augusto Magessi e Mourão Filho. Greve de 1979 O movimento que começou na Scania um ano antes acabou culminando em uma grande paralisação em todo o País. Capitaneados pelo então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Inácio da Silva (ele ainda não adotará o apelido “Lula” ao seu nome), os trabalhadores reivindicavam melhores salários e condições de trabalho. Cerca de 160 mil pessoas participaram da greve do ABC e 50 mil foram às ruas de São Bernardo do Campo para apoiar Lula no dia 13 de março de 1964. Os professores de São Paulo e do Rio de Janeiro também aderiram à greve. Como fundo de cena, o presidente Ernesto Geisel preparava sua saída do governo para a entrada de João Baptista Figueiredo. 1º de Maio de 1979 Em todo o Brasil, os trabalhadores, ainda em greve participaram das manifestações em comemoração ao Dia do Trabalhador. Em São Bernardo do Campo, ABC Paulista, o Luiz Inácio Lula da Silva discursou para 100 mil metalúrgicos no Estádio Distrital Costa e Silva, além de participar de uma missa campal no paço municipal. Na época, Lula disse que: “o operário brasileiro não aceita mais servir de instrumento a quem quer que seja, como aconteceu até agora”. Durante o evento, os trabalhadores levantaram placas como “Abaixo a Vida Dura” e cantaram canções de Geraldo Vandré, Chico Buarque de Hollanda e Milton Nascimento. Vinicius de Morais leu um poema dedicado para os trabalhadores na missa campal. No mesmo dia, as comemorações do Rio de Janeiro teriam uma tentativa fracassada de atentado à bomba no evento dos trabalhadores no Riocentro, elaborado por dois militares dos setores ligados à linha dura do regime militar. mais especiais de notícias